terça-feira, agosto 26, 2008

Separação

Caminhos cruzados. Ou serão perpendiculares?
Quantas vezes passam pela nossa caminhada temporal outras vidas? Vidas que amamos, odiamos, toleramos, vidas que se entrelaçam com a nossa própria existência. Lugar comum, é certo, mas também o é o facto de sermos animais eminentemente sociais. Uns mais solitários, outros com mais de si para dar a mais e mais pessoas. Linha transversal, neste mundo cada vez mais global e cada vez mais pequenino, a nossa vida toca outras e vice-versa. E a forma como essas vidas vão evoluindo ao longo dos anos é algo que permanentemente me surpreende. Normalmente e sobretudo se olhar alguns momentos para o passado e observar com atenção aquilo que aconteceu, o que podia ter acontecido e aquilo que, passado mais de dez anos, realmente sucedeu. Nem me passava pela cabeça muitas das coisas que realmente aconteceram nesta última década. Às vezes sinto mesmo que tudo não passou de um sonho ou, nalguns momentos, de um pesadelo. A velocidade do tempo não se compadeceu comigo, os momentos que deviam ter durado para sempre passaram com a brevidade de alguns segundos, e os momentos que nunca deviam ter acontecido ainda me fazem ficar melancólico como se não passasse de um cliché literário. Tenho de admitir que, mesmo apesar de todas estas palavras, não sou assim tão dado a olhar para trás ou pegar em fotografias de outros tempos. Ocasionalmente faço-o, normalmente porque uma dessas vidas perpendiculares decide reavivar a sua presença nos meus dias, seja isso algo de bom ou de mau. Poucas vezes o será de formas tão bruscas como ultimamente, com o turbilhão de emoções que isso poderá significar. Deixo-me ir na corrente, sem me deixar ir até ao fundo, ao leito do passado, que nem sempre traz boas recordações. Nada a fazer. Simplesmente não reviver o passado e apenas ser fiel a mim próprio. Por mais que isso custe. Por mais que isso nos possa deixar assim, a escrever e a escrever, em circulos e mais circulos.




quarta-feira, agosto 20, 2008

Islandices... (V)


Arranjo mural, Reykjavik.

Na terra de gelo - dia 3


Deixamos o inferno (Hella) para trás e dirigimo-nos ao mundo encantado dos glaciares. Pelo meio ainda somos brindados com uma bonita cascata mesmo à beira-mar. Vale a pena, pois somos refrescados pela água enquanto seguimos o caminho que passa quase pelo meio da cascata. Muitas fotografias e muitos sorrisos.



Seguimos viagem. Depois de uma estrada brutalmente gravilhenta através de muito terreno de lava petrificada, conseguimos chegar ao glaciar Sólheimajökull e de repente somos relembrados que estamos, de facto, num país nórdico e enquanto andamos em cima do glaciar sentimo-nos verdadeiramente pequeninos. Escalamos ainda um grande bocado, mesmo que caminhar sobre o gelo seja algo de muito estranho, quase parecendo que estamos a caminhar sobre cornflakes e que a qualquer momento podemos ficar sem o chão sob os nossos pés. O sol brilha, o suor corre pela minha testa mas continuo a ficar maravilhado com tudo o que vejo nesta terra.




Tentamos depois chegar ao promontório de Laki, que promete vistas estrondosas sobre os vários glaciares mas o caminho é algo de completamente surreal em termos de condução e o "nosso" C-Max não foi feito para estas andanças. Desistimos, almoçamos no caminho e partimos em direcção ao lago de icebergues onde o James Bond andou a estoirar uma série de Aston Martins.




No caminho, e ao longo de uma enorme recta de estrada que não deve ter menos de 20 quilómetros, tiramos fotos atrás de fotos daquilo que parece ser a maior concentração de glaciares do planeta. E de repente, após passarmos uma curva especialmente apertada, deixamos a boca cair e ficamos embasbacados a olhar para um cena que parece saída da idade do gelo. Icebergues, muitos icebergues, a flutuarem, enormes e pequenos. Uma imagem lindíssima que ainda se torna mais incrível quando vemos algumas focas a aparecerem no meio da água, curiosas e ao mesmo tempo a fugirem de nós, esses estranhos seres que caminham em apenas duas patas.



Não satisfeitos em ver os icebergues da margem, decidimos fazer um tour de barco com rodas, ou seja, vamos de anfíbio. Para resistir melhor ao frio do lago, nada melhor que uma caneca de chocolate quente... com rum. Uma delícia, os islandeses tratam-se e tratam-nos muito bem. Durante a meia hora de anfíbio, ainda somos presenteados com um bocadinho de gelo com cerca de 1.500 anos de idade. Sabe a gelo, a única diferença é que é mais cristalino e muito transparente. Acabamos a jantar numa vila piscatória onde comemos peixinho estupidamente caro, como aliás quase tudo o que se relaciona com comer e beber na Islândia.



Adiante, seguimos para Egilsstaðir, para pernoitar. Até lá, a estrada ainda nos leva por montes e vales de aspecto grandioso, mas o nevoeiro faz com que o mesmo se torne quase um caminho fantasmagórico, algo saído do universo da Terra Média, do Tolkien. Subimos e subimos até que já não há mais nada para subir. Começamos a descer a encosta em direcção ao nosso destino e, surgindo por trás de todas as nuvens, um enorme e brilhante sol brindamos com a sua luz intensa (neste momento, já passa das dez da "noite"). Ficamos hospedados nas margens do lago Lagarfljót num pequeno casebre de madeira que mais parece ter sido importado da Suissa. O sono acaba por nos vencer irremediavelmente.


Requiem

É dificil acordar assim.
Acordar com a noticia de que uma peça tão importante da nossa infância desapareceu para sempre. De que a partir de agora acabaram-se os encontros casuais no meio da rua ou as visitas sempre recheadas de memórias lá em casa. Que as muitas fotografias onde aparecemos juntos ganham um novo e triste significado, pois passam a ser a imagem mais nítida dela, assim como todas as recordações guardadas no meu disco rígido interno. E acho que posso dizer, sem falsos moralismos, que parte da minha personalidade actual e passada também foi moldada por ela, umas vezes com disciplina, outras com carinho, sempre e sempre com amizade genuína, desinteressada. Sei que sempre quis o melhor para mim, como aliás mo disse há duas semanas atrás, na última vez que nos abraçámos. E eu também queria o melhor para ela, mesmo sabendo que a sua aura de felicidade já não era a mesma de há uns anos para cá. E mesmo sabendo que partiu deste mundo com a serenidade que merecia, a tristeza da solidão sobrepõe-se a isso e rasga o meu coração a meio quando penso nela, já com uma imensa saudade.
Obrigado por tudo, minha querida professora.
Obrigado por tudo, minha querida amiga.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Dogma

nome masculino

1. RELIGIÃO doutrina proclamada como fundamental e incontestável

2.

FILOSOFIA ponto fundamental de doutrina
3. opinião imposta pela autoridade e aceite sem crítica nem exame

4. proposição apresentada como irrefutável

(Do gr. dógma, -atos, «decisão; decreto», pelo lat. dogma-, «dogma»)

(Via Infopédia)

quarta-feira, agosto 13, 2008

"Natal em Agosto"


"Entre um café e uma água, ia-lhe dizendo que em Agosto e Setembro íamos ter seis famílias que não seriam cobertas pelo Banco Alimentar, pois tinham chegado depois do envio da listagem (que desta vez, por ser tempo de férias, teve que ser feita para 2 meses). Dizia-lhe também que os bebés precisavam de fraldas e artigos de higiene e que as mães muitas vezes nos pediam ajuda nesse sentido. Falava, falava, falava e ela ia ouvindo e fazendo algumas perguntas. No dia seguinte ligou-me para me dizer que tinha tido uma ideia e que precisava de falar comigo..."

E o resto pode ser lido aqui. Foi uma enorme honra inscrever o meu nome naquele grupo de óptimas pessoas e é com muito orgulho que conto com a Teresa entre as minhas melhores amizades. E é uma daquelas amizades que deve ser sempre celebrada, hoje como ontem.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Islandices... (IV) / Serviço de utilidade pública - XIX


Porque o saber não ocupa lugar. Mesmo quando se trata de uma tarefa tão fútil como esta. E não, meu caro João, não me parece que isto seja uma retaliação por parte dos islandeses.

terça-feira, agosto 05, 2008

Milk-mail


Uma bonita prenda de tons azuis turquesa, da parte da J. O que não valem tardes de sábado debaixo de chuva... Obrigado!

segunda-feira, agosto 04, 2008

Serviço de utilidade pública - XVIII

Porque também há vida para lá deste Espaço, é por aí que eu tenho andado... Com um pé na areia e outro normalmente na estrada, de um lado para o outro, que a vida só dura dois dias e há muito para fazer, ver, comer, beber, entre outros prazeres mundanos...


Nada como ouvir a banda sonora para um sábado à noite passado...