quarta-feira, janeiro 03, 2007

Pelo Sim.

"Se eu acreditasse que o Estado algum dia iria assumir o seu papel social de apoio às mulheres e famílias sem recursos; se eu acreditasse que as associações de "defesa da vida" (que aparecem quando se anunciam debates e desaparecem no dia a seguir aos referendos) iam cumprir o que prometem sobre solidariedade e promoção de uma "cultura de responsabilidade e de respeito pelo valor da vida"; se eu acreditasse que, fora do período de propaganda eleitoral, alguém neste país trabalhasse "na criação de condições para que todas as mulheres que engravidam possam ter verdadeiras alternativas de vida e não façam escolhas de morte", como leio num desses manifestos; se eu acreditasse que as 25 a 30 mil interrupções de gravidez ilegais que se fazem anualmente em Portugal deixassem de existir por via da educação sexual, do presumível apoio do Estado, e da conversa moralista das tais associações criadas por encomenda; se eu acreditasse, enfim, na bondade intrínseca das instituições, e no cumprimento dos deveres mínimos do Estado; se eu..."

(Artigo completo no Diário de Notícias)

Alinho as minhas palavras pelas de Pedro Rolo Duarte. Porque estou farto de hipocrisia e de viver num país onde o chamado "atraso" não acontece só nos níveis económicos mas principalmente nas mentes de pessoas que se julgam melhores que as outras. E já é tempo de deixarmos de viver no século passado e passarmos a pensar pelas nossas próprias cabeças e não condenarmos pessoas que são tudo menos criminosas. Basta!

10 comentários:

Sea disse...

Hoje não. Hoje não quero falar destas coisas. Pelo menos, por um dia, quero esquecer o que se passa lá fora, cá dentro.
Mas, há muita mente para ser alterada. Porque, isto assim, nem o pai morre, nem a gente almoça :D
Um beijo grande e um óptimo 2007, é o que te desejo

Nuno Guronsan disse...

Beijokas grandes e que passes um dia em grande, com muita alegria.

Mas se queremos que este ano seja mesmo diferente, é preciso começar já a pensar nestas coisas e em tentar mover os grandes rochedos que se opõem à mudança com M grande. É por isso que quero que 2007 seja mesmo diferente, para melhor, para mim, para ti e para todos.

Anónimo disse...

subscrevo inteiramente! basta de hipocrisia! o respeito à vida também se exerce no respeito pelos direitos das mulheres à sua própria consciência e à sua liberdade de escolha!

Bom ano p todos com mais solidariedade, consciência cívica e respeito

sonialx

Padeiro de Serviço disse...

São sem dúvida bons argumentos para votar "Sim". Mas...

"...se eu acreditasse que as 25 a 30 mil interrupções de gravidez ilegais que se fazem anualmente em Portugal deixassem de existir por via da educação sexual, do presumível apoio do Estado..."

Se ganhar o "Sim" como eu prevejo que ganhe, a educação sexual vai ter de assumir ainda mais importância neste país!! E aí o governo vai ter de apostar forte e a sério nesta área, porque senão a despenalização da IVG poderá vir ser apenas uma desresponsabilização do estado para resolver o problema das gravidezes indesejadas.

Nelson Peralta disse...

Terroristas :p

Micas disse...

Como já alguém aqui disse, basta de hipocrisia, infelizmente o aborto é uma realidade, se existe que seja devidamente controlado. Sou mulher e sou mãe, pessoalmente penso que nunca teria coragem de fazer um aborto, porque penso não ter o direito de decidir sobre a vida de um ser que não pediu para ser feito. Votarei "Sim" porque o aborto será sempre uma questão de consciencia, se estiver legalizado evitará as atrocidades qe se cometem em clinicas privadas e afins. Sou pelo "Sim".

Sofia Viseu disse...

hoje já ouvi o argumento hilariante que a taxa de natalidade de Portugal é muito baixa e que, por isso, o seu autor votava sim...

José Raposo disse...

Eu voto no Padeiro. Já por várias vezes insisti que independentemente do resultado destes referendo existe muito trabalho que parece ninguém estar interessado em fazer. E esse trabalho é uma questão cultural e de mudança de mentalidades, que obriga o estado a ter um papel nas escolas mas tb nas familias e na sáude, por forma a que o planeamento familiar sem complexos morais absurdos possa chegar a todos sejam eles que estrato social forem.

A disse...

Subscrevo. Completamente.

(ando cá com uma neura!!!! tipo Tom Waits... se apanho uma dessas organizações pró-vida ou lá o que é...)

Beijo enorme, Nuno

Anónimo disse...

Começo este comentário dizendo que adorei o artigo. Só acho que a opinião de cada um deve ser respeitada. Em vez de atacada. Sou um defensor do não e não chamo assassinos a quem é a favor da despenalização voluntária da gravidez. E claro está, estou farto de ser chamado de hipócrita. Afinal, ainda vivemos em democracia e onde há espação para todos terem direito à sua opinião, por mais diferente ou estranha nos possa parecer.