quarta-feira, maio 31, 2006

Elegia

Vejo avenidas largas, infindáveis, ladeadas por prédios e mais prédios, tão altos que tocam nas nuvens. Filas de carros e pessoas serpenteiam pelo meio destes desfiladeiros urbanos. Lado a lado, máquinas e seres humanos, todos a tentar chegar a algum lado. Não se apercebendo da pequenez dos seus actos. Sempre a contra-relógio, sempre com o objectivo de saltar do meio do "oceano" que os rodeia. Sempre a sonhar em algo de maior para as suas vidas.

Sou "acordado" pela buzina de um táxi que passa a poucos milímetros de mim, desafiando todo e qualquer suposto limite de velocidade. Atravesso a estrada e percorro os olhos pela loja de conveniência onde se vende de tudo, do rolo de papel higiénico até ao mais piroso dos bonés de baseball. Os meus olhos cruzam-se com os do balconista, que me olha através do vidro. Enquanto me afasto, a sua expressão parece dizer que "sim, aqui vendemos mesmo de tudo, menos aquilo que tu precisas".

Bebo um copo de algo que é publicitado como café. Sabe-me a chocolate. As minhas narinas são bafejadas pelo cheiro de um cachorro-quente que acaba de ser vendido num carrinho à beira da estrada. Ou será que o cheiro vem da "loja" de hamburgueres pela qual acabo de passar?

Preciso de fugir. Preciso de ver o mar, mas aqui não há mar. Preciso de um substituto. O rio serve. Entro para o metro. Má ideia. É hora de ponta, mas também aqui é sempre hora de ponta. Que se lixe. Preciso de ir para um espaço aberto. O metro só demora vinte minutos, preciso de aguentar. Tantas pessoas, tantas nacionalidades, tantas línguas. Excusez-moi. Sorry, I need to sit down. Pero, qué ustéd está hablando? Siete pazzo! Scheisse! Arigato gozaimase. Das vidania...

O rio está revolto. Será que também ele sente a proximidade dos prédios? Ou sentirá a urgência, a tentação de invadir com as suas águas todos aqueles vales de betão que deixei momentaneamente para trás? Sinto a ansiedade a crescer dentro de mim. Preciso de um cigarro. Aqui não há problema, não há os olhares acusadores dos colegas. Não há sinais proibitivos. Acendo o cigarro. Está frio. Aperto o casaco e dou mais uma baforada no cigarro. Um casal de joggers passa a correr por mim e sinto-os a olharem-me, com olhos acusadores de gente que não tem vícios.

No banco ao lado senta-se um homem com uma caixa. Da caixa tira um saxofone. Do saxofone tira uma melodia longa e melancólica. O rio acalma-se, eu também. Não pertenço a esta cidade e esta cidade não me pertence. E, no entanto, não sinto falta de nada. Estou numa ilha deserta e não trouxe nada comigo. Estarei em casa?

terça-feira, maio 30, 2006

Sondagem Cinzenta - V

A questão "emprego" tem ocupado muitas linhas e imagens deste blogue, especialmente nos últimos tempos. É algo que me deixa bastas vezes cheio de dúvidas e revolta pela maneira como os processos são conduzidos, seja uma avaliação de desempenho, uma estrutura hierárquica que não funciona, promoções que não se verificam quando os intervenientes merecem, promoções que se verificam quando os intervenientes são asnos, ambientes de trabalho completamente "minados" ou uma produtividade naturalmente quase nula. Vejam, se quiserem, esta questão como a minha própria Quinta Dimensão (bom, não será só minha, há mais des-crentes aqui e aqui).
Assim, não será difícil de constatar que a única resposta que eu Não poderia dar neste inquérito cinzento era "Motivador", pois é a única resposta na qual não consigo encontrar um sinónimo negativo. Para ser sincero, não me consigo recordar qual foi a resposta que eu próprio dei, mas todas as alternativas, com a exclusão da que já mencionei, serviriam perfeitamente para descrever o meu emprego. Sim, tem momentos de alguma monotonia, sim é um desafio (para o bem e para o mal), sim tem momentos (vários) de stress (normalmente induzidos por superiores que não sabem bem o que andam a fazer), sim, é por vezes desinteressante no sentido em que não somos reconhecidos pelo nosso profissionalismo mas sim por critérios tão objectivos como "ter mau-feitio ou ser sempre do contra", e sim é único no sentido em que agrega tantas e tantas características de tantos e tantos estratos sociais, culturais e económicos.

Enfim, estou a terminar este inquérito (obrigado pela vossa participação!) e a pôr de lado, pelo menos por uns tempos, a temática "trabalho". Deixo aí uma nova sondagem para iniciar a silly season (quanto mais cedo, melhor) e comprovar o vosso espírito patriótico (ou não...).

Devo ter percebido mal...

"O primeiro partido declaradamente pedófilo foi criado hoje na Holanda, o NVD (Amor ao próximo, Liberdade e Diversidade), o qual tem como objectivo permitir a pornografia infantil e as relações sexuais entre adultos e crianças."

(Ver notícia completa in Diário Digital)

Eu diria que alguém andou a abusar de algo...


(Foto tirada do site Marijuana.com)

quinta-feira, maio 25, 2006

The Dog Of The Marriage

"Lesbian fights are the worst, Carolee said - nobody ever walks out and slams the door because they're both women and want to talk about their feelings".

quarta-feira, maio 24, 2006

O espelho da humanidade

"Os governos, colectiva e individualmente, paralisaram as instituições internacionais e dispersaram os recursos públicos na prossecução de interesses securitários tacanhos; sacrificaram princípios em nome da "guerra ao terrorismo" e fecharam os olhos a violações massiças de direitos humanos. O mundo pagou um elevado preço, em termos da erosão de princípios fundamentais, resultando em grandes danos para as vidas e quotidianos das pessoas comuns" disse Irene Khan.

"Atenção intermitente e acção débil da parte do Reino Unido fez com que a União Africana se sentisse pateticamente inábil para o que era preciso fazer no Darfur" disse Khan, referindo-se a um conflito que reclamou milhares de vidas, fez milhões de refugiados, e onde crimes de guerra e crimes contra a humanidade continuam a ser cometidos por todas as partes envolvidas.

O Iraque afundou-se numa espiral de violência sectária em 2005. Irene Khan avisa: "Quando os poderosos são demasiado arrogantes para rever e restruturar as suas estratégias, o preço mais alto é pago pelos pobres e impotentes - neste caso, mulheres, homens e crianças do Iraque."

Israel e os Territórios Ocupados desapareceram da agenda internacional em 2005, aumentando a agonia e o desespero dos palestinianos e os medos da população israelita.

A brutalidade e a intensidade dos ataques de grupos armados em 2005 atingiram novos níveis, cobrando um preço caro em vidas humanas.

Ler tudo aqui.

segunda-feira, maio 22, 2006

Há dúvidas?

Para quem ainda tinha dúvidas de que o homem é, de facto, um enviado de Deus, aqui fica a prova inequívoca da aura que o persegue, a ele, e que nos dá pesadelos a nós. Só para relembrar o que este homem nos deu: um logro eleitoral num país que, quer queiramos quer não, conduz a política mundial; um ataque aos direitos individuais dos norte-americanos com a promulgação da Patriot Act; um infindável número de mortos em países já de si martirizados; prisões ilegais com actos de tortura ilegais; uma grande contribuição para a quebra contínua de recordes no preço do petróleo; uma clara união Estado-religião, com a natural alienação de todos os outros credos e convicções... Enfim, podia estar aqui um post enorme, mas a minha intenção era apenas que comprovassem a santidade do homem. Salve, aleluia, salve!

(Foto da News.Scotsman.com)

Mais leitura:
Bush's faith worries Albright - CNN
Neoplatonismo e a nova ordem mundial - Blue Notes

And Now For Something Completely Different...

"There are Jews in the world, there are Buddhists,
there are Hindus and Mormons and then
there are those that follow Mohammed -but-
I've never been one of them.
I am a Roman Catholic
and have been since before I was born,
and the one thing they say about Catholics is
they'll take you as soon as you're warm.
You don't have to be a six-footer.
You don't have to have a great brain.
You don't have to have any clothes on, you're
a Catholic the moment dad came
...Because...
Every sperm is sacred,
every sperm is great,
If a sperm is wasted,
God gets quite irate. (2x)
Let the heathens spill theirs,
on the dusty ground.
God shall make them pay for
each sperm that can't be found.
Every sperm is wanted,
every sperm is good.
Every sperm is needed,
in your neighborhood.
Hindu, Taoist, Mormon,
spill theirs just anywhere
but God loves those who treat their
semen with more care.
(misc choruses)
Every sperm is useful,
every sperm is fine.
God needs everybodies,
mine, and mine, and mine.
Let the pagans spill theirs
on mountain hill and plain.
God shall strike them down for
each sperm that's spilled in vain."

(Tirado daqui)

domingo, maio 21, 2006

Sábado

Ainda se sente a tua ausência. Quando entramos na casa, desviamos o olhar para onde te vimos pela última vez, na esperança de reavivarmos as memórias que temos de ti. Já passou quase um ano que não te temos junto de nós mas os olhos ainda ficam tristes quando não te vemos onde sempre te encontrámos. Falta-nos a tua alegria, o teu sorriso, a tua forma de ser que sempre nos fazia voltar. Sentimos que há uma parte de nós que foi contigo também, uma parte da nossa inocência e do nosso sentimento de mortalidade. Continuamos a nossa vida, como tu o desejarias, e continuamos a reunirmo-nos como o fazíamos contigo. Celebramos as nossas pequenas festas e aniversários e recordamos-te nos nossos risos e amor uns pelos outros. Tentamos esconder as nossas saudades por ti mas há sempre uma lágrima que nos denuncia e, ao mesmo tempo, te recorda. A dor não desaparece dos nossos corações mas quando nos juntamos, juntamo-nos para celebrar a tua vida e todos os momentos em que tocaste a nossa. Quero que saibas que, onde quer que a tua alma se encontre, nós nunca te esqueceremos nem ao amor que tinhas por nós. Temos saudades tuas. Sentimos a tua falta.

quinta-feira, maio 18, 2006

A minha versão da Cow Parade

Esta vem a propósito de uma jantarada com colegas de trabalho, onde também esteve presente uma certa senhora que deu azo a muitos comentários no post anterior. Uma das sobremesas fez-nos rir muito, por causa das semelhanças. Apresento-vos, assim, a Vacky.

domingo, maio 14, 2006

Casamento 2.0

... é comer rissóis e pastéis de bacalhau às dez da manhã.

... é parar em fila indiana na berma de uma auto-estrada.

... é esperar à porta da igreja porque ainda há outro casamento a decorrer.

... é constatar que apenas 1% dos convidados alguma vez foi à missa.

... é entupir os ouvidos dos noivos com arroz e pétalas.

... é para outra vez em fila indiana na berma de outra auto-estrada.

... é aviar cinco gins tónicos antes da boda.

... é respirar de alívio porque não ficámos na mesma mesa que aquele parente chato que não vemos há quase seis anos.

... é bater com os talheres nos pratos de cinco em cinco minutos e ver os noivos a ficarem fartos de se beijarem.

... é tornar-se “amigo” do empregado de mesa e receber uma garrafa de vinho na mesa, de dez em dez minutos.

... é ficar quase cheio de comida, quando ainda falta a mesa dos queijos, dos enchidos, da fruta, das sobremesas, etc etc.

... é nunca haver um café de jeito na boda.

... é haver sempre um DJ/cantor que tem a mania que até diz umas piadas jeitosas.

... é haver sempre música de jeito no baile (ok, esta é irónica).

... é torrar dinheiro e mais dinheiro na liga da noiva, que acaba por ficar sempre para os pais dela.

... é acabar de beber mais um whisky velho, quando já se bebeu gin tónico, martini, vinho tinto, vinho branco, vinho verde, sangria, etc etc.

... é dançar com a noiva, primas, tias, tios com os copos e ser pisado por todos eles.

... é já não conseguir trincar nem um bocadinho do bolo de noiva.

... é acabar a noite a pedir uma(s) água(s) com gás.

... é esperar que os noivos sejam muito felizes e que não tornemos a ver alguns parentes nos próximos tempos.

 

Casamento

substantivo masculino


1.
acto ou efeito de casar;

2.
contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família em conjunto; matrimónio;

3.
cerimónia que celebra o estabelecimento desse contrato; núpcias;

4.
situação que resulta do acto de casar;

5.
estado de casado;

6.
figurado enlace; união;

7.
figurado combinação;

(De casar+-mento)


© Copyright 2003-2006, Porto Editora.

sexta-feira, maio 12, 2006

Lá de Cima - X

Torre Eiffel, Paris, França

Ondas Sonoras - XIV

"Bob Marley morreu há 25 anos

Esta quinta-feira completam-se 25 anos da morte do cantor e compositor jamaicano Bob Marley, falecido a 11 de Maio de 1981, com 36 anos, vítima de cancro."
(in Disco Digital)

Com um atraso de um dia, mas vale sempre a pena recordar o homem que, no mundo da música, mais representa um ideal de amor e paz que deveria "contaminar" mais e mais seres humanos. Bob Marley conseguia com a sua voz e uma guitarra acústica (como em Redemption Song) "vingar" todos aqueles que já alguma vez se sentiram injustiçados e sem esperança. Dar-lhes conforto e fazer-lhes saber que o dia de amanhã pode ser bem melhor. Amigo Bob, que Jah esteja contigo!

"Old pirates yes they rob I
Sold I to the merchant ships
Minutes after they took I from the
Bottom less pit
But my hand was made strong
By the hand of the almighty
We forward in this generation triumphantly
All I ever had is songs of freedom
Won't you help to sing these songs of freedom
Cause all I ever had redemption songs, redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy
Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look
Some say it's just a part of it
We've got to fulfill the book

Won't you help to sing, these songs of freedom
Cause all I ever had, redemption songs, redemption songs, redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy
Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look
Yes some say it's just part of it
We've got to fulfill the book

Won't you help to sing, these songs of freedom
Cause all I ever had, redemption songs
All I ever had, redemption songs
These songs of freedom, songs of freedom"

Mais um ponto para o capitalismo...

"O negócio dos centros comerciais foi o único a contribuir positivamente para o EBITDA (cash flow operacional) da Sonae SGPS no primeiro trimestre deste ano, o que levou a que este indicador tenha apurado uma descida consolidada de 3,2% face ao período homólogo anterior numa base comparável."
(in Diário de Notícias)

Imagino que isto explique (ou não) o dia de merda que eu tive... Hip Hip Hurra!

terça-feira, maio 09, 2006

Pára! Escuta! Olha! Faz!

"As mulheres têm motivos para uma boa relação com Jesus. Ele, durante a vida, com escândalo de muitos, teve para com elas uma atitude e comportamento de muita simpatia e ternura. Se a Igreja histórica nem sempre lhe seguiu o exemplo, havendo mesmo um forte contencioso das mulheres com a Igreja oficial, isso deve-se a muitas razões, como heresias que desprezavam o corpo, o sexo e o feminino, questões ligadas ao poder e ao machismo."
(Anselmo Borges, in Diário de Notícias)

"Judas Iscariotes sempre foi visto no mundo cristão como um traidor. Mas, agora, a tradução e análise de um manuscrito com mais de 1700 anos ameaça tornar o mau da fita no discípulo preferido de Jesus Cristo. As revelações foram feitas ontem pela National Geographic Society, numa conferência de imprensa que deu a conhecer ao mundo, pela primeira vez, algumas páginas do famoso Evangelho de Judas."
(in Diário de Notícias)

A propósito do filme Mary. Neste momento da minha vida, revejo-me muito no personagem Ted Younger (representado por Forrest Whitaker). Porque será que apenas buscamos o divino/espiritual/fé, nas suas variadas formas e feitios, apenas quando tudo parece estar contra nós e nos vemos dentro de um "buraco" que não parece ter fundo? Contra mim falo, pois nos últimos anos é exactamente isso que me tem acontecido. Tenho que reconhecer que o meu afastamento da Igreja (que não dos princípios que sustentam a minha fé cristã) se em deve em grande parte a mim, mas também à forma como os homens (que como seres humanos, sejam bispos ou leigos, também erram) têm conduzido a instituição Igreja. Se a fé cristã passa por amarmos o próximo (seja homem ou mulher, da nossa religião ou não), sermos humildes (e não nos acharmos senhores absolutos da verdade), sermos honestos e defensores da verdade, não deixarmos a violência e o ódio tomarem a nossa alma como refém, e despojarmo-nos daquilo que não nos "completa", que interessa quantos evangelhos existem e se são escritos por um homem ou por uma mulher, ou mesmo por aquele que é considerado o maior traidor da história?

Porque será que, enquanto seres humanos, não nos preocupamos tanto em saber que dons temos dentro de nós ou porque é que somos como somos, ou ainda porque razão não tentamos ter um real impacto no mundo que nos rodeia? Porque é que um país, uma fronteira, uma religião, um poder sobre os outros, pode ser algo que mais nos motiva? E porque é que se usam desculpas como a religião só para se poder matar mais pessoas, pessoas que não conhecemos, que se calhar até são tão inocentes como aquelas que mataram do "nosso" lado? Será porque não rezam ao mesmo Deus que nós? Ou será que é porque vivem num pedaço de terra que até gostávamos de ter? Custa-me a compreender que ao longo de todos estes milhares de anos que o Homem tem evoluido, ainda se continue a ter uma tamanha falta de tolerância para com o "próximo", seja ele católico, muçulmano, judeu, hindu, budista, agnóstico, ortodoxo ou ateu.

Mais uma vez, contra mim falo. Muitas vezes deixo-me ir por caminhos mesquinhos, de algum ódio, provavelmente, mas principalmente deixo que a minha alma seja infectada por aquilo que me rodeia. Não consigo ter forças para ter uma atitude diferente da das pessoas que passam ao meu lado. Tento manter-me fiel aos meus princípios mas mesmo assim sinto que às vezes os traio. E tudo isto para quê? Para quê tanto ódio, violência, inveja, malícia, arrogância, orgulho barato, quando no final de contas todos regressaremos ao pó? Não é a única certeza que temos nesta vida? Que a nossa passagem por este mundo é um mero segundo no tempo que dura este universo? Para quê sujá-lo com guerras, mortes, genocídios e outras atrocidades que o ser humano inventa, geração após geração?

Não espero que este texto faça sentido para todas as pessoas que o leiam. Espero, isso sim, que compreendam o sentimento que está por detrás destes desabafos. Não espero que os blogueiros do costume o comentem, mas sim que escrevam nos seus próprios blogues palavras que me façam sentir que não estou sozinho, que há mais gente a parar um pouco o ritmo das suas vidas e a pensarem naquilo que realmente "tiramos" delas e levamos connosco, para onde quer que nos dirigimos. Eu, pelo menos hoje, parei um bocadinho, olhei para o mundo, pensei, e chorei. E depois rezei. Para que nós, humanidade, ainda tenhamos uma réstia de esperança no destino que estamos a dar a nós próprios e aos nossos descendentes...

terça-feira, maio 02, 2006

Inside Job

"Underneath this smile lies everything
All my hopes and anger, pride and shame

Make myself a pact not to shut doors on the past
Just for today I am free

I will not lose my faith
It's an inside job today

I know this one thing well…

I used to try and kill love. It was the highest sin
Breathing insecurity out and in

Searching hope, I'm shown the way to run straight
Pursuing the greater way for all human light.

How I choose to feel is how I am.
How I choose to feel is how I am.

I will not lose my faith
It's an inside job today

Holding on, the light of night
On my knees to rise and fix my broken soul

Again

Let me run into the rain
To be a human light again

Let me run into the rain
To shine a human light today

Life comes from within your heart and desire
Life comes from within my heart and desire
Life comes from within your heart and desire"

Mike McCready

Família

substantivo feminino


1.
conjunto de pessoas aparentadas que vivem em comum sob o mesmo tecto; agregado familiar;

2.
grupo de pessoas formado pelos progenitores e seus descendentes; linhagem; estirpe;

3.
raça;

4.
conjunto de pessoas do mesmo sangue ou parentes por aliança;

5.
grupo de pessoas unidas pelo vínculo do casamento, afinidade ou adopção;

6.
grupo de pessoas com origem, ocupação, ou outra característica em comum;

7.
BIOLOGIA grupo taxinómico (categoria sistemática) constituído por seres que se assemelham por determinados caracteres e que compreende um ou mais géneros;

GRAMÁTICA família de palavras conjunto de palavras que têm a mesma origem ou a mesma raiz;

família humana humanidade;

(Do lat. familìa-, «id.»)


© Copyright 2003-2006, Porto Editora.

Se há assunto onde sinto emoções contraditórias, a questão da família é uma das mais óbvias. Se por um lado tenho familiares que adoro e pelos quais tenho uma genuína amizade, também tenho outros que parece que tentam fazer tudo o que seja possível para me tirar do sério e irritarem-me de uma forma inimaginável. Bem sei que provavelmente acabei de descrever milhões de famílias por esse planeta fora, mas enfim, estava a precisar de desabafar...

Normalmente as coisas correm melhor se não se juntarem muitas gerações diferentes na mesma sala. Ou seja, se eu estiver na mesma sala com os meus pais ou os meus tios e se ainda juntarmos à mistura os meus avós e se a televisão estiver a dar algum programa noticioso (estou a criar o pior cenário possível), é quase certo que me vou irritar com alguma opinião proveniente de um tempo que já não tem lugar. Pelo menos era isso que acontecia até há uns anos atrás, o que me valeu a tristemente fama de ser o "rebelde"da família. Sim, porque todas as famílias têm de ter um "rebelde", certo? Nos dias que correm deixo esse papel para todos os meus outros primos e se por acaso a conversa resvala para temas como política, religião, sexualidade ou algo parecido, prefiro manter-me silencioso e evitar chatear-me com pessoas por quem tenho muito carinho... Percebem o choque de emoções que aqui se passa?

Costuma dizer-se que não se escolhem os familiares, mas também não me parece que haja famílias perfeitas por aí à solta. Talvez o facto de sermos um "conjunto de pessoas aparentadas" seja um ambiente muito fácil para discussões, zangas, birras e outros sinónimos afins, mas só assim é que temos hipótese de ter o poder de dar a volta a tantas diferenças de opinião e princípios e conversarmos sobre isso, partilhando experiências e acabando por ouvir histórias que apenas pensávamos que aconteciam com os outros...

Ninguém disse que era fácil, mas como se costuma também dizer, truth is stranger than fiction, e no caso de uma verdadeira família portuguesa como a minha, isso não poderia ser mais adequado.

Lisboetas

"Eu ontem fui aldrabado. Tu hoje és aldrabado. Nós amanhã seremos aldrabados."

segunda-feira, maio 01, 2006

Recordar e Reviver (Ondas Sonoras - XIII)

Vai fazer dez anos no próximo dia 24 de Novembro que assisti pela primeira (e única, em 2000 andava por outras paragens pelo que não estive na plateia do Restelo) vez ao vivo a esses génios da música que são os Pearl Jam. Foi no Pavilhão do Dramático de Cascais, e fiquei completamente rouco de tanto cantar e lavado em suor do calor que toda aquela gente "deu" ao concerto. Por muitos anos que se passem, nunca me irei esquecer das emoções desse dia e da comunhão que houve entre banda e público. Um solo fantástico do Mike, Eddie a cantar "Portugal, Portugal", e o Eddie a saltar de uma coluna com muitos metros de altura para o meio da multidão. E as músicas, claro, a razão principal de uma banda existir, e fazer com que no último sábado tenha esperado quase 3 horas para comprar o meu bilhete para o próximo dia 4 de Setembro, no Pavilhão Atlântico, onde espero ouvir, mais uma vez, a banda sonora da minha vida. Como alguém que eu conheço diria, Big Fat Smile...