sábado, agosto 26, 2006

Porque não devemos esquecer

Um soco no estômago. Foi isto que eu senti numa das cenas do filme United 93. Quase parecia que tinha recuado cinco anos atrás e me encontrava de novo, na minha hora de almoço, a ver as imagens que chegavam até Portugal via CNN. O filme traça os passos que levaram ao sequestro de um dos aviões no dia 11 de Setembro de 2001, mais exactamente o voo que teria como destino destruidor um dos símbolos da democracia norte-americana, a Casa Branca. Até chegarmos ao momento em que o voo United 93 é, de facto, sequestrado (um momento poderosíssimo, que me perturbou imenso e ao qual, acho eu, ninguém consegue ficar indiferente), passamos em revista a forma como todo o espectro de autoridades norte-americanas é tomada de surpresa pelos ataques terroristas e pela forma como o desnorte entre elas leva a que ninguém consiga ter uma reacção de forma a impedir que, um após outro, os aviões sequestrados acabem por ir atingindo os seus alvos. Todo o impacto que um acontecimento como o 11 de Setembro (um dos momentos-chave na nossa História contemporânea e cujas implicações estão ainda longe de chegarem ao fim, na minha opinião) tem na nossa memória é recuperado de tal forma por este filme, que as emoções de algumas cenas nos deixam desconfortáveis na sala de cinema. Nenhum comentário com pessoa do lado é possível, tal a força das imagens a que estamos a assistir. O momento que me deixou mais "arrepiado" não foi a coragem dos passageiros do voo 93 (apesar de ficar registado, mais uma vez, o sentimento de sobrevivência face à adversidade de que o ser humano é capaz) nem a possível raiva que poderíamos sentir em relação aos raptores (cujo desprezo pelas suas vidas e pelas de outros perfeitamente inocentes com base num conceito ou numa ideia que nada tem a ver com violência), mas sim a tomada de consciência dos passageiros de que vão morrer e que se despedem daqueles que amam e que sabem que não tornarão a ver. E é por esse momento no filme que eu sei que a memória do 11 de Setembro me irá acompanhar até ao resto dos meus dias.

4 comentários:

Micas disse...

Tenho andado arredada da blogosfera :( o tempo, o tempo que por mais que o tente esticar ele recusa-se a crescer...
Como vi que já tenho muita leitura em falta e como tens aqui assuntos bastante interessantes que quero ler com a atenção que merecem, volto mais logo :)
Bom fim de semana numa dessas esplanadas cheias de sol frente ao mar, hummm que saudades :)

inBluesY disse...

nao vi ainda, mas é essa a m/ideia tb a 'tomada de consciência' que sempre me 'arrepiou' o saber que pouco mais temporesto, e esse pode nem dar para dizer/fazer nada...

Célia disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Célia disse...

Ponto prévio: ainda não vi o filme. Mas pelo que tenho lido, é realmente bom. Seria fácil fazer borrada num filme deste género e muita gente criticou dizendo que era cedo demais para se fazer. Pelos vistos, foi bem conseguido e Paul Greengrass conseguiu captar o espírito dos acontecimentos sem grande dramatização. Espero sinceramente conseguir vê-lo, porque acho que vai valer a pena.