domingo, outubro 01, 2006

Riding the wave

Transparente. A vida consegue ser assim, por vezes. Transparente. Sem zonas opacas, que nos escondem os pormaiores que fazem com que tempo e espaço avancem implacavelmente. Onde conseguimos ver como na realidade são mais as coisas que nos juntam do que as que nos separam. Que os elos que nos ligam podem assumir contornos estranhos, previsíveis ou mesmo infinitamente ténues, mas continuam lá, a enfrentar as tormentas em que as nossas vidas por vezes mergulham, resistindo às ondas gigantes que se abatem sobre nós e nos levam ao fundo, para longe da claridade. A transparência mostra-nos a nossa verdadeira importância infinitesimal no grande espaço que partilhamos e despoja-nos de todos os nossos preconceitos, estereótipos, enfim, todas as amarras que nos prendem a uma falsa definição de quem somos e nos impedem de disfrutar da vida como ela merece. Tanta racionalização, tantos pensamentos, tantos dados pré-fabricados, quando no fundo apenas no enganamos e tentamos enganar os que nos rodeiam. Mas os elos, os elos conseguem ver o nosso ser transparente, conseguem ver para lá da camada de verniz brilhante que tentamos pôr para evitarmos misturarmo-nos com a realidade. E são esses mesmos elos que dão algum significado à nossa vida, a todos os segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos que a compõem. E no final, quando formos ver toda a nossa vida num rápido rewind, apenas poderemos dizer até sempre e obrigado por todos os peixes! Porque, como todos sabem, a resposta à nossa Derradeira Pergunta é, sem sombra de dúvida e com toda a transparência, 42.

(Obrigado, Cuotidiano, pela inspiração que agora caminha lado a lado com uma fotografia de sábado à tarde. Que os ex-noivos sejam muito felizes!)

5 comentários:

PenaBranca disse...

tens toda a razao. e agora o bom é saltar para a agua e viver a vida ou ficar de fora ve-la passar?

Nuno Guronsan disse...

Há dias para tudo... Neste momento estou com um enorme anseio de saltar para dentro da vida e vivê-la de braços abertos ao que ela me oferecer...

PenaBranca disse...

seize the opportunity!

A disse...

"Tanta racionalização, tantos pensamentos, tantos dados pré-fabricados, quando no fundo apenas no enganamos e tentamos enganar os que nos rodeiam. Mas os elos, os elos conseguem ver o nosso ser transparente, conseguem ver para lá da camada de verniz brilhante que tentamos pôr para evitarmos misturarmo-nos com a realidade."

O pensamento não tem necessariamente de ser adverso à transparência, ou talvez não a entendas como eu a entendo, bem como à própria racionalização de conceitos.

Falas no plural mas não devias. Desculpa hoje não dizer o costumeiro "ah e tal, concordo contigo, escreves mesmo bem"... pois não concordo de todo. Nem todos usam essa camada de verniz, nem todos querem o tal ser pré-fabricado nem para enganar outros nem a nós próprios... evitarmos misturar-nos com a realidade???

Not me, dear...

Cuidado com o azedume Guronsan... cheira-me a azedume...

Beijos

Nuno Guronsan disse...

Falava no plural enquanto humanidade, porque na grande generalidade é isso que sinto. Pela minha parte, tento viver todos os dias sem máscaras ou camadas de verniz, seja em que ambiente for.

Azedume? Logo eu que não consigo estar chateado com ninguém de quem realmente gosto mais de cinco minutos... Não, não é palavra que ligue comigo, penso eu de que. Mas só as minhas amizades é que podem confirmar esse facto ;)

Beijokas.