quarta-feira, agosto 09, 2006

O Sonho

Hoje sonhei. Sonhei que tinha voltado para junto de ti. Que não estávamos a milhares de quilometros de distância um do outro. Que todas as discussões e zangas mesquitas nunca tinham acontecido e só sonhei com os momentos bons que passámos juntos. Sonhei com todos aqueles pequenos momentos em que te segurei nos meus braços, com medo que fugisses de mim. Com medo de que já não me amasses da maneira como eu te amava, com medo de que pensasses que o meu amor era demasiado e te assustava. Sonhei com aquela noite quente de Verão em que contámos todas as estrelas e planetas que os nossos olhos viam no céu, nunca sabendo se aquele brilho além era Venús ou se aquele outro fazia parte da Ursa Maior. Sonhei que nunca tinha visto as tuas lágrimas ou os teus esgares de sofrimento e sonhei ainda que nunca tinha tido pesadelos como aqueles em que te perdia na escuridão. A escuridão. A mesma escuridão que ultimamente chega demasiado cedo, não me deixando ler mais do que cinco páginas do livro que anda há semanas de um lado para outro, do carro para a mesa de cabeceira. A mesma escuridão que fecha as minhas pálpebras e que me impede de ouvir os últimos acordes daquela música que ouvimos juntos vezes sem fim. A escuridão que me adormece, me embala e me leva a sonhar contigo. Sonhos bons e não sonhos maus. Sonhos onde tudo parece que aconteceu ontem e não há anos atrás. Sonhos onde revivo intensamente os nossos momentos de paixão desbragada, onde nos esquecíamos do mundo lá de fora. Os nossos beijos frágeis depois de mais uma inútil discussão, que apenas aparece desfocada no meu sonho. Sonho com os teus cabelos, os teus olhos, a tua pele, todo o teu corpo, e então começo a dar voltas e mais voltas na cama. Tu seguras-me no meu sonho, eu sossego no mundo real do sono. As tuas mãos seguram na minha cara, estranham algo mas não percebo bem o quê. Afinal é um sonho e, por muito que o gostasse, não o consigo controlar. Começo a ouvir um som estranho, bem lá ao fundo. Fico com medo. Medo de que o sonho se transforme num pesadelo, o pesadelo da tua ausência. E quando olho novamente, já não estás lá. O sonho fugiu para o meu inconsciente e eu não pude fazer nada para o evitar. Desespero, ao confirmar que o som estranho não passa de outra coisa que não seja o meu despertador. Acordei. Acordei e tu não estás ao meu lado. E eu deixo-me ficar assim, ausente e meio entorpecido. Bem sei que daqui a meia hora já estarei atrasado e terei que fazer tudo à pressa. Mas por agora, viro-me para o outro lado e tento sonhar com o sonho que tive contigo...

(Meio inspirado por uma fotografia, meio inspirado pela perda de consciência da M.)

2 comentários:

A disse...

... e um dia deixas de ter esse sonho para passares a sonhar de olhos abertos...

... e um dia apercebes-te de que estás sozinho e sorris.

Beijo

PenaBranca disse...

wow, o furação das emoções em melhor forma. força aí irmão! quem me dera um ínfimo para publicar mais um resquício da alma.