sábado, janeiro 27, 2007

Ondas Sonoras - XXIII

Sábado de manhã. Acordar com os raios de Sol a entrarem pelo quarto adentro. Sem pedirem licença, a puxarem-me para fora do mundo dos sonhos que não se agarram à nossa memória. Levantar-me, ainda meio a dormir. Ligar o rádio, esperar que as ondas hertzianas me consigam voltar a embalar, a devolver-me o sono negado. Lá fora está frio, continua a estar frio. Mesmo com o Sol a brilhar como se de Verão se tratasse. Mesmo com o céu de um azul intenso que magoa os olhos quase tanto como os raios da nossa estrela. O frio está lá, consigo ver as pessoas na rua, com os casacos apertados e com os cachecóis enrolados. Das colunas começo a ouvir a voz dele. Aquela voz que já me assombrou tantas e tantas vezes. Aquela voz que me lembra o frio que está lá fora, apesar de me aquecer nas minhas entranhas. Aquela voz que traz consigo as cordas de uma guitarra que me vai lentamente acordando, deixando-me a expectativa de que um dia que começa com esta canção me vai trazer boas coisas. Aquela voz que me faz sentar a este teclado e escrever meia dúzia de palavras que provavelmente não vão fazer muito sentido a muita gente, mas que para mim são apenas uma forma mais de me recordar que este senhor me inspira a algo, mesmo que eu não saiba bem o quê. Mas só ouvir a sua voz e ouvir as suas canções já é uma razão suficiente para estar vivo e lamentar que não possamos dizer o mesmo dele. Quem sabe que outras mais pérolas ele poderia ter escrito. Assim, "apenas" temos a sua memória e todos os preciosos tesouros que tivémos a felicidade que ele conseguiu tirar da sua guitarra planante. Obrigado e descansa em paz, onde quer que estejas, Jeff.

6 comentários:

A disse...

Todas as manhãs ligo o meu telemóvel e a frase que me dás os bons dias é esta:

Eternal Life Is Now On My Trail


Todas as manhãs penso que a viagem faz-se de alguma forma, a bem ou a mal, mais leve ou de forma mais pesada, na consciência de que os problemas têm apenas a dimensão que lhes quisermos dar.

São dias de Paz, estes, meu amigo... deixemo-nos embriagar pelo Lilac Wine e façamo-nos à Estrada da Vida

(lamechóide hein? eu não tenho emenda, mesmo)

There's no time for hatred, only questions
What is love, where is happiness, what is Life,
where is peace?
When will I find the strength to bring me release?


Beijos Guronsan :)

Nuno Guronsan disse...

(Efeitos secundários de estar a conversar com alguém que acordou há menos de uma hora atrás, que não tem um partido, que não gosta de Salazar e que gosta de porcos... especialmente do entrecosto)

Obrigado, minha querida, por todos os comentários e pelas palavras simpáticas e pelo tempo gasto a ler estas patacoadas.

Beijo.

Micas disse...

Mas ele continua "vivo" já é eterno através do legado que nos deixou...
Entendo perfeitamente essa sensação que tens sempre que o ouves, e sabe tão bem ;)

Beijos e bom domingo

Sofia Viseu disse...

:) que arrepio

Sea disse...

Ficamos sempre com a sensação de que, quem morre cedo e já tinha uma brilhante carreira, que teria muito mais para nos dar.
Acho que são mentes que têm demasiado para que consigam caber e encaixar-se neste mundo.

"stay with me under these waves, tonight.
be free for once in your life tonight
(...)
all your lovers know why
nightmares blind their mind's eye.
your rube is young and handsome,
so new to your bedroom floor,
you know damn well where we'll go"

beijo

A disse...

Nada a agradecer Guronsan.
Nunca.


Tempo ganho :)

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E o Jeff é o Jeff...

Beijos