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terça-feira, março 17, 2009

Abstinência (not!)

"He went to the bottom, put his soul on fire"

Sempre tive conflitos com despertadores. O som emitido logo pela manhã sempre me irritou os nervos, logo eu que nem sequer sou daqueles indíviduos que com cada novo acordar, quase parece que o céu desabou nas suas cabeças, ou que as portas do Inferno ficaram abertas, libertando todos os demónios matutinos. Mas mesmo com um acordar normalmente pacífico, sempre tive vontade de arrebentar os despertadores a tiros de caçadeira (isto deve ser a minha alma suburbana a trabalhar...).

Até ao dia em que as novas e maravilhosas tecnologias me permitiram acordar quase todos os dias com aquele som de baixo cavernoso, o saxofone exterminador de insónias e a guitarra possuída pelo espírito maligno de Ennio Morricone.

Nesse dia, e apesar de acordar por vezes com calafrios e os olhos a saltarem das órbitas e o sentimento de que a escuridão do quarto me vai devorar, nesse dia, dizia eu, acabei por me atrasar muitas menos vezes do que acontecia antes. E o facto de a cama já não me deixar voltar para o outro lado e ameaçar-me com impropérios vários também acaba por ajudar.

Haja dEUS!

domingo, março 26, 2006

Ode Ao Éter

Todas as palavras que se seguem "nasceram" de uma viagem de carro pela Marginal, a ouvir rádio, claro está. Depois disso, fiquei um dia ou dois a pensar nesta ideia e, à medida que mais pensava e recordava, mais coisas iam aparecendo...

A memória mais antiga que tenho da rádio é a banda sonora dos almoços de domingo, fornecida pelos Parodiantes de Lisboa, que emitiam o seu programa de fim-de-semana, "Meia Bola e Força", onde se gozava de uma maneira saudável com o mundo da bola. É também dessa altura os fins de tarde durante a semana, a fazer os trabalhos de casa da escola, com a minha mãe a cozinhar o jantar e a ouvirmos o mítico "Quando o telefone toca". Para completar este leque de memórias, havia também ocasionalmente o "Bola Branca", com o Ribeiro Cristovão e o "Jogo da Mala", com o António Sala.

Lembro-me do aparecimento da Rádio Cidade, onde se estranhava o sotaque brasileiro, e onde se ouvia de tudo um pouco, daquilo que se gostava e daquilo que não se gostava.

Uma rádio que foi muito importante para a formação dos meus gostos musicais foi, sem dúvida, a Rádio Marginal. Foi onde ouvi pela primeira vez os Guns N' Roses, os Nirvana, entre muitos outros. O melhor eram os fins-de-semana, onde se ouvia música e mais música, sem locutores nem publicidade, algo que era um maná na altura. Iniciou um período da minha vida onde ouvi muito rock FM, hard rock (programas como o "Marginal On The Rocks" ou o "Rock Mix" trazem-me boas recordações) e comecei a ouvir algum heavy metal, fruto de um programa chamado "Caminhos de Ferro". Por intermédio deste, comecei a passar algumas noites em branco para poder ouvir o "Hiper-Tensão", com o eterno António Freitas, na Antena 3. Esta também havia de ser uma rádio de referência para mim, até aos dias de hoje. Aqui ouvi pela primeira vez bandas portuguesas como os Blind Zero, os Zen, The Gift, Blasted Mechanism, e muitas outras, umas ainda existentes, outras nem por isso.

Como este post não pretende ter uma linha temporal coerente, acabei de me lembrar de uma rádio cujo término me trouxe alguma tristeza, a defunta Rádio Energia. Quase todas as vozes radiofónicas reconhecíveis pela minha geração passaram por essa estação, como o Miguel Simões, José Mariño e Henrique Amaro, todos com ideias novas e frescas de como fazer rádio.

Como nada é imutável, especialmente em termos de gostos, também as "minhas" músicas foram mudando e tentar descobrir coisas novas começou a ser um passatempo interessante. Resultado: comecei a ouvir a também já defunta XFM. Stereolab, dEUS, More República Masónica, Sonic Youth, Bjork e muitas mais coisas ao barulho. Ah, e como ponta-de-lança, a voz inconfundível de António Sérgio, o clone português do John Peel (r.i.p.). Aquela voz áspera "apresentou-me" bandas e cantores que nunca pensei ouvir, e até há pouco tempo continuava a seguir o trabalho deste senhor, na "Hora do Lobo", na Rádio Comercial.

Depois aderi ao fenómeno dos "programas da manhã". Delirei com o "Homem que Mordeu o Cão", as crónicas do Herman, e as Bolas com Creme, do amigo Bubú. "Viciei-me" na TSF, na qualidade das suas reportagens, nos comentários loucos da "Bancada Central", no estilo tresloucado de Jorge Perestrelo (r.i.p.) quando anunciava um golo, na emissão histórica pela libertação de Timor-Leste. Hoje ainda vou ouvindo o Bubú, quando posso, a "Prova Oral" na Antena 3, e, quando sinto algumas saudades, um ou outro relato de futebol na TSF.

Nos dias de hoje, ainda vou ouvindo rádio, seja no carro, pela Internet quando estou de volta deste Espaço, ou na aparelhagem, quando estou a ler alguma coisa. Vou ouvindo a Rádio Radar (que ainda me vai surpreendendo com algumas propostas de música nova, fugindo aos "suspeitos do costume"), a Oxigénio (claro sinal que hoje ouço coisas bem diferentes de há 10 anos atrás) e, sempre que posso, tento não perder a "Quinta dos Portugueses", na Antena 3, que vai mostrando o que de melhor se faz por estas bandas.

Muita coisa fica por dizer àcerca da presença das ondas hertzianas na minha vida, mas com a certeza de que não me irei render tão cedo ao puro download de músicas via i-Tunes. Até porque acho que a voz humana é o instrumento mais puro que temos, seja a cantar, a conversar, a ler, a declamar, ou simplesmente a anunciar a música que se segue.

(Foto de Will Koffel)

terça-feira, dezembro 06, 2005

Aleluia! Eu vi dEUS! (Ondas Sonoras - IV)

Acabou há cerca de uma hora atrás uma verdadeira cerimónia religiosa. Mais uma vez, dEUS desceu até terras lusas e nós, como bons crentes que somos, atendemos à sua chamada. O concerto até começou numa certa onda reverencial, com todos os fieis sentados, a apreciar o espectáculo de dEUS. Mas bastou o apelo do apóstolo Tom Barman para que todos saltassem das cadeiras e apreciassem as maravilhas de dEUS. A emoção ao longo das quase duas horas de espectáculo foi tanta que este vosso escriba apenas conseguiu tirar todas estas fotos defocadas que aqui aparecem. Os sons de dEUS são quase um maná caído dos céus, quer seja nos momentos mais ruidosos e crus, quer seja nos momentos mais melancólicos e quase angelicais. Todos os elementos de dEUS estavam alinhados e o seu som parecia entrar por todas as nossas entranhas e encher-nos de luz. Mesmo as músicas do último album, que em disco soam um pouco mais suaves e com menos momentos de fúria, foram dotadas de um poder e força que só a dEUS compete. Esperei mais de 12 anos para poder ver dEUS, mas foi, sem dúvida, uma espera que valeu a pena. O climax deu-se já no encore, aos primeiros acordes de "Suds & Soda". Todos os crentes deram pulos de alegria e gritaram a plenos pulmões a palavra de dEUS. Havia sorrisos nos rostos dos fieis e todos estavam a transbordar de felicidade. Era altura de dEUS se retirar para terras belgas. Tenho quase a certeza que este foi o concerto da minha vida, mas tenho que deixar que o efeito dos sons de dEUS deixe de se propagar pela minha alma. Como dEUS disse, "Thank you... For the roses, for the roses...".