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quinta-feira, abril 17, 2014

Piano negro, música iluminada

"Não há barco que de noite não seja negro. E não há dia que em certo momento não se confunda com a noite. E mesmo com os pés em cima de chão que não balance corres sempre o risco de naufrágio. Estar vivo é estar num barco, sim, e a cor dele, a tinta, se raspares bem, debaixo de mil outras, é sempre a mesma: o barco é negro, meu caro, não te iludas, sempre negro, sempre negro.

(Mas enquanto os elementos naturais e os elementos malvados não rasparem as tintas alegres, aproveita, meu caro. Por exemplo, hoje, ali, do outro lado da rua, parece que querem começar um baile. E já te enviaram o convite.)"

Gonçalo M.Tavares in "Amália por Júlio Resende"






quinta-feira, março 25, 2010

Palavras para Carlos Paredes

"(...) Nas cordas da guitarra improvisam-se criaturas. Monstros modestos avançam direitos em equilíbrio sobre uma corda minúscula. Um dedo: vê o dedo equilibrar-se na corda da guitarra: é um equilibrista de circo: pode cair, não cai. Tudo o que corre perigo e não cai provoca espanto. Vê os dedos, observa cada um dos dedos. Vê como se equilibram. Enquanto não cais, sê criativo. Aproveitar o facto de estar vivo para estar vivo duas vezes: a grande imaginação. (...)"

Gonçalo M. Tavares