No ano de 2005 morreram nas estradas portuguesas 1.093 pessoas. 1.093 vidas humanas que deixaram de viver e que causaram mágoa em outros milhares de pessoas que têm de continuar a viver sem a presença daqueles que ficaram sem vida na estrada.
Que interessa que o número de mortos tenha diminuido em relação a 2004? Que interessa que o número de feridos tenha também decrescido? Será isso algo de que nos possamos orgulhar? Ou será que isso não diminui a nossa vergonha? A vergonha de vivermos num país em que as estradas estão inundadas de monstros, monstros sem qualquer respeito pela vida alheia, monstros que acham mais importante "puxar pelo carro" do que preocuparem-se com o bebé que vai consigo no banco traseiro, monstros que se acham na arrogância de não cumprir as regras de trânsito só porque têm o último modelo do carro XPTO...
Desculpem-me todos aqueles que quando ligam a ignição do seu carro ainda pensam nos seus companheiros seres humanos que partilham a estrada com eles. Mas quando chegamos ao trabalho no primeiro dia útil do ano e a primeira notícia que nos dão é que um colega nosso está de luto porque o seu único sobrinho de 6 anos morreu num acidente só porque o outro carro não respeitou um stop, como é que conseguimos aplacar a raiva que toma conta de nós e nos leva a pensar que destino dar a esse desgraçado que não quis saber dos outros? Talvez o melhor seja mesmo chorar pelas 1.093 pessoas que podiam ter celebrado connosco a passagem de ano...
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