quinta-feira, agosto 31, 2006

Saudades...

... da casa em Taechi-dong.
... dos milhentos néons.
... dos polícias com cabeças gigantes.
... das muitas noites sem dormir.
... dos autocarros a circularem a 100 à hora.
... do frio à beira-mar.
... da lota em Daepo.
... da terra de ninguém, junto à fronteira.
... do vento avassalador em Ulsan-bawie.
... do café Segafredo a 1.000 escudos a chávena.
... das aulas angustiantes de Hangul.
... dos grafittis em Nam-san.
... dos vinis baratos em Namdaemun.
... do peixe-cantor Billy Bob Mouth Bass.
... das estátuas em Kyoungbokkung.
... dos bares com sanitas a fazer a vez de cadeiras.
... de percorrer o metro aos domingos de manhã.
... das milhentas salas de karaoke sem alcool.
... dos budas esculpidos em pedra.
... das manifestações intermináveis que faziam parar todo o trânsito.
... do render da guarda em Toksogung.
... da cor vermelha do kimchi.
... da casa em Kioudé.
... das chuvas intermináveis com 40 graus de temperatura.
... dos coletes de salvação na piscina.
... do tak-kalbi, do pulgougi e do soju.
... das multidões viciadas em compras em Myoung-dong.
... da música, das cervejas e das conversas no LPG Bar.
... de fechar a porta do LPG Bar às 8 da manhã.
... dos sons e ruídos estranhos no metro.
... dos táxis a circularem a 200 à hora em direcção ao aeroporto.
... do nascer do sol em Pulguk-sa.
... dos pagodes, dos templos e dos sinos.
... da gruta de Sokkuram.
... dos arranha-céus a perder de vista.
... dos tentáculos de polvo vivos no prato em Nouriangim.
... dos cafés com sofás ao melhor estilo Moviflor.
... das avenidas intermináveis e dos milhentos viadutos.
... do sino do Rock N' Roll Bar em Apkujong.
... do nevoeiro constante em Pukhan-san.
... dos amigos que estão do outro lado do planeta.


You Bastard!


Thanks, A.
(South Park)

quarta-feira, agosto 30, 2006

Across the universe

Mergulho no desconhecido. Já não é a primeira vez que o faço. Os saltos no escuro já não são novidade e, no fundo, é uma forma de ultrapassar os meus medos e ansiedades, que tantas e tantas vezes ficam soterrados debaixo de fórmulas matemáticas de como me relacionar com alguém. Já aprendi que fugir e esconder-me não resolve nada e apenas adia o inadiável. Então dou o passo em frente. Sou optimista, primeiro vai estranhar-se e depois vai entranhar-se, como no anúncio. E se, e se, e se... Suores frios, apertos no estômago, mil e um pensamentos a rodopiarem a velocidade estonteante na minha mente... E depois, e se não, e o que vão pensar, e será que eu vou conseguir... Porque é que as coisas mais complicadas de um ponto de vista funcional são aquelas que menos me custam? Porquê complicar? Sinto que já não estou em mim. Preciso de ar. Preciso de respirar. Vir à superfície e inspirar o precioso oxigénio que escasseia nos meus pulmões. Ir ao encontro de algo que me faça voltar ao meu equilíbrio, ao meu mundo real. Deixar para trás as águas turvas que acabei de percorrer e nas quais andei tanto tempo perdido. Na escuridão dessas águas, rapidamente me esqueci que havia um sítio para onde podia escapar. Ou será que apenas me estou a enganar? Será que as águas eram assim tão turvas? Ou pelo contrário, eram de uma frescura e luminosidade às quais já não estava habituado? A minha memória é mesmo assim tão curta? Será que não me lembro de como a vida era há meia dúzia de anos atrás? Fico inquieto e indeciso. Avanço para a margem ou recuo na direcção daquilo que em tempos conheci e que agora me parece tão estranho e surreal? É formidável a quantidade de vezes que consigo hesitar numa única decisão. E ainda me dizem que eu sou um aventureiro, que estou sempre pronto a largar tudo e ir atrás de uma miragem... O que sabem eles? Muito pouco, penso eu. De uma ignorância a toda a prova, no que toca às sensações que me percorrem. Esqueço, apago, escrevo de novo e olho na direcção oposta. A margem já não parece tão apetecível. Por um momento lembrei-me de como era ser assim, um estranho em terra estranha, sem porto de abrigo, sem um farol que me ilumine o caminho que me parece ser destinado. Mas depois, olho de novo, ao longe... Afinal não, não é uma terra estranha, apenas modificada mas com as mesmas pessoas (quer dizer, outras completamente diferentes mas apenas no aspecto), os mesmos prédios (ok, mais pequenos), as mesmas mesas e as mesmas comidas e as mesmas bebidas (perdeste o juízo, definitivamente...), e no fundo, estou a entrar na mesma casa, apenas por uma porta lateral que não conhecia. Definitivamente, a vida ainda me guarda algumas supresas, mesmo quando não me sinto inspirado por ela...

segunda-feira, agosto 28, 2006

O que fica de uma noite...

QUERO QUE ESTE BLOGUE TENHA MAIS COMENTÁRIOS ANÓNIMOS. EU PRECISO DE COMENTÁRIOS ANÓNIMOS. HÁ TANTA GENTE COM COMENTÁRIOS ANÓNIMOS MENOS EU. POR FAVOR, DEIXEM COMENTÁRIOS ANÓNIMOS!!!

(mas com piada, ok?)

domingo, agosto 27, 2006

sábado, agosto 26, 2006

Fechem as portas!

"A Federação Portuguesa de Futebol anunciou, este sábado, ter marcado uma reunião para quarta-feira de «caracter extraordinário» com os órgãos federativos, para analisar o caso Mateus."

(Diário Digital)

Ou, em alternativa muito melhor, fechem o país enquanto não se resolver esta questão gritante que poderá definir todo o futuro da nossa nação. É essencial que não sejamos distraídos com coisas mesquinhas como economia, desigualdades sociais, participações em conflitos médio-orientais ou desertificação do nosso interior, enquanto não resolvermos a crise que se abateu sobre essas três instituições fundamentais que são o Belenenses, o Gil Vicente e o Leixões. E o nosso Presidente da República? Não diz nada, não intervém? Será que ainda temos que pedir ajuda ao George W. para resolvermos este abismo em que o país foi lançado? Chamem a FEMA! Já!

Porque não devemos esquecer

Um soco no estômago. Foi isto que eu senti numa das cenas do filme United 93. Quase parecia que tinha recuado cinco anos atrás e me encontrava de novo, na minha hora de almoço, a ver as imagens que chegavam até Portugal via CNN. O filme traça os passos que levaram ao sequestro de um dos aviões no dia 11 de Setembro de 2001, mais exactamente o voo que teria como destino destruidor um dos símbolos da democracia norte-americana, a Casa Branca. Até chegarmos ao momento em que o voo United 93 é, de facto, sequestrado (um momento poderosíssimo, que me perturbou imenso e ao qual, acho eu, ninguém consegue ficar indiferente), passamos em revista a forma como todo o espectro de autoridades norte-americanas é tomada de surpresa pelos ataques terroristas e pela forma como o desnorte entre elas leva a que ninguém consiga ter uma reacção de forma a impedir que, um após outro, os aviões sequestrados acabem por ir atingindo os seus alvos. Todo o impacto que um acontecimento como o 11 de Setembro (um dos momentos-chave na nossa História contemporânea e cujas implicações estão ainda longe de chegarem ao fim, na minha opinião) tem na nossa memória é recuperado de tal forma por este filme, que as emoções de algumas cenas nos deixam desconfortáveis na sala de cinema. Nenhum comentário com pessoa do lado é possível, tal a força das imagens a que estamos a assistir. O momento que me deixou mais "arrepiado" não foi a coragem dos passageiros do voo 93 (apesar de ficar registado, mais uma vez, o sentimento de sobrevivência face à adversidade de que o ser humano é capaz) nem a possível raiva que poderíamos sentir em relação aos raptores (cujo desprezo pelas suas vidas e pelas de outros perfeitamente inocentes com base num conceito ou numa ideia que nada tem a ver com violência), mas sim a tomada de consciência dos passageiros de que vão morrer e que se despedem daqueles que amam e que sabem que não tornarão a ver. E é por esse momento no filme que eu sei que a memória do 11 de Setembro me irá acompanhar até ao resto dos meus dias.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Mais valia estar calado...

Já por aqui manifestei o meu repúdio quer das acções do Hezbollah (actuais e passadas), quer das retaliações recentes de Israel, que apenas conseguiram mais mortes inocentes (que são normalmente os que pagam as favas por causa de "supostas" guerras santas). Mas daí até chegar ao ponto de dizer barbaridades como a que o sr. Chavéz proferiu, tinha de ser bastante desiquilibrado mentalmente. Aliás, o sr. em questão tem conseguido comprovar a máxima de que "ou entra mosca ou sai merda". Mil vezes as moscas...

Ah, ainda bem que o sr. Chavéz não aproveitou para comentar os diversos atentados aos direitos humanos que são praticados na grande democracia onde se encontrava de passeio. Só pode significar que o sr. Jintao é um bom cliente... Ou isso ou andaram os dois a substituirem os telhados de vidros quer da China quer da Venezuela...

quinta-feira, agosto 24, 2006

Serviço de utilidade pública - IX


(ou a minha humilde tentativa de dar um bocadinho mais de publicidade ao mamarracho, evitando assim as críticas de alguns dos meus concidadãos, esperando que o mamarracho arranque de uma vez por todas, com a ajuda deste Espaço verdadeiramente opinion-maker;-)

segunda-feira, agosto 21, 2006

Rotundas

A minha humilde contribuição para o maravilhoso mundo das rotundas. Disponível no Dolo Eventual, com os meus agradecimentos aos seus criadores.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Queixas de um utente

"Pago os meus impostos, separo
o lixo, já não vejo televisão
há cinco meses, todos os dias
rezo pelo menos duas horas
com um livro nos joelhos,
nunca falho uma visita à família,
utilizo sempre os transportes
públicos, raramente me esqueço
de deixar água fresca no prato
do gato, tento ser correcto
com os meus vizinhos e não cuspo
na sombra dos outros

Já não me lembro se o médico
me disse ser esta receita a indicada
para salvar o mundo ou apenas
ser feliz. Seja como for,
não estou a ver resultado nenhum"

(Poema de José Miguel Silva; Música de A Naifa)

segunda-feira, agosto 14, 2006

"By Your Command..."



Seis Informações, Seis Contradições

Enfim, este é provavelmente o maior risco de se escrever blogues e, por esse meio, encontrar afinidades com pessoas que nunca vimos e que apenas conhecemos do que elas próprias escrevem, onde se poderão revelar muito, pouco ou nada. E depois fica a curiosidade de conhecer mais e mais aqueles que, "virtualmente", visitamos dia a dia, sempre com esperança de descobrirmos mais sobre a pessoa do outro lado do espelho, perdão, ecrãn. Daí o repto da A., que me recordou que há seis meses atrás também houve algo do mesmo estilo aqui no Espaço. Assim, aqui ficam, seis informações sobre mim, com seis contradições lá pelo meio.

PORTUGAL. A alma, a personalidade, o não temer o desconhecido, o aventureiro. A praia, a cidade, o campo, o sol, os céus azuis, a névoa no caminho para o trabalho. As pessoas, as comidas, as bebidas, os amigos, a família. O mar, as ondas, o cheiro a maresia. Contradições? Os ataques que fazemos a todas as nossas paisagens. O egoísmo e a sobranceria que toldam o nosso verdadeiro "ser" português. As lutas de poder nos bastiadores que apenas diminuem ainda mais o nosso pequeno país.

AMIZADE. As cumplicidades, os risos, a partilha, o ombro amigo, o abraço que nos sabe a pouco, o beijo que alivia as nossas amarguras, os múltiplos e-mails que mandamos para lados distantes do globo, as horas passadas diante de uma janela do messenger, os telefonemas a horas impróprias, a pausa para o café e eventual cigarro, as jantaradas, os churrascos, as festas de aniversário, enfim tudo, tudo e mais tudo. Contradições? A amizade ser tão intensa que não pensamos antes de abrir a boca e magoarmos aquele que era nosso amigo(a) até há cinco segundos atrás e agora não passa de um estranho(a) que nunca conhecemos realmente.

ESPLANADA. Os raios de sol, a cerveja fresquinha, a companhia de um livro que já lemos tantas e tantas vezes que quase o sabemos de cor, e, se for possível, que a esplanada seja junto ao mar, com o barulho das ondas a levar-nos de volta a tempos quase esquecidos mas sempre recordados com alegria. Contradições? A falta de tempo, metereológico e temporal. Os eventuais efeitos da cerveja num certo fenómeno denominado de pneu. O acumular infindável de livros em cima da secretária, todos eles ansiando por um minuto de atenção do jumento que continua a comprá-los a um ritmo acima do desejável.

MÚSICA. Imprescindível. Necessária. Vital. Constante (nem que seja em estilo música-ambiente-eterno-repetitiva que tenho que aturar no meu local de trabalho). Contradições? Tanta e tanta música que não conheço e gostava de ouvir e conhecer, mas a falta de tempo até faz com que nem sequer consiga ouvir os mp3 que se vão acumulando no pc cá de casa.

VIAJAR. Conhecer o desconhecido. Mudar do ambiente quotidiano para o ambiente alienigena. Aculturar-me com uma cultura à qual não pertenço. Os grandes espaços. Os pequenos espaços. As línguas que não entendo e nunca entenderei. As comidas que nunca comi e nunca mais o farei. O mergulho no abismo que é o exterior do nosso rectângulo. Contradições? Ver lá fora as mesmas coisas inúteis e tristes que vejo no meu país. Ou, em alternativa, o desejo de não me vir embora até que aquela rotina que me é estranha o deixe de ser.

SORRISO. Porque é a minha imagem de marca e mostra como gosto de viver a vida. Sempre a pensar na próxima coisa que me irá fazer sorrir. Sempre a pensar nos momentos infímos de felicidade que me deixaram a sorrir. Porque gosto de ver aqueles que amo a sorrirem um sorriso sem preocupações, ansiedades, ou angústias. Porque no fundo, quase que consigo acreditar que o meu riso ou sorriso me garante a saúde e as forças para lidar com o dia-a-dia. Contradições? O meu sorriso serve para esconder muitas coisas que às vezes tenho dificuldade em partilhar. Timidez, receio, inseguranças várias, raiva,solidão e, por vezes, tristeza. Mas procuro mudar, sempre mudar. A mudança empurra-me para a frente e ensina-me a não me conformar, mesmo com um sorriso nos lábios.

(Alívio)
E agora, quem se segue? Quem poderá continuar estas pequenas partilhas? Bom, aqui ficam os escolhidos(as), que, claro está, estão à vontade para responder ou não a isto.

A Míuda Dos Disparates
Blue Notes
Cuotidiano
Garden Of Delight
Navel
Resquícios do Nada

E acrescento ainda (à parte, pois não sei se estará com pachorra para isto), Suburbano.

sábado, agosto 12, 2006

Serviço de utilidade pública - VIII


Coluna de som no Bar do Guincho, Sintra

Porque me apetece...

... porque o calor é muito e é necessário protegermo-nos, porque este tem sido o meu outdoor de eleição por estes dias, e, enfim, porque é uma boa desculpa para deixar o Espaço em pleno acto de lascívia de fim-de-semana ;))) Enjoy!



(Foto retirada daqui)

sexta-feira, agosto 11, 2006

"There's a hero in all of us"

Precisamos de super-heróis? Necessitamos de saber que há, algures, entidades que podem sair da penumbra e salvar toda a humanidade de um destino mais que trágico? Ou apenas precisamos da "imagem" de algo que nos possa tirar do rame-rame do dia-a-dia e nos faça acreditar em algo de grandioso nas nossas vidas? Algo que nos possa devolver a esperança que tantas vezes deixamos cair por terra apenas porque nos faltam as forças. Algo ou alguém que faça a diferença num mundo cada vez mais indiferente a tudo o que não seja o seu próprio umbigo. Ou será que no fundo, a questão apenas passa por nós? Nós, que ficamos imobilizados por receios infundados, quando nos deveríamos "mexer"? Nós que preferimos olhar para o outro lado a ter de enfrentar as injustiças, pequenas ou grandes, com as quais nos cruzamos todos os dias. Não deveríamos todos praticar os princípios, ideiais, deveres que proclamamos aos sete ventos apenas para parecermos mais "nobres"? Ah, se as palavras valessem tanto como os actos... É triste pensar que os males deste mundo residem em coisas tão velhacas e odiosas como a inveja, a preguiça, o ódio, o orgulho estúpido, o poder desmedido. Bastava pormos todos estes defeitos de lado, olharmos para o mundo como a nossa casa e para todos os seres humanos como os nossos irmãos, agirmos para com eles como verdadeiros irmãos, e então poderíamos, de facto, dizer que todos nós eramos verdadeiros super-heróis...

(A foto foi tirada por mim no World Press Cartoon, em Sintra, em Maio deste ano; o cartoon é de Jota A.)

Nada de novo...


(Foto retirada do site da ESA)

quarta-feira, agosto 09, 2006

A minha terra e os meus concidadãos

"Num dos muros que dão acesso à passagem superior à linha do comboio, junto à baixa do Cacém, uma inscrição referente a uma velha reivindicação pede rampas em vez de escadas. Esta está, no entanto, longe de ser, neste momento, a maior exigência dos moradores e dos comerciantes desta zona. Quando é questionada, a maioria pede o fim das obras do Programa Polis... e rápido!"

(in Diário de Notícias)

How to Fight Loneliness

How to fight loneliness?
Smile all the time

Shine you teeth 'til meaningless
And sharpen them with lies

And whatever's going down
Will follow you around
That's how you fight loneliness

You laugh at every joke

Drag your blanket blindly
And fill your heart with smoke

And the first thing that you want
Will be the last thing you ever need
That's how you fight it

Just smile all the time
Just smile all the time
Just smile all the time
Just smile all the time

Written by Jeff Tweedy


O Sonho

Hoje sonhei. Sonhei que tinha voltado para junto de ti. Que não estávamos a milhares de quilometros de distância um do outro. Que todas as discussões e zangas mesquitas nunca tinham acontecido e só sonhei com os momentos bons que passámos juntos. Sonhei com todos aqueles pequenos momentos em que te segurei nos meus braços, com medo que fugisses de mim. Com medo de que já não me amasses da maneira como eu te amava, com medo de que pensasses que o meu amor era demasiado e te assustava. Sonhei com aquela noite quente de Verão em que contámos todas as estrelas e planetas que os nossos olhos viam no céu, nunca sabendo se aquele brilho além era Venús ou se aquele outro fazia parte da Ursa Maior. Sonhei que nunca tinha visto as tuas lágrimas ou os teus esgares de sofrimento e sonhei ainda que nunca tinha tido pesadelos como aqueles em que te perdia na escuridão. A escuridão. A mesma escuridão que ultimamente chega demasiado cedo, não me deixando ler mais do que cinco páginas do livro que anda há semanas de um lado para outro, do carro para a mesa de cabeceira. A mesma escuridão que fecha as minhas pálpebras e que me impede de ouvir os últimos acordes daquela música que ouvimos juntos vezes sem fim. A escuridão que me adormece, me embala e me leva a sonhar contigo. Sonhos bons e não sonhos maus. Sonhos onde tudo parece que aconteceu ontem e não há anos atrás. Sonhos onde revivo intensamente os nossos momentos de paixão desbragada, onde nos esquecíamos do mundo lá de fora. Os nossos beijos frágeis depois de mais uma inútil discussão, que apenas aparece desfocada no meu sonho. Sonho com os teus cabelos, os teus olhos, a tua pele, todo o teu corpo, e então começo a dar voltas e mais voltas na cama. Tu seguras-me no meu sonho, eu sossego no mundo real do sono. As tuas mãos seguram na minha cara, estranham algo mas não percebo bem o quê. Afinal é um sonho e, por muito que o gostasse, não o consigo controlar. Começo a ouvir um som estranho, bem lá ao fundo. Fico com medo. Medo de que o sonho se transforme num pesadelo, o pesadelo da tua ausência. E quando olho novamente, já não estás lá. O sonho fugiu para o meu inconsciente e eu não pude fazer nada para o evitar. Desespero, ao confirmar que o som estranho não passa de outra coisa que não seja o meu despertador. Acordei. Acordei e tu não estás ao meu lado. E eu deixo-me ficar assim, ausente e meio entorpecido. Bem sei que daqui a meia hora já estarei atrasado e terei que fazer tudo à pressa. Mas por agora, viro-me para o outro lado e tento sonhar com o sonho que tive contigo...

(Meio inspirado por uma fotografia, meio inspirado pela perda de consciência da M.)

sábado, agosto 05, 2006

Indiferença (hoje)

substantivo feminino


1.
insensibilidade e desinteresse relativamente a alguém ou alguma coisa;

2.
falta de entusiasmo, de curiosidade, de paixão; desinteresse; apatia; inércia; frieza;

3.
estado daquele que não possui qualquer preocupação de ordem moral ou religiosa;

4.
MEDICINA estado de certos pacientes que, por doença grave, revelam inconsciência e insensibilidade em relação a tudo quanto os rodeia;

liberdade de indiferença poder de decidir independentemente de motivos, ou sem razão;

(Do lat. indifferentìa-, «indiferença; sinonímia»)


© Copyright 2003-2006, Porto Editora.


I will light the match this morning, so I won't be alone
Watch as she lies silent, for soon light will be gone
Oh I will stand arms outstretched, pretend I'm free to roam
Oh I will make my way, through, one more day in...hell

How much difference does it make
How much difference does it make...

I will hold the candle, till it burns up my arm
I'll keep takin' punches, until their will grows tired
Oh I will stare the sun down, until my eyes go blind
Hey I won't change direction, and I won't change my mind

how much difference does it make
how much difference does it make..
how much difference...

I'll swallow poison, until I grow immune
I will scream my lungs out till it fills this room

How much difference
How much difference
How much difference does it make
How much difference does it make...

(written by Vedder, McCready, Gossard, Ament and Abbruzzese)


Euforia (ontem)


Muitos parabéns, minha querida amiga, e obrigado pelos momentos bons de ontem, pela varanda magnífica, pela comida tão fresquinha, pelos momentos de partilha, pelas músicas que nos lembram tempos bem passados, pela cerveja, vinho e outras bebidas de origem incerta e desconhecida, enfim, por seres como és e me aturares e continuarmos esta nossa amizade que já leva uns bons sete anos em cima. Ah, e obrigado pela foto das luzes que vão iluminando as nossas vidas, a minha e a tua.

quarta-feira, agosto 02, 2006

A Leste nada de novo...

" Os blogs da poetisa tibetana Woeser, cuja obra está censurada na China, foram repentinamente encerrados na passada sexta-feira, informou hoje a organização Repórteres sem fronteiras, RSF.

Num comunicado, o grupo expressa indignação por este acto censório e reclama a reabertura dos blogs, lembrando que a poesia de Woeser «está proibida na China» e «as suas páginas pessoais (na Internet) são o único meio que tem de expressar-se».

Acusando as autoridades chinesas de quererem reduzir a cultura tibetana a «simples folclore turístico», a RSF chama a atenção para o facto de Pequim estar a aplicar um controlo informativo cada vez mais férreo."

(Diário Digital)

É pena que ainda hoje os ecos de Mao soem mais forte que a tolerância e compreensão entre os homens que pessoas como o Dalai Lama ainda tentam apregoar neste mundo confuso. Estes tempos já não deviam ser de revoluções pseudo-culturais mas sim de democracia para com todas as pessoas que habitam (quer queiram quer não) a República Popular da China. Continua a ser mais fácil comprar uma bandeira portuguesa made in China do que escrever um poema no Tibete. Se ao menos os direitos humanos na China fossem correspondentes à sua posição económica no mundo. Ou que fossem, pelo menos, do tamanho da Praça Tiananmen. Sem tanques capazes de esmagar qualquer pobre ser humano que apenas cometeu o pecado de escrever um poema...

terça-feira, agosto 01, 2006

Ela está quase a voltar...

Alguém ainda se lembra de um apelo sincero que aqui fiz? E de uma pequena analogia entre uma sobremesa apetitosa e uma pessoa intragável? Pois é, a pessoa em causa tem estado de férias, dando-me paz e descanso, mas o momento do seu regresso adivinha-se para breve. Mas poderá ter sido dado hoje o primeiro passo para se iniciar o processo de paz entre mim e a senhora. Pelo menos, terei uma ferramenta útil que me permitirá compreender o seu vocabulário sofisticado. É quase um dicionário adaptado à linguagem primitiva que a senhora utiliza.

(Obrigado, Carla e Cláudia, pela prenda e por tornarem os meus dias de trabalho mais suportáveis, especialmente nos dias de folga;)