domingo, abril 16, 2006

Uma História Simples


Quem conhece o trabalho de David Lynch, sabe que o bizarro, o desconhecido e o estranho são as notas dominantes dos seus filmes. Mas Uma História Simples é diferente disso. Neste filme não há homens-elefante, ninguém recebe uma orelha decepada no correio, não há anões a falarem línguas estranhas, ninguém anda com um tronco ao colo, não há paixões doentias, não há auto-estradas perdidas com personagens estranhas pelo caminho, nem loiras com amnésias ou desejos lebidinosos. Não, este filme é um retrato da América no seu estado mais "normal", de acordo com a visão de Lynch. Talvez por se tratar de uma história tão simples, resida aí a razão para este filme ser tão despretencioso e tão rico de ingredientes, exactamente aquilo a que falta a muita da produção que nos chega de Hollywood. Só os olhos, as rugas e a voz do actor Richard Farnsworth (r.i.p.) mereciam uma longa-metragem, ficará muito provavelmente esta para a história. Mas a câmara de Lynch parece deslizar pelas longas auto-estradas americanas, crivadas pelo calor e pelos relâmpagos, pelos infindáveis campos de cereais, pelos vales e colinas que compõem o interior norte-americano. Quase se poderia dizer que David Lynch utiliza o cinema como uma tela para uma obra-prima e não para publicidade barata...

2 comentários:

Navel disse...

One of my favourite films of all times. Just simple, just that.
Thanks for the memory.

Nuno Guronsan disse...

I guess it's a blessing that there are still movies like this and we don't have to see only the typical hollywood movie. So, thank you very much, mr. Lynch.

Glad I could bring back a good memory, Navel!