segunda-feira, novembro 21, 2005

A velhice

A propósito da Jornada sobre o Envelhecimento, organizada pelo nosso Presidente da República.

Cheguei à conclusão que envelhecer assusta-me. Mete-me receio. Medo. Mais até que a própria morte. Porque também o acto de envelhecer é uma incógnita. O que será que está lá, ao virar da esquina? O que será que vai ceder primeiro? O corpo? A mente? Estarei sozinho nessa altura ou terei o apoio de alguém? Vou chegar aos oitenta? Ou ficarei pelos sessenta? O meu corpo irá lentamente cedendo ao peso da idade, como o da minha avó? Ou sentirei o meu pensamento escorrer como a areia de uma ampulheta, tal como o do meu avô?

À medida que estas ideias se vão formando na minha cabeça, sinto-me reconfortado por pensar na minha bisavó, que tive a extrema felicidade de ainda conhecer viva. Uma verdadeira senhora, apesar das suas origens humildes, e cujas ideias estavam bem avançadas para o seu tempo. Viveu quase 90 primaveras, cheias de dificuldades, é certo, mas ao mesmo tempo com a felicidade de ter reunido à sua volta filhas, genros, netos e bisnetos que tinham em comum um enorme amor por ela.

E era assim que eu também gostava de envelhecer, com a mesma alegria, vontade de viver e paixão pela vida com que a minha bisavó me recebia cada vez que eu chegava à soleira da sua porta e fazia questão de me abraçar com ternura, e me deixava "brincar" com as suas rugas de alguém que não tinha medo de envelhecer...

6 comentários:

Rui Gonçalves disse...

Envelhecer é uma coisa bonita... Ficar velho é que é mau! Não penses muito nisso porque ficas velho depressa.

O meu avô morreu há menos de um ano com 95 anos! Lúcido! É assim que eu me vejo...

Nuno Guronsan disse...

Sim, amigo, é mesmo assim que eu também gostava que fosse...

Anónimo disse...

A velhice tem que ser encarada como uma coisa natural amigo, temos é que nos manter jovens em espirito.se isso nos acontecer, acredita que a velhice não nos atinge com tanta força

Nuno Guronsan disse...

Sim, amigo, fico muito contente que fales como se já tivesses passado por uma vida inteira. Não te esqueças que ainda és um puto (tal como eu)...

Anónimo disse...

eu sei que sou um puto novo e giro, mas penso que deve ser assim que nós devemos encarar a velhice, não achas?e chegar ao fim e pensar que valeu a pena...

José Raposo disse...

Essa coisa de seres um puto novo e giro, parece aquilo do freco e fofo...