Um soco no estômago. Foi isto que eu senti numa das cenas do filme United 93. Quase parecia que tinha recuado cinco anos atrás e me encontrava de novo, na minha hora de almoço, a ver as imagens que chegavam até Portugal via CNN. O filme traça os passos que levaram ao sequestro de um dos aviões no dia 11 de Setembro de 2001, mais exactamente o voo que teria como destino destruidor um dos símbolos da democracia norte-americana, a Casa Branca. Até chegarmos ao momento em que o voo United 93 é, de facto, sequestrado (um momento poderosíssimo, que me perturbou imenso e ao qual, acho eu, ninguém consegue ficar indiferente), passamos em revista a forma como todo o espectro de autoridades norte-americanas é tomada de surpresa pelos ataques terroristas e pela forma como o desnorte entre elas leva a que ninguém consiga ter uma reacção de forma a impedir que, um após outro, os aviões sequestrados acabem por ir atingindo os seus alvos. Todo o impacto que um acontecimento como o 11 de Setembro (um dos momentos-chave na nossa História contemporânea e cujas implicações estão ainda longe de chegarem ao fim, na minha opinião) tem na nossa memória é recuperado de tal forma por este filme, que as emoções de algumas cenas nos deixam desconfortáveis na sala de cinema. Nenhum comentário com pessoa do lado é possível, tal a força das imagens a que estamos a assistir. O momento que me deixou mais "arrepiado" não foi a coragem dos passageiros do voo 93 (apesar de ficar registado, mais uma vez, o sentimento de sobrevivência face à adversidade de que o ser humano é capaz) nem a possível raiva que poderíamos sentir em relação aos raptores (cujo desprezo pelas suas vidas e pelas de outros perfeitamente inocentes com base num conceito ou numa ideia que nada tem a ver com violência), mas sim a tomada de consciência dos passageiros de que vão morrer e que se despedem daqueles que amam e que sabem que não tornarão a ver. E é por esse momento no filme que eu sei que a memória do 11 de Setembro me irá acompanhar até ao resto dos meus dias.
4 comentários:
Tenho andado arredada da blogosfera :( o tempo, o tempo que por mais que o tente esticar ele recusa-se a crescer...
Como vi que já tenho muita leitura em falta e como tens aqui assuntos bastante interessantes que quero ler com a atenção que merecem, volto mais logo :)
Bom fim de semana numa dessas esplanadas cheias de sol frente ao mar, hummm que saudades :)
nao vi ainda, mas é essa a m/ideia tb a 'tomada de consciência' que sempre me 'arrepiou' o saber que pouco mais temporesto, e esse pode nem dar para dizer/fazer nada...
Ponto prévio: ainda não vi o filme. Mas pelo que tenho lido, é realmente bom. Seria fácil fazer borrada num filme deste género e muita gente criticou dizendo que era cedo demais para se fazer. Pelos vistos, foi bem conseguido e Paul Greengrass conseguiu captar o espírito dos acontecimentos sem grande dramatização. Espero sinceramente conseguir vê-lo, porque acho que vai valer a pena.
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