domingo, abril 02, 2006

O meu reino por um MP3...

"Nas próximas semanas, os portugueses que tenham carregado ou descarregado ilegalmente músicas na internet irão receber uma carta a convidá-los a pagar uma indemnização por desrespeito dos direitos de autor ou, em alternativa, enfrentar um processo judicial."

Pelas minhas contas, devo ter uma centena de cassetes com outros tantos albuns de variados artistas, nacionais e estrangeiros. Todas foram gravadas de LPs ou CDs, por mim ou por amigos meus. Na altura em que as gravei, era um estudante com pouco dinheiro no bolso, a minha familia pertencia à classe média (ainda assim acontece hoje em dia), e lembro-me perfeitamente que só para me oferecerem uma aparelhagem como prémio por ter entrado na faculdade fizeram sacríficios. Um CD seria normalmente uma prenda de aniversário de algum familiar ou amigo da minha idade. Nesses tempos, tal como hoje, o CD era um artigo dispendioso.

Se acho que os direitos de autor devem ser preservados? Sim, sem dúvida. Se acho que o consumidor deve ser levado a tribunal para pagar esses direitos? Não, em absoluto. Com tantos fios por onde pegar no novelo (preço dos CDs, contratos entre editoras discográficas e artistas, "preço" da cultura, investimento em marketing vs. investimento em novos artistas), porque é que o fio a "queimar" primeiro há-de ser aquele que verdadeiramente ama a música?

O sr. John Kennedy menciona que a pirataria é uma das razões para as editoras discográficas não investirem tanto na música nacional. Será que é mesmo assim? Ainda esta semana via num programa de televisão que este problema já existia ainda antes da partilha de ficheiros na Internet. Pergunto-me o que aconteceria se todos os músicos pegassem nas suas perninhas e saíssem das respectivas editoras. Talvez que assim os consumidores comprassem, de facto, mais CDs, por saberem que o dinheiro ia mesmo para quem o merecia (os músicos) e não para os bolsos já de si recheados dos executivos à frente das editoras.

Leitura obrigatória:
A Quinta do Aníbal
Sticky Scratch

5 comentários:

Célia disse...

Este sr. Kennedy diz que o preço a que os cds são vendidos é justo. Para ele. decerto, até deve ser, porque duvido que ele ganhe o mesmo que eu. Não lhe deve fazer grande diferença se um cd custa 10, 20 ou 30 euros. Mas ao comum dos mortais faz. Porque é que o IVA dos cds é 21% e o dos livros é 5%? A música não é cultura?
Concordo plenamente quando dizes que existem muitos mais sítios por onde pegar...

José Raposo disse...

Tens consciência que se eu for processado e a minha casa devassada para encontrarem esse tipo de material ilegal, grande parte da culpa é tua, certo?

Nuno Guronsan disse...

Culpa minha??? Não te entendo, Suburbano, não tenho nada a ver com os MP3 que possam, por mero acaso, passear pela tua casa...

a miúda disse...

Na realidade muita coisa poderia ser dita sobre este assunto, eu vou limitar-me a esperar para ver.
Se me vierem bater à porta, também lhes posso dizer simplesmente que durante muito tempo em Coimbra se se queria comprar um CD mais fora do comum ou se recorria à internet para o comprar, ou se recorria à Almedina que sendo uma boa discoteca, não é sem dúvida alguma acessivel aos bolsos do comum dos mortais!
Mas processos em Portugal?! Vai ser para rir...

Célia disse...

Mais alguns aspectos relevantes em relação a este assunto:

http://clientes.netvisao.pt/pintosaa/Manifesto.htm