quinta-feira, dezembro 07, 2006

Ondas Sonoras - XXI

No início apenas se ouve o silêncio.
O silêncio quebrado com o vibrar de uma corda.
É ele que começa a anunciar a sua presença.
Primeiro de forma muito leve e depois já de forma intensa.
Carlos passa as mãos pelas cordas.
As notas vão-se agrupando pela sua batuta.
Primeiro de forma solta e depois de forma familiar.
Á medida que Carlos percorre as cordas, o som vai-se entranhando.
Conhecemos estes sons de algum lado mas não sabemos de onde.
O contrabaixo parece ser estranho a esta canção.
E depois, entram os restantes convidados, sem se fazerem anunciar.
O Frank solta algumas notas étereas da sua guitarra.
O Jim vai libertando docemente as peles da bateria.
Por cima de ambos, o contrabaixo impera.
Mas depois a guitarra torna-se mais eléctrica, mas sem distorção.
Quase que repetindo as notas que o Carlos já tinha tocado.
E aí reconhece-se um pouco mais a canção.
Mas falta-lhe algo, falta-lhe a voz.
Não tem a voz humana, mas tem outras.
O susurro suave e melancólico do contrabaixo.
A urgência eléctrica da guitarra.
A brisa e o ritmo dos pratos da bateria.
E de súbito aproximamo-nos do fim.
E o Carlos decide tirar mais duas ou três notas das suas cordas.
E os três juntam-se para terminar a canção.
E depois de termos sido embalados, deixamo-nos ficar novamente em silêncio.

(Dedico esta canção do Carlos a alguém que muito gosto de visitar, o mar.)

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