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terça-feira, janeiro 31, 2012

Húmus

"Siga a vida seu curso esplêndido. Sabe a sonho e a fer-
ro. E ternura, desgraça e desespero. Leva-nos, arrasta-nos,
impele-nos, enche-nos de ilusão, dispersa-nos pelos quatro
cantos do Globo. Amolga-nos. Levanta-nos. Aturde-nos.
Ampara-nos. Encharca-nos no mesmo turbilhão do lodo.
Mata-nos. Mas um momento só que seja obriga-nos a olhar
para o alto e até ao fim ficamos com os olhos estonteados.
Eu creio em Deus."

Raul Brandão


quarta-feira, outubro 26, 2011

Húmus

"Atrás da insignificância andam os céus, os mundos, os
vagalhões doirados. Anda o desespero. Anda o instinto fe-
roz. Atrás disto andam as enxurradas de sóis e de pedras,
e os mortos mais vivos do que quando estavam vivos.
Atrás do tabique e das palavras anda a Vida e a Morte e ou-
tras figuras tremendas. Atrás das palavras com que te ilu-
des, de que te sustentas, das palavras mágicas, sinto uma
coisa descabelada e frenética, o espanto, a mixórdia, a dor,
as forças monstruosas e cegas.

(...)

Só a insignificância nos permite viver. Sem ela já o doi-
do que em nós prega, tinha tomado conta do mundo. A in-
significância comprime uma força desabalada.

Raul Brandão