quinta-feira, dezembro 30, 2010

músicas para 2010

Seven, Fever Ray



Zebra, Beach House



Vagabundo, Bernardo Sassetti Trio



O seio esquerdo de r.p., Mão Morta



Your hands (together), The New Pornographers



Window seat, Erykah Badu



Summer Mood, Best Coast



Aunque no sepa cantar mi corazón es lleno como una ola que se levanta temprano conectada a los misterios primordiales más profundos, Tigrala



Fuck you, Cee Lo Green



I didn't see it coming, Belle & Sebastian



A guerra das rosas, Camané



Palco do tempo, Noiserv




quarta-feira, dezembro 29, 2010

palavras para 2010

janeiro,
"Uma daquelas alcunhas que vinham dos tempos de infância e que atravessavam o tempo, agarrando-se ao nome de todas as pessoas que viviam na aldeia e as acompanhavam até ao fim dos seus dias."

fevereiro,
"Não ousei beijar-te pois os teus olhos continuavam a olhar para além do vidro por onde corriam milhentas gotas de chuva. Não ousei beijar-te nem na face onde as tuas lágrimas ainda não tinham secado. Nunca te tinha visto chorar."

março,
"Com um sentimento de alívio e sem mais esperar, tiro-lhe a arma das mãos..."

abril,
"De acordo com o médico legista, a mulher deveria ter 25 anos, um metro e setenta, sessenta e três quilos, destra, nascida no Alentejo, adepta do Desportivo de Chaves, sócia do viva-fit há dois meses, com especial apetência por fetiches relacionados com cintas anatómicas e capaz de comer três mcbacons seguidos."

maio,
"Todos os pequenos pormenores que tenho agora, aqui, neste momento, a toda à minha volta, pequenas coisas onde está o teu olhar, o teu sorriso, o teu ser."

junho,
"Desde o momento em que as altas instâncias políticas do país tinham feito o dramático anúncio, todos os problemas económicos, sociais, culturais, religiosos, enfim todas aquelas questões que enchiam os telejornais como balões de ar quente, tudo tinha ficado resolvido."

julho,
"Apenas sei que aquela manhã ficou gravada em mim, e lembro-me de procurar, de cada vez que tornavas a aparecer na televisão, lembro-me de sempre procurar os teus olhos, se continuavam a ser pensativos, profundos, enquanto te deixavas arrebatar pela música e pelas palavras."

agosto,
"Toda a alma vai para eles, e mesmo assim ainda é preciso ouvir palavras insanes, gestos que rasgam o coração e nos deixam de rastos, atitudes bafientas de uma sacristia que apenas serve de ornamento."

setembro,
"Outros tempos mais simples, os mesmos sentimentos, sem tirar nem pôr, que sinto no presente..."

outubro,
"Que, ao virar a última página, a sua vida não foi mais do que aquela que imaginou para uma das suas desgraçadas personagens numa das suas míseras estórias."

novembro,
"enquanto os céus ardem, cá em baixo pensa-se que está mais que na altura de assentar arraiais, deixar-me de correrias, e finalmente abrir a porta de casa e esperar que os céus continuem a arder assim."

dezembro,
"Como se alguém estivesse interessado em ler sobre farturas e queimaduras e afins..."


terça-feira, dezembro 28, 2010

livros para 2010

"Elegia para um Americano", Siri Hustvedt

"Mulher em Branco", Rodrigo Guedes de Carvalho

"Exit Ghost", Phillip Roth

"London: From Punk To Blair", Joe Kerr & Andrew Gibson

"A Dança dos Fantasmas", Ana Teresa Pereira

"Mere Anarchy", Woody Allen

"The White", Adrian Caesar

"As Intermitências da morte", José Saramago

"Simon's Cat", Simon Tofield

"A Mecânica da Ficção", James Wood

"Underworld", Don DeLillo

"Heiddeger e um Hipopótamo chegam às Portas do Paraíso", Thomas Cathcart & Daniel Klein


segunda-feira, dezembro 27, 2010

filmes para 2010

Where The Wild Things Are









Um Homem Sério








Invictus










Alice In Wonderland











Cold Souls










Blade Runner










The Ghost Writer








Inception








Shortbus









The Future Is Unwritten








Átame!








The Social Network










quinta-feira, dezembro 23, 2010

Estamos quase lá

Está o mundo a acabar? Sim, provavelmente, para muitos ele acaba todos os dias.
Numa altura em que se começam a fazer balanços, a pesar o bom com o menos bom, quando apenas pensamos que vamos ter alguns dias cheios, repletos de todos os sentimentos bons pelos quais ansiamos todos os dias, talvez, apenas talvez, também seja uma altura em que devemos dar graças por tudo o que temos, para pensar que há quem seja menos afortunado do que nós, até em pequeníssimas coisas, como estar apenas sozinho, não ter alguém que o abrace, não ter meia dúzia de trocos para se abandonar a uma pequena guloseima, não poder retribuir completamente àqueles que lhe dão tanto, podia estar aqui a enumerar mil e uma coisas nas quais também penso nesta época e pelas quais, para minha grande fortuna, não tenho de passar ou já passei e não tenho de pensar nelas no momento presente.
Por tudo isto quero agradecer. Por nada em específico mas sim por tudo. Por tudo aquilo que até hoje recebi, por tudo aquilo que continuo a receber, no fundo por ter pessoas na minha vida que fazem com que viver esta vida seja, na realidade, um privilégio que gostava que houvesse mais pessoas neste mundo a poder disfrutar.
Obrigado.
Bom Natal.
Sejam felizes.
E, já agora, bem hajam.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Um buraco no coração


(ou como a memória nos pode enganar tão confortavelmente...)


segunda-feira, dezembro 20, 2010

Tudo o que eu quero pelo Natal...


... é dançar com uma garrafa de plástico no meio de uma pista de dança. :)))
Rodeado das melhores pessoas com quem poderia estar. Obrigado por (mais) uma noite memorável!





terça-feira, dezembro 14, 2010

to be continued

A comprar...
A escrever...
A embrulhar...
A colar...
Tudo ao mesmo tempo e tudo fora do horário normal de expediente.

Não há alguém que crie uma daquelas petições online para estipular que Dezembro passe a ser um mês oficial de férias para todos?

Era só isto.
Acabo de colocar uma "tabuleta virtual" neste Espaço. Tipo quarto de hotel. Não incomodar sff.

Até já.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Killer Richardson



"You talkin' to me? You talkin' to me? You talkin' to me? Then who the hell else are you talking... you talking to me? Well I'm the only one here. Who the fuck do you think you're talking to? Oh yeah? OK."


segunda-feira, dezembro 06, 2010

Hoje não escrevo.

Deixo isso para quem realmente percebe da poda e nos deixou palavras que realmente nos deixam sem as mesmas. E há algo aqui de estranhamente familiar...



domingo, dezembro 05, 2010

"Desculpe, podia dizer-me..."



As farturas? É fácil, siga sempre em frente, vire lá ao fundo à esquerda e continue até chegar à fonte municipal. Ele está mesmo ao lado.


sábado, dezembro 04, 2010

História verídica, com alguma imaginação pelo meio

- Pai...
- Diz, filho.
- Porque é que a tua pele neste lado do braço tem rugas?
- Isto? Nunca te contei como é que isto ficou assim?
- Não, nunca me disseste. Conta.
- Bom, isto já aconteceu há quase dez anos atrás. E tudo por causa das farturas.
- Aquelas que tu fazes aos domingos?
- Sim, essas mesmas.
- Mas já fazes farturas há tantos anos assim?
- É verdade. O tempo passa tão depressa que às vezes nem damos conta e já lá foram dez anos. Não devia ter muitos mais anos do que tu quando apareceu a ocasião de me tornar um artesão da fartura, como eu gosto de dizer.
- Mas continuas a ser pintor de carros, não continuas, pai?
- Claro que sim, filho. Mas só durante a semana e só porque gosto do que faço e só porque temos de ter outra coisa que pague as contas para lá das farturas. Coitadas, já se venderam muito mais do que agora...
- Não digas isso, pai, que quando saio da missa e passo em frente à tua roulote, estás sempre rodeado de gente, velhos e novos. Até estrangeiros já lá vi!
- Pois é. Felizmente ainda tenho os meus clientes de sempre e a aldeia ainda vai tendo uns quantos turistas a passar por cá e que acham muita piada às minhas farturas...
- Mas ainda não me disseste como aconteceram as rugas.
- As rugas... Bom, isso aconteceu se calhar por falta de experiência minha, não sei. Ainda nem sequer tinha passado um mês desde que tinha comprado a roulote à Dona Rosa.
- Quem era a Dona Rosa, pai?
- Era uma senhora muito simpática e trabalhadora. Havias de a ter conhecido. Foi amiga da nossa família durante muitos e muitos anos. E sempre que havia uma churrascada daquelas que nós fazemos, com a familia toda junta, a Dona Rosa era sempre convidada e aparecia sempre com muitas farturas para pequenos e graúdos. Era sempre uma festa.
- Mas isso quer dizer que ela também sabia fazer farturas?
- Claro que sim. Foi a Dona Rosa que me ensinou tudo sobre farturas, como as fazer assim tão deliciosas. E foi ela que me vendeu a sua roulote durante uma das churrascadas. Nesse dia a Dona Rosa estava a contar-nos que mais dia menos dia ia ver-se livre da roulote. Ela não tinha filhos nem familiares interessados em continuar o negócio e estava a ficar muito velha para estar ali ao ar livre, todos os fins-de-semana. E então perguntou-nos se conhecíamos alguém interessado em comprar a roulote.
- E tu disseste logo que a querias? Porquê?
- Não, filho. Eu estava a ouvir a história como tu também agora a ouviste. E foi o teu tio António que se virou e disse "aqui o João é que era homem para comprar isso, Dona Rosa! O problema é que ele ia passar o tempo todo a comer as farturas!", e desatou numa daquelas gargalhadas à tio António.
- Ficaste chateado, pai?
- Não, filho. Sabes bem que eu gosto muito do teu tio e das tiradas dele. Não, eu apenas disse à Dona Rosa, "você sabe que eu gosto muito das suas farturas e não me farto de a ver a fazê-las. Mas não tenho nem dinheiro para lhe comprar a barraca nem sei fazer farturas como a senhora." Tens de ver, filho, que na altura em que isto aconteceu eu tinha acabado de me casar com a tua mãe e ainda estava à experiência na oficina. Mal nos sobrava dinheiro ao fim do mês...
- E o que é que a Dona Rosa disse?
- Bom, ela começou por me perguntar se tinha mesmo interesse em aprender a fazer farturas, e eu disse-lhe que sim. E ela abriu muito aqueles olhos lindos que ela tinha e disse logo que o dinheiro para comprar a roulote não era problema, que eu ia pagando aos poucos, com o que fizesse nos primeiros domingos em que a utilizasse. E depois, quase sem esperar que eu respondesse, ficou logo combinado que no domingo seguinte eu iria com ela para a roulote, onde ela me ia ensinar todos os segredos e manhas de uma boa fartura. E foi mais ou menos assim que acabei por ficar com a roulote. Tive a companhia da Dona Rosa durante uns três, quatro domingos, ela ensinou-me tudo o que havia para me ensinar, e a partir daí deu-me as chaves para a mão, deu-me um beijo e disse que sempre ficaria agradecida por eu ter aparecido na sua vida e continuado a sua arte.
- E as rugas? E as rugas?
- É verdade, já me estava a esquecer. Isso aconteceu quando já fazia as farturas há um par de meses. Na verdade, ainda estou para saber o que aconteceu, porque o mais normal numa roulote de farturas é uma pessoa ficar queimada com o óleo, mas não foi por causa disso. Estava a mudar a bilha do gás, que na altura ainda ficava dentro da roulote, e ainda devia ter um restinho de gás que acabou por inflamar. A única coisa que pensei quando me atirei para a frente com os braços foi que a tua mãe estava ao meu lado. E quando voltei a pensar novamente, tinha os braços quase todos queimados.
- A sério? Mas eu nunca reparei em nada. Só nestas rugas pequeninas que aqui tens...
- Pois é. A coisa podia ter corrido muito mal. Mas sucederam-se uma série de pequenas coisas boas que ajudaram a que não ficasse com muitas cicatrizes. Primeiro a tua mãe colocou logo os meus braços numa bacia com muita água fria, enquanto conduzia o carro a toda a velocidade para o hospital na cidade.
- A mãe? A conduzir a mais de 60 à hora?
- A sério. Acho que nunca mais a vi a guiar tão depressa. Quando chegámos ao hospital, mesmo com a água fria, já havia partes dos meus braços onde a pele tinha caído e outras onde havia enormes bolhas. Felizmente fui atendido por uma médica espanhola extremamente competente, que tinha chegado à cidade há umas duas semanas. Ela foi muito atenciosa e cuidou de mim da melhor maneira possível, deu-me uma pomada para colocar nos braços e enfaixou-mos muito bem com não sei quantos pensos e compressas. E disse-me para voltar na semana seguinte.
- E depois, pai?
- Bem, já sabes que sou um bocado assim para o desenrascado. Por isso, estive muito atento à maneira como a enfermeira ia fazendo os pensos, de maneira que, quando voltei a casa e durante essa semana, fiz a mudança dos pensos uma série de vezes, sempre aplicando a pomada como a doutora me tinha explicado. Quando lá cheguei para a consulta, a médica nem quis acreditar, pois os braços estavam quase, quase como novos, apenas restanto algumas bolhinhas nesta zona onde ficaram as rugas. Contei-lhe o que tinha feito e ela ficou tão impressionada comigo que, mesmo hoje, quando nos cruzamos na cidade, ela faz-me uma grande festa e fala sempre nas minhas queimaduras que até parece que nunca aconteceram. E olha que já passaram quase dez anos...
- Caramba! E pensar que nunca me tinhas contado essa história...
- Nunca me tinhas perguntado. E não é uma história assim tão interessante...
- Isso dizes tu. É uma grande história. Alguém devia passá-la a um livro ou assim...
- Ora. Como se alguém estivesse interessado em ler sobre farturas e queimaduras e afins... Olha, filho, vou mas é deitar-me que amanhã é dia de fazer farturas e algo me diz que vai estar sol e vou ter muitos clientes...
- Fazes muito bem. Não te esqueças de guardar uma para mim, como de costume.
- Claro que não me esqueço, filho. Boa noite.
- Boa noite, pai. Dorme bem.




(Pequena homenagem a alguém que nos tratou de forma tão simpática e humilde e que tornou um dia já de si muito bom num dia verdadeiramente inesquecível. Um grande bem haja e um destes domingos passo novamente por aí para comer uma fartura. E quem sabe mostrar-lhe estas palavras, ainda que falhas de alguma veracidade. Mas acho que o essencial está cá.)

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Depois das rações, dos bebedouros, das cercas...

... eis que já tenho a minha própria produção pecuária.





Obrigado, malta do LB!!