terça-feira, janeiro 16, 2007

Fácil de entender

Trata-se de afinidades. Pontos de contacto entre pessoas que muitas vezes não estariam sequer na mesma sala mas que, devido a uma pequenina coisa à qual se encontram ligados emocionalmente, muitas vezes os unem para o resto da vida (ou pelo menos por uns anos). A questão é sempre se a amizade vive apenas desse pequeno ponto de contacto (muitas vezes com uma limitação estritamente temporal) ou se decide enveredar por todas as outras características das pessoas, infiltrando-se assim a tal ponto que se torna impossível escapar a uma amizade genuína. Normalmente são estas últimas as que vamos recordar ou ainda viver quando tivermos 60 ou 70 e tal anos. Essas serão as amizades que sabem tudo sobre nós, para as quais não temos segredos, com as quais vivemos muitos episódios do "nosso" livro, sem as quais já não conseguiríamos conceber a nossa vida. Mas gostava de pensar que, lado a lado com as nossas amizades eternas, também fosse capaz de recordar as amizades efémeras, as que não resistiram a factores como tempo, espaço, mentalidade, disponibilidade, todas aquelas coisas irritantes que se metem pelo meio do nosso quotidiano. Porque em determinado ponto também foram pessoas nas quais me apoiei ou às quais dei o meu apoio e apesar dos seus capítulos terem sido mais curtos, não é por isso que não as gostaria de ter junto a mim naquela altura em que, segundo dizem, a nossa vida passa pelos nossos olhos numa fracção muito pequena de segundos. Assim mesmo, lado a lado, as amizades que nunca tiveram oportunidade de crescer (seja porque razão tenha isso acontecido) e as amizades que provavelmente nasceram de um acaso feliz e que se tornaram em partes de mim (seja também porque razão isso tenha de facto acontecido). E é claro, há sempre aquelas pessoas que sempre estivémos destinados a conhecer e cuja amizade não é uma acaso feliz, simplesmente é. E isso, a mim, basta-me.

(A foto ali ao canto é de uma pessoa amiga, na casa doutra pessoa amiga. Por acaso é aquela, mas podia ser uma das milhentas que habitam todos os albúns de fotografia que existem cá por casa. Bom sinal, não é?)

10 comentários:

Ana disse...

Revi o que sinto em cada palavra qie escreveste :)

José Raposo disse...

Mazeltov

Nuno Guronsan disse...

Santinho!

Thanks, nocas!

Miss Kin disse...

Há uma série de amigos que "ficaram pelo caminho", e que até tenho pena q tenham ficado, pq as memórias são tantas q era bom partilhá-las com quem as fez comigo...
No meio disto há sempre aquele pensamento do "tenho q ligar a fulano", mas as horas vão-se passando, os dias, ou pq se está atolado em trabalho, ou por outra coisa qq e a vida vai seguindo sem eles na mesma e é uma pena.
Quantos fizeram o nosso passado, que poderiam fazer o presente tb?

José Raposo disse...

Esta é a minha nova faceta politico-religiosamente correcta :)

Nuno Guronsan disse...

Docekin, essa do "tenho que lhe ligar" é um fenómeno recorrente, nos dias que correm. Afinal de contas, os telemóveis servem para nos aproximar ou são um pretexto para nos afastarmos?? Ok, tenho de voltar aos antibióticos... :)

Inchallah, amigo. Ou alguma coisa parecido...

Anónimo disse...

concordo ctg! a vida tem encontros e desencontros.... mtas vezes fico irritada por não estar c frequência c todos os amigos q gostaria. Mas ... a vida corre... o tempo passa....é pena, mas por vezes é incontornável.... apesar de saber q os amigos estão qdo eu preciso, sinto falta do encontro físico, do olhar, do tocar, do sentir... a amizade é e sempre será p mim um combustível fundamental!!!! um abraço é tão gostoso!!!!!

Beijos sonialx

Anónimo disse...

Procura-se tradutores automáticos para línguas imperceptíveis... (ou como aparecer só para dizer "presente", metendo-me nas conversas dos outros)

Lindberg disse...

Aos amigos
Èbrios do sonho de caçar estrelas
e achando a vida escura por não tê-las
Não vemos os tesouros sob o chão.
Assim a estrada torna-se confusa
Na gélida aridez que faz-se musa
Do frio e já deserto coração.
Se o sonho é doce, o real amargo,
Melhor é misturar os dois nun trago
Da lúcida loucura que seduz.
È assim que a esperança concretiza
Um oásis na ilusão que diviniza
E faz a escuridão parir a luz.

(Carlos Lindberg Benicio)
lindbergii@yahoo.com.br

Lindberg disse...

Aos amigos
Èbrios do sonho de caçar estrelas
e achando a vida escura por não tê-las
Não vemos os tesouros sob o chão.
Assim a estrada torna-se confusa
Na gélida aridez que faz-se musa
Do frio e já deserto coração.
Se o sonho é doce, o real amargo,
Melhor é misturar os dois num trago
Da lúcida loucura que seduz.
È assim que a esperança concretiza
Um oásis na ilusão que diviniza
E faz a escuridão parir a luz.

(Carlos Lindberg Benicio)
lindbergii@yahoo.com.br