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quinta-feira, abril 12, 2007

Sábado

"Agora que achamos que percebemos tudo, qual é o ponto da situação? Depois das ruinosas experiências do século anterior, de tantos comportamentos incorrectos, de tantas mortes, instalou-se um agnosticismo repugnante em torno das questões da justiça e da redistribuição da riqueza. Acabaram-se os grandes ideais. O mundo terá de melhorar, se é que algum dia vai melhorar, a pouco e pouco. A maioria das pessoas tem uma visão existencialista da vida - ter de ganhar a vida a varrer as ruas é visto apenas como uma questão de azar. Não estamos numa era visionária. As ruas têm de ser limpas. Os azarados que se cheguem à frente."

Ian McEwan

terça-feira, abril 10, 2007

Tempo

Alguns barcos, alguns bares. O mar ali mesmo ao lado, tão perto quanto é possível nesta altura do ano. Umas quantas pessoas por ali, a passear, sentados, a correr, a aproveitar o bom tempo que ainda se vai sentindo, antes que aquelas nuvens ao longe se aproximem. À minha frente um casal mais o filho, quase a entrar na adolescência. Ela abraça-o, ele puxa-a para si. Parecem apaixonados. Vão ouvindo o filho a falar incessantemente sobre os barcos parados mesmo ali. Mesmo ao meu lado, um outro casal, este de muitos anos, provavelmente muitas décadas. Os cabelos brancos dele e as rugas por baixo dos olhos dela apenas os tornam ainda mais sublimes, de uma beleza pura e intocada. Vão trocando sorrisos com o empregado de mesa, enquanto ele os ajuda a escolher a refeição. Para eles os dois, a vida continua a valer a pena, ou assim parece. Do outro lado, nas mesas junto ao corrimão, duas raparigas da minha idade vão conversando, baixinho, muito baixinho. De óculos escuros, viradas para o sol, em busca de luz, seja para as guiar, ou apenas para lhes dar alento de seguir o caminho que desejam. Serão amigas de muitos anos e de muitos episódios, a julgar pelos silêncios cúmplices que deixam escapar de vez em quando. Também recebem muitos olhares do grupo que se encontra à sua frente. Quatro amigos em grande galhofa, a beberem imperiais e a discutirem os assuntos banais de quem não precisa de grandes conversas para se divertirem uns com os outros. Os olhares para o sexo oposto, a futebolada da semana, os copos mais logo quando o sol se puser, e os telemóveis, a interromperem a conversa quase à vez, quase a tentar puxá-los para a realidade. E eu ali estou. A observar tudo por trás dos óculos escuros. Com um copo à minha frente e, felizmente, com a ausência do cinzeiro em cima da mesa. Só com o livro que comecei a ler ontem. Com a companhia das primeiras páginas que se vão revelando. Uma torrente de jargão de neurocirurgia, quase incompreensível, não fossem os muitos episódios vistos e revistos do House. O sentimento de viver numa sociedade encoberta por nuvens de terrorismo, fundamentalismo e violência sem limites e que, quando menos esperamos, nos deixam em sobressalto. A história de como um romance pode nascer de uma tragédia que acaba por se tornar benigna, e que floresce como quem cuida de um jardim. Só eu, mais o meu livro, o copo, e o sol que me vai aquecendo. E neste momento não preciso de mais nada. Só isto e a vida que me rodeia. Aqui no cais, a ver a maré a encher, sem me preocupar com o passar do tempo.


segunda-feira, junho 12, 2006

Recaída

1º Round:
"Sábado", de Ian McEwan

2º Round:
"Contos Populares Chineses, primeiro volume"
"Contos Populares Chineses, segundo volume"
"Contos Populares Portugueses"
"Contos Populares Noruegueses"
(todos da Editora Landy)
"O Mar na Poesia da América Latina"
"Folhas Caem, Um Novo Rebento", de Hogen Yamahata

Mais uma vez, a Feira do Livro leva a melhor sobre a minha pessoa e leva a minha conta bancária à bancarrota. E agora? O que vou comer? O que vou vestir? E, mais importante do que tudo isto e tendo em conta que estamos em plena festa de Santo António, como é que vou fazer para beber???

domingo, junho 04, 2006

Hoje

O destino foi a Feira do Livro. Apesar de já não haver tantos participantes como dantes (quer em número de participantes quer em número de clientes), continua a ser uma desculpa para um pequeno passeio de Domingo. Tenho a dizer que este ano contive-me (pelo menos nesta primeira visita;) e só comprei um livro, "Sábado" de Ian McEwan. Com muito Sol e calor, ainda deu tempo para encontrarmos uma nova "amiga", apresento-vos a Button Cow.

É bonita, não é? E mais dificil que fazer com que ela não se mexesse foi mesmo tirar a fotografia sem ninguém por perto. Uma autêntica proeza! Entretanto, assisti ao clímax de um fenómeno que está de volta, depois de ter feito a primeira aparição em 2004. Não vou sequer tecer comentários a favor ou contra (tenho medo das represálias, neste último caso), mas mesmo assim custa-me um bocado conpreender esta coisa, visto que nunca me apercebi, em quase 30 anos, que o nosso povo fosse assim tão patriótico. Será que foi preciso um seleccionador brasileiro para "acordar" o nosso espírito de pátria? Enfim, fica a foto...