Cheguei a casa. O dia tinha sido demasiado cansativo. Reuniões atrás de reuniões que não levaram a lado algum. Ansiava por tirar o fato e a gravata, ouvir o disco de jazz que tinha comprado anteontem e saborear um bom copo de vinho. Dirigi-me para o quarto que estava na mais completa escuridão. No momento em que me preparava para acender a luz, uma voz impediu-me de o fazer. Não pensei que ela já tivesse chegado e porque razão estava ali, no escuro do quarto. Acendeu a luz do candeeiro da mesa de cabeceira. A mesma projectou estranhas sombras na lingerie de seda azul que vestia, deitada na cama. Olhou-me como quem olha uma presa, um olhar frio, quase animal. Aproximei-me da cama para lhe dar um beijo de boas noites mas ela parou-me. No momento em que ia falar, ela colocou-me um dedo sobre os lábios e pediu-me silêncio. O seu corpo foi-se aproximando lentamente do meu, eu de pé e ela ajoelhada sobre a cama. Os seus longos cabelos negros pareciam ter um efeito quase magnético, puxando-me para eles. A fina seda da lingerie deixava transparecer as formas quase perfeitas dos seus seios e o pequeno vale que ficava no seu centro. Pegou na minha gravata e começou a desapertá-la, com movimentos lentos que deixavam entrever o momento de luxúria que se aproximava. Foi-me despindo as peças de roupa uma a uma até que apenas restou um monte num dos cantos do quarto. Encontrava-me nu e, por uma vez na vida, algo envergonhado, sem saber o que era esperado que eu fizesse. Ela continuou o seu plano, o que quer que ele fosse. Forçou-me a deitar-me enquanto ela permanecia agora de pé. Sem que nada o fizesse prever, começou a retirar o pedaço de tecido que ainda cobria o seu igualmente corpo desnudado. Os seus movimentos eram de uma sensualidade que eu nunca teria adivinhado que ela possuísse. Seria mesmo ela ou uma personagem fictícia? Estaria eu acordado ou teria adormecido ao teclado do computador, no escritório? Quando também ela se encontrava despida, o seu corpo deslizou para a cama, sobrepondo-se ao meu. Estava por cima de mim, os seus cabelos caíndo sobre a minha face, impedindo-me de ver o que se passava. As suas mãos começaram a explorar o meu corpo, como se fosse a primeira vez que o fazia. As minhas mãos queriam fazer o mesmo, mas ela imediatamente dava a entender que não o devia fazer. Para apaziguar a minha ânsia, os seus lábios juntaram-se aos meus, num longo e húmido beijo. O quarto estava quente e sufocante, talvez derivado de toda a sedução com que ela me tinha envolvido. Quando de facto entrei dentro dela, já o suor corria pelos nossos corpos, deixando-os com um brilho que apenas era denunciado pelas luzes que entravam pelas frestas da persiana. Não sei quantas horas se passaram até que os nossos corpos clamassem por descanso, mas até esse momento a nossa paixão foi consumida como nunca até a essa noite. Ainda hoje me questiono se todo aquele fogo realmente aconteceu ou se apenas não passou de uma fantasia minha...
5 comentários:
Uau... Muito bom mesmo...
Ora aí está um texto que inspira. :-) Muito bom.
Respira-se sedução. Gostei muito destas linhas.
Devo esclarecer uma coisa que, pelos vistos, só parece ter sentido para mim: algum de vocês reparou na fina ironia do título do post?
De qualquer maneira, a minha vénia e eterno agradecimento aos vossos comentários...
Nunca tive nenhuma revista Gina por perto, mas este texto está muuuuuuuuuuuito longe da pornografia barata. Gosto dele e pronto! ;)
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