sexta-feira, dezembro 30, 2005
quarta-feira, dezembro 28, 2005
Serviço de utilidade pública - III
Venho aqui fazer um pedido encarecido aos meus sexualmente hiper-activos vizinhos do andar de cima. Amigos, se quereis gozar noite sim noite sim dos prazeres da carne, ao menos comprai uma cama que não faça tanto barulho. Sim, porque o raio da cama abafa por completo os vossos gemidos de prazer. Eu desde já me ofereço, dentro do espiríto ainda natalício, a vos dar uma boleia até ao IKEA mais próximo, de modo a que possam adquirir uma cama que vos proporcione o mesmo prazer da de agora e, ao mesmo tempo, me deixe dormir descansado (ainda que com o ruído subtil dos vossos gemidos guturais...).
terça-feira, dezembro 27, 2005
Era o vinho, meu amigo, era o vinho...
Lembro-me de estar numa festa de garagem, com 16 anos, e beber demasiada cerveja e ter chegado a casa meio cambaleante e um pouco mal-disposto. Mas não me lembro por que razão me lembrei de beber a cerveja. Seria a música em altos berros? Seriam os meus amigos que também beberam? Seria um certo sentir de que estava a quebrar um regra? Rebelião contra os meus pais? Mas se o meu pai também bebia vinho às refeições...
Seja o que for, de uma coisa estou certo, o mundo parecia bem melhor depois de beber umas quantas imperiais, com os meus amigos, e a ouvir a música de que gostávamos. É preciso lembrar que na altura a classe média ainda era a classe dominante, para o bem e para o mal. Mas, ao mesmo tempo, o governo do Prof. Cavaco Silva começava a cavar o que viria a tornar-se um enorme fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Com este cenário, quem não precisava de beber qualquer coisa que o fizesse esquecer as dificuldades que o país começava a viver?
Outra das motivações poderia ter sido o facto de o alcool me deixar mais extrovertido, sem medo de dizer o que me ia na alma. E tendo em conta que tive muitos colegas que defendiam com unhas e dentes a "Nova Economia" do Prof., era preciso mesmo não ter receio de os criticar e de ouvir as suas réplicas de novos-ricos.
Mas o tempo é o melhor conselheiro. Hoje em dia, já não aguento o alcool como noutros tempos, de modo que tento não abusar muito, bebendo quase sempre apenas em ocasiões de festa. Será que para o ano que vem vou ter que mudar os meus comportamentos?
(Divagações motivadas por um artigo da Time Europe)
Seja o que for, de uma coisa estou certo, o mundo parecia bem melhor depois de beber umas quantas imperiais, com os meus amigos, e a ouvir a música de que gostávamos. É preciso lembrar que na altura a classe média ainda era a classe dominante, para o bem e para o mal. Mas, ao mesmo tempo, o governo do Prof. Cavaco Silva começava a cavar o que viria a tornar-se um enorme fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Com este cenário, quem não precisava de beber qualquer coisa que o fizesse esquecer as dificuldades que o país começava a viver?
Outra das motivações poderia ter sido o facto de o alcool me deixar mais extrovertido, sem medo de dizer o que me ia na alma. E tendo em conta que tive muitos colegas que defendiam com unhas e dentes a "Nova Economia" do Prof., era preciso mesmo não ter receio de os criticar e de ouvir as suas réplicas de novos-ricos.
Mas o tempo é o melhor conselheiro. Hoje em dia, já não aguento o alcool como noutros tempos, de modo que tento não abusar muito, bebendo quase sempre apenas em ocasiões de festa. Será que para o ano que vem vou ter que mudar os meus comportamentos?
(Divagações motivadas por um artigo da Time Europe)
segunda-feira, dezembro 26, 2005
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Dia de Natal
Tinha pensado em escrever uma mensagem simples de Natal, em que apenas iria desejar que todos tivessem um feliz Natal, na companhia daqueles que mais amam, e com a alegria que corresponde a esta época.
Mas o que é certo é que neste momento apenas gostava de desejar que neste dia tão simbólico, religiosamente e não só, tirassem cinco minutos para pensar naquelas coisas que de facto interessam neste breve instante a que chamamos existência. Pensar no sorriso que recebemos de uma pessoa amiga ao lhe darmos uma pequena oferta que ela não estava à espera. Pensar que aquele mito que nos dizia que "o dia de Natal era o único dia do ano em que não havia guerra no mundo" não é um mito e que, pelo menos por um dia, nenhum inocente vai perder a vida à conta de uma bala. Pensar que em vez de comprarmos mais uma boneca Barbie para a nossa afilhada, gastámos o dinheiro em compras para o Banco Alimentar. Pensar que ainda temos a companhia dos nossos avós, mesmo à distância. Pensar naquela pessoa que nos era tão especial e que já não se encontra connosco, e que as lágrimas que vertemos não são sinal de tristeza mas sim de boas recordações. Pensar que a inveja é mesmo uma coisa muito feia e que o Natal não tem rigorosamente nada a ver com isso. Pensar que ainda não nos cobram imposto por sermos um bocadinho mais simpáticos para com o nosso próximo...
Não me quero alongar, por isso só peço que neste Natal tenham um momento de paz e reflexão por todos aqueles que não se podem dar ao luxo de o ter... Feliz Natal.
Mas o que é certo é que neste momento apenas gostava de desejar que neste dia tão simbólico, religiosamente e não só, tirassem cinco minutos para pensar naquelas coisas que de facto interessam neste breve instante a que chamamos existência. Pensar no sorriso que recebemos de uma pessoa amiga ao lhe darmos uma pequena oferta que ela não estava à espera. Pensar que aquele mito que nos dizia que "o dia de Natal era o único dia do ano em que não havia guerra no mundo" não é um mito e que, pelo menos por um dia, nenhum inocente vai perder a vida à conta de uma bala. Pensar que em vez de comprarmos mais uma boneca Barbie para a nossa afilhada, gastámos o dinheiro em compras para o Banco Alimentar. Pensar que ainda temos a companhia dos nossos avós, mesmo à distância. Pensar naquela pessoa que nos era tão especial e que já não se encontra connosco, e que as lágrimas que vertemos não são sinal de tristeza mas sim de boas recordações. Pensar que a inveja é mesmo uma coisa muito feia e que o Natal não tem rigorosamente nada a ver com isso. Pensar que ainda não nos cobram imposto por sermos um bocadinho mais simpáticos para com o nosso próximo...
Não me quero alongar, por isso só peço que neste Natal tenham um momento de paz e reflexão por todos aqueles que não se podem dar ao luxo de o ter... Feliz Natal.
Recordar a China - II
(Crónica escrita em Setembro de 2000 durante uma viagem pela China)
Weihai, 22:15, 12 de Setembro de 2000
Hoje foi um dia muito calmo... Acordámos tarde e fomos almoçar até ao centro da cidade. Depois, nova ida até à empresa do Luís. Ficámos a tarde a ler os mails e os jornais portugueses, e depois fomos calmamente para casa, onde o Luís fez, para o jantar, uns noodles com um molho óptimo (noodles, caso não saibam, é comida tipicamente oriental) e um vinho Californiano bem bom, pelo menos para esta parte do globo... Ah, também comemos um fruto cujo nome o Luís e eu desconhecemos, mas cujo sabor e aspecto parecem um cruzamento entre um kiwi e um figo, mas maior... Bom, depois de mais uns dedos de conversa, o Luís levou-me até à estação de comboios de Weihai. Tal como tudo aqui em Weihai, bonita por fora, mas quando se entra... Neste caso, era um intenso cheiro a urina enquanto umas cuspidelas eram lançadas para o chão. Despedi-me do Luís e entrei para um mundo desconhecido... Atenção, a partir deste momento, tenho de me governar sozinho entre pessoas que não falam rigorosamente nada de inglês. Lá conseguimos, eu mais uma moça-do-trem (em vez de ser aeromoça) dar com a minha cama. Neste momento que vos escrevo, o comboio ainda não partiu e estou com dois chineses à minha frente, que estão fartos de me dirigir a palavra (obviamente que não percebo nada, ainda se fosse coreano...), acabaram de preparar o que parece ser um chá de ervas (ervas no sentido medicinal!!!), e o meu pensamento é: será que consigo sobreviver até Beijing??? Logo se verá...
Algures entre Weihai e Beijing, 10:00, 13 de Setembro de 2000
Bom, ontem à noite, ainda falei um bocadinho de inglês com uma das moças-do-trem, e lá tive de assinar uma folha de presença e mostrar o meu passaporte (o Luís bem me avisou para andar com ele sempre à mão). Os dois chineses que partilham o quarto comigo parecem ser bem porreiros, e riram-se imenso quando eu disse as únicas palavras que sei em chinês: ni-hao (olá), xie-xie (obrigado), wo tibudon (não percebo nada), e megwanxie (não faz mal). Mais do que isto não dá, o que é uma pena pois eles parecem ser bons conversadores... Enfim... Tomei o pequeno-almoço com eles, não me deixaram pagar nada (estes é ao estilo coreano), mas reparem nas coisinhas que estávamos a tomar às 8 da manhã: noodles, algas, umas salsichas e uma bela garrafinha de cerveja para aí com mais de 0,5 litros! Nem aqui o meu fígado tem descanso... Ainda tentei oferecer das minhas Pringles, mas só um deles aceitou. Mas isto até está a ser engraçado, e para mim sempre tem sido um descanso do stress de Seul... Ah, ontem ainda recebi um mail do Miguel, que ficou lá e que diz que Seul está deserta... eh eh eh... Foi preciso eu sair de lá... Bom, ainda faltam umas 6,7 horas até Beijing, acho que vou dormir mais um bocado...
Beijing, 1:20, 14 de Setembro de 2000
Consegui chegar a Beijing!!! Yes!!! Depois de ter procurado o táxi certo (o mais barato), de ter mostrado o nome do meu hotel em caracteres chineses, de ter explicado no mapa onde é que ficava (eu, acabadinho de chegar a Beijing, a explicar coisas a um tipo que supostamente mora aqui), lá consegui chegar ao Guo Tai Hotel... Depois de ter telefonado à Ana (Contacto2, agora ICEP em Beijing), fui jantar. Para não arriscar muito (e até porque já tinha combinado com a Ana irmos jantar no dia seguinte), fui ao PizzaHut e, depois de 7 meses, lá consegui comer um esparguete à Bolonhesa, onde se consegue realmente ver a carne...
Depois fui dar umas voltas pela área de Jianguomenwai (uma das duas áreas das embaixadas em Seul), onde o que mais vi foi estrangeiros e hotéis e muito néon... Como tinha combinado com a Ana em frente ao Mexican Wave às 22:00, ainda fui tomar um copo ao bar/restaurante Le Gavroche, um restaurante de comida francesa (quem diria, com um nome como este, não é?). Conheci um dos donos, um senhor chinês muito simpático que ainda falou em inglês comigo um bocado. É claro que assim que mencionei que era de Portugal, ele falou logo em futebol. Obrigado, minha querida Selecção Nacional!!! Entretanto, fui ter com a Ana, que chegou de bicicleta (óbvio!) mais um amigo espanhol, o Eduardo. Entretanto também conheci mais um amigo inglês, o Anders, e a room-mate da Ana, a Shirley. Tudo gente impecável. Fomos à abertura de um bar cujo dono, o David (acho que é Francês, pelo menos o sotaque assim parecia) é vizinho da Ana. Ambiente muito cool, música bem seleccionada, e uma bebida à borla que já não bebia há algum tempo: sangria!! Que bem que soube... Nota: as mulheres ocidentais aqui são muito mais bonitas que as que se passeiam por Seul... Entretanto, o pessoal tinha que trabalhar de manhã e já era uma hora da manhã... Tudo para casa e, no meu caso, o sono dos justos no hotel... Que grande primeiro dia em Beijing...
Beijing, 11:40, 14 de Setembro de 2000
E aqui estou, perto das margens do Lago Kunkmin, dentro do Summer Palace. E que espectacular vista se tem daqui. Apesar dos muitos turistas que por aqui andam, agora encontro-me completamente sozinho, e o silêncio mais a imponência deste local provocam uma sensação indiscritível... Lindo, lindo, lindo... E ainda não vi tudo, mas só estar aqui, neste sítio, no meio de Beijing, já valeu a pena... Ah, descobri esta manhã, ao pequeno-almoço, que os hóspedes de meu hotel pertencem todos à Mafia Russa...
Fotos:
1) Um guardião mítico protege a entrada para o Summer Palace...
2) A imponência do edifício principal de todo o Summer Palace...
3) Um dos muitos bonitos pavilhões que "povoam" todo o Summer Palace...
4) Vista panorâmica sobre o Summer Palace e o Lago Kunkmin...
5) Mais uma sessão de "Descubra as Diferenças" entre uma estátua chinesa e um turista coreano...
Ondas Sonoras - VI
Boas notícias mesmo ao cair do pano de 2005: vem aí um novo album dos Radiohead. Salve, aleluia, salve! Agora só me resta esperar para ver se os senhores vão passar aqui por terras lusas. Mas a maior curiosidade será descobrir com que tipo de sonoridade vão os Radiohead aparecer agora. Nunca mais chega 2006...
quarta-feira, dezembro 21, 2005
Alguém me explica isto?
Segundo a notícia da CNN, o chapéu faz parte do traje tradicional usado pelo Papa no período medieval (será que o Papa Bento XVI sente saudades de outros tempos?), mas será que ninguém no Vaticano disse ao homem com quem é que ele ia ficar parecido? Ou era mesmo essa a intenção? De qualquer forma, é mais um prego na minha fé...
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Ondas Sonoras - V
A voz. A voz agarra-nos por dentro. A voz traz-nos um sorriso aos lábios, para na música seguinte nos deixar calafrios na espinha. Não acredito que haja muita gente que vá ler estas linhas que conheça a música de Feist. Mas se isso acontece, é porque Feist é um dos segredos mais bem guardados da música actual. A sua voz domina a paisagem sonora, que apesar de ficar para segundo plano, não é minimamente ignorada, flutuando constantemente entre o folk e a pop, muito ao jeito do que Beck fez no album "Sea Change". Mas aquilo que vem ao de cima é mesmo a belíssima voz de Feist, seja a demonstrar paixões ou tristezas nas músicas de "Let It Die", que continua incessantemente a povoar o meu leitor de CD. E digo mais, quem ainda não ouviu músicas como "One Evening" ou "Inside And Out" (sim, é uma cover dos Bee Gees, e depois?), anda com demasiada cera nos ouvidos. Marquem uma consulta no otorrino ou, melhor ainda, comecem desde já a ouvir Feist.
Éter Ilegal, Já!
Não concordo com o regime de quotas de música portuguesa para as rádios. Não concordo pois acho que o problema das nossas rádios não passa por aqui. Acho que a música quando é boa por si própria, seja portuguesa ou de outra nacionalidade qualquer, deve chegar às ondas hertzianas, e a música que é má deve ficar arrumadinha nas prateleiras das pessoas que a lançaram. O governo fazia melhor se investigasse o tipo de acordos entre as editoras discográficas e os grandes grupos de comunicação radiofónica, isso sim talvez explicasse por que é que alguns artistas são quase "impingidos" sobre os consumidores.
Pior mesmo só a sugestão do PSD em conceder incentivos às rádios que cumpram estas quotas. Era só mesmo o que faltava. Já estou a ver algumas rádios a passarem incessantemente as colectâneas de todos os artistas portugueses de seguida, mesmo aquelas que já têm barbas... Como volto a dizer, acho que o problema não passa por impôr quotas de música portuguesa, mas sim pela contratação de mais e melhores músicos portugueses pelas editoras. Afinal de contas, o consumidor português já provou que quando a música é boa, irá haver mercado. Quem diria, há 10 anos atrás, que bandas como Da Weasel, The Gift, Boss A.C., Expensive Soul, Blind Zero, Blasted Mechanism e outros que tais (sim, mesmo os D'ZRT, que podemos não gostar, mas que são bem produzidos para o segmento a que se dirigem), iriam figurar entre os discos mais vendidos do ano? Eu não acreditava, se me dissessem...
Único ponto positivo que vejo na nova lei, "25 por cento da música portuguesa a difundir deverá corresponder a composições cuja edição fonográfica date dos seis meses anteriores". Sim, porque já não há pachorra para ouvir músicas com mais de 20 anos de bons músicos portugueses, quando os mesmos já editaram desde então muitas e boas coisas...
Pior mesmo só a sugestão do PSD em conceder incentivos às rádios que cumpram estas quotas. Era só mesmo o que faltava. Já estou a ver algumas rádios a passarem incessantemente as colectâneas de todos os artistas portugueses de seguida, mesmo aquelas que já têm barbas... Como volto a dizer, acho que o problema não passa por impôr quotas de música portuguesa, mas sim pela contratação de mais e melhores músicos portugueses pelas editoras. Afinal de contas, o consumidor português já provou que quando a música é boa, irá haver mercado. Quem diria, há 10 anos atrás, que bandas como Da Weasel, The Gift, Boss A.C., Expensive Soul, Blind Zero, Blasted Mechanism e outros que tais (sim, mesmo os D'ZRT, que podemos não gostar, mas que são bem produzidos para o segmento a que se dirigem), iriam figurar entre os discos mais vendidos do ano? Eu não acreditava, se me dissessem...
Único ponto positivo que vejo na nova lei, "25 por cento da música portuguesa a difundir deverá corresponder a composições cuja edição fonográfica date dos seis meses anteriores". Sim, porque já não há pachorra para ouvir músicas com mais de 20 anos de bons músicos portugueses, quando os mesmos já editaram desde então muitas e boas coisas...
Selos:
Blasted Mechanism,
Blind Zero,
Boss AC,
Da Weasel,
Expensive Soul,
The Gift
sábado, dezembro 17, 2005
Recordar a China - I (enquanto a crise de inspiração dura...)
Inchon, 17:00, 9 de Setembro de 2000
E eis-me aqui, rodeado de Coreanos e Chineses, à espera do barco (que parece já estar atrasado uma hora), sem saber onde me meter...A confusão é enorme: só vejo malas, embrulhos enormes, e todo o tipo de bagagem à minha volta. Já deveria estar habituado, é daquelas situações típicas da Coreia. Mesmo parecendo que o barco já está atrasado, já há uma fila para aí com 20 e tal Coreanos à espera que a porta de embarque se abra...Estes tipos e a mania das pressas...Não há nada a fazer, é sempre assim. Sempre a viverem a vida a 300 à hora sem pararem um bocadinho para apreciar aquilo que os rodeia. De facto, são talvez a antítese do "ser" português, mas também estamos a falar de sociedades de extremos, não há meio termo possível. Bom, parece que abriram a porta de embarque. A aventura vai começar...(afinal foi falso alarme...eh eh eh).
Weihai (penso eu...), 10:35, 10 de Setembro de 2000
Só agora volto a escrever, pois hoje dormi quase 12 horas seguidas. Afinal de contas, na noite anterior, eu e o Miguel tínhamos feito uma directa para acabar a m#$&@ do APD (e mesmo assim não conseguimos...). Voltando à viagem, ontem só entrei no barco às 8 da noite e tenho a impressão que só saímos de Inchon por volta das 10...Depois do meu, provavelmente, último jantar Coreano por uns tempos, fui para o meu quarto e caí no sono como uma pedra...Hoje de manhã acordei, olhei para o relógio: 10:00!!! Era suposto termos chegado por volta das 8:30. Só tive tempo de me vestir e ir ver se já tínhamos chegado...Obviamente que não, ou não estaríamos na Ásia...Estávamos a passar por um estreito, com o que parecia ser Weihai do lado direito. Era uma imagem bonita para a foto mas, para além de não ter a minha máquina comigo, ainda estava a dormir em pé. Fui tomar banho e comer qualquer coisa. E agora aqui estou, com as malas à espera de sair do barco, mas vamos ver quando...
(E o Luís deve estar a apanhar a seca da vida dele...pobre portuga, perdido em terras Chinesas...)
Weihai (de certeza), 0:10, 11 de Setembro de 2000
Depois de um primeiro dia de descobertas, o descanso merecido...Mas primeiro, mais algumas histórias. Lá consegui sair do barco, depois do tipo da alfândega ter andado a passear com o meu passaporte de guichet em guichet a perguntar porque raio um portuga quer vir a Weihai. Depois de ter filmado o meu passaporte com uma câmara de filmar debaixo do guichet, lá vou eu contente da vida... E saio para uma multidão de Chineses e Coreanos (sim, aqui em Weihai também há muitos Coreanos, ainda não foi desta que me livrei destes gajos...), e o Luís lá estava à minha espera... Escusado será dizer que me viu logo no meio da multidão. Seria por causa dos meus olhos arredondados e do meu look de turista? Bem, entramos no táxi e vamos para casa dele. E que casa... Só a sala é do tamanho da minha casa em Seul. E depois está decorada com cenas do mais kitch que possam imaginar, pertencentes ao casal chinês que lá morava antes. Depois de termos dado um passeio pelo centro de Weihai, onde passamos por um dos dois department stores cá da terra (onde o estilo de roupas parece ser dos anos 50 ou 60...), e pelo mercado local (sim, a carne está mesmo exposta ao ar livre, juntamente com uma bela povoação de moscas...nham, nham), fomos almoçar ao KFC que, segundo o Luís, "é a única miragem de ocidentalização em Weihai", e é bem capaz de ter razão... Da parte da tarde fomos subir uma das montanhas que circundam Weihai, onde fomos ver um bonito templo chinês... Mas o mais bonito era mesmo a vista que se tinha de lá de cima: víamos toda a cidade, as montanhas e o mar, e pensávamos que Weihai até poderia ser um excelente destino turístico, não fosse a completa falta de infra-estruturas.
Voltamos a casa, para trocar de roupa e irmos jantar. Fomos a um restaurante chinês que fica na parte mais coreana da cidade. Finalmente consigo ler os letreiros!!! E lá consegui também comer comida chinesa na China. Estava tudo muito bom e já me estava a aperceber daquilo que o Luís passou durante este tempo todo: fica tudo a olhar para os estrangeiros. Afinal de contas, em Weihai são tão poucos que isto acaba por ser um acontecimento especial: "jantei num restaurante, ao pé de dois lawais (estrangeiros)", pensarão os Chineses à nossa volta. Depois do jantar seguimos para um bar coreano, não sem que passemos por uns quantos tipos bebâdos... Ah, até parece que estou em Seul... O Luís tinha-me dito que as empregadas naquele bar eram Coreanas. OK, pensou o chico-esperto do Nuno, então vou pedir duas cervejas em Coreano. Até aqui nenhum problema, a moça compreendeu-me, mas depois continuei a falar coreano e ela não percebeu patavina. Era mesmo chinesa! Boa figura de urso que eu fiz...eh eh eh...
Mas depois, quando mais clientes chegaram, fui ouvindo cada vez mais Coreano... Enfim, nem aqui... Eu e o Luís conversámos mais um bocado sobre as nossas experiências na Ásia, sobre o Contacto, e sobre o nosso país... Às 23:30, decidimos ir para casa, até porque já está tudo fechado ou a fechar, e podemos ter problemas para arranjar táxi... Entretanto o silêncio nas ruas é avassalador, acho que podem imaginar a diferença para Seul. Mas, estou muito contente por aqui estar... Ah, o Luís tem em frente da casa dele uma loja de manicure que, durante a noite, se transforma em bordel... Já para não falar no esgoto a céu aberto... Já para não falar na fábrica de carvão onde, há uns tempos atrás, houve uma explosão... Já para não falar... Bom, fico por aqui, pois também tenho de ir descansar... Mas depois destas primeiras 24 horas, já estou como o meu anfitrião: Only in China...
Weihai, 11:15, 12 de Setembro de 2000
Ontem foi um dia que só podia ter sido vivido em Weihai... De manhã fomos até à empresa onde o Luís trabalha, a Rolmex. Imaginem um edifício no estilo mais comunista possível e ficam com uma ideia do edifício da Rolmex. Conheci o assistente do Luís, o Burke, o único Chinês que até agora ouvi falar um Inglês minimamente aceitável. Também conheci o motorista do Luís, que é a cara-chapada do Jackie Chang, a sério!!! Depois de vermos uns quantos e-mails, fomos almoçar e em seguida dirigimo-nos para algo que nunca na cabeça me passaria que Weihai tivesse: um campo de golfe. E assim foi... É claro que tinham de estar lá Coreanos, estes tipos estão sempre a perseguir-me. O Luís parece já estar bem treinado, mas eu, o máximo que consegui numa tacada foi cerca de 60, 70 metros, o que acreditem não é nada.
Já no final da tarde voltámos para casa, e depois fomos jantar a um dos hóteis de Weihai e mais comidinha boa chinesa, verdadeiramente chinesa. Entre as coisas que comemos, uns caranguejos, uns pepinos-do-mar, algas, verduras, camarões, noodles e um chá óptimo. Muito mas mesmo muito bom! Os sorrisos das moças que ali trabalham são dos mais bonitos que já vi. E quase que assistíamos a uma cena histórica: a primeira cena de pancadaria, desde que o Luís cá está (quase 7 meses)... Mas separaram-nos logo e não aconteceu nada. Depois fomos tomar um copo a um bar noutro hótel, onde o camarada Luís tem uma conta à disposição, paga pelos tipos da empresa. Deveriam ser umas 9 horas e aquilo já tinha um ar de mais que fechado, mas assim que os "lawais" apareceram abriram logo tudo outra vez... Bom, depois de não sei quantos dedos de conversa, voltámos a pedantes para casa, e o sossego era tal que o meu cérebro agradecia... Como tinha acontecido na noite anterior, quando chegámos à porta do prédio do Luís, a mesma já estava fechada...a cadeado!!! A sorte é que ele tem a chave.
Quando estávamos a preparar para acabar a noite com um Jameson e um MonteCristo nº4 (este homem trata-se bem!), eis que o Luís se depara com um morcego a voar dentro da cozinha. É claro que não era um morcego enorme, mas que dava perfeitamente para assustar. Depois de ter entrado para a sala, e de eu e o Luís tentarmos desviar do seu caminho, o pobre do bicho, depois de tanta pancada na parede, ficou imobilizado. O Luís pôs uma toalha à volta dele e soltou-o pela janela. Isto só podia acontecer aqui. Finalizámos o dia a beber o Jameson, a fumar o excelente MonteCristo, na conversa, e a ouvir Duran Duran... Grande dia... Hoje são as minhas últimas horas em Weihai, antes da viagem de comboio de 18-horas-18 até Beijing. Nova etapa na viagem pela Mother-Land...
Beijufas e abracetes (HSequeira copyright ®)
Nuno Guron-san
Nuno Guron-san
Fotos:
1) Uma das belas coisas que o casal Chinês deixou em casa do Luís: um enorme vidro com um veleiro lá pintado...Tradicionalmente Chinês, obviamente!
2) Moi memme, rodeado de montanhas...
3) Vista sobre a cidade de Weihai, com um guardião imponente...
4) Entrada para templo Budista em Weihai.
5) Contacto3 em desafio golfista: reparem no belo estilo do Luís, comparado com a minha falta do mesmo (parece mais que estou a arrancar batatas...).
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Crise de inspiração leva ao humor
Enquanto não recupero desta quebra em termos de escrita bloguística, ficam a saber que se procurarem por "nuno guronsan" no Google o primeiro site que aparece é aqui o do vosso escriba. E como aparecia lá a opção de traduzir para inglês, não resisti e aqui fica um excerto do site completamente traduzido. Amigo Suburbano, deve ser a mesma jovem das legendas do W&G ;-)
terça-feira, dezembro 13, 2005
Já sou um excêntrico!
Parabéns!
A sua aposta n.º 239106662002 relativa ao Concurso n.º 50/2005 no(a) Totoloto foi premiada!
LISTA DE PRÉMIOS
*** Prémio
Jogo: Loto 2
Concurso: 50/2005
Data Pagamento: 13/12/2005
Valor Prémio: 1,97 Euro
segunda-feira, dezembro 12, 2005
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Quase me esquecia...
Ainda estou inebriado com a luz divina que vi esta semana, de maneira que apenas queria aqui escrever que acabei por perder o primeiro debate presidencial entre Cavaco Silva e Manuel Alegre que, segundo consta, estiveram iguais a si próprios e, como tal, quase todos os comentários se referem a um debate morno e moderado, termos politicamente correctos para uma coisa que eu cá sei...
Ah, já agora, o meu clube ganhou a uma das melhores equipas do mundo...
Ah, já agora, o meu clube ganhou a uma das melhores equipas do mundo...
terça-feira, dezembro 06, 2005
Aleluia! Eu vi dEUS! (Ondas Sonoras - IV)
Acabou há cerca de uma hora atrás uma verdadeira cerimónia religiosa. Mais uma vez, dEUS desceu até terras lusas e nós, como bons crentes que somos, atendemos à sua chamada. O concerto até começou numa certa onda reverencial, com todos os fieis sentados, a apreciar o espectáculo de dEUS. Mas bastou o apelo do apóstolo Tom Barman para que todos saltassem das cadeiras e apreciassem as maravilhas de dEUS. A emoção ao longo das quase duas horas de espectáculo foi tanta que este vosso escriba apenas conseguiu tirar todas estas fotos defocadas que aqui aparecem. Os sons de dEUS são quase um maná caído dos céus, quer seja nos momentos mais ruidosos e crus, quer seja nos momentos mais melancólicos e quase angelicais. Todos os elementos de dEUS estavam alinhados e o seu som parecia entrar por todas as nossas entranhas e encher-nos de luz. Mesmo as músicas do último album, que em disco soam um pouco mais suaves e com menos momentos de fúria, foram dotadas de um poder e força que só a dEUS compete. Esperei mais de 12 anos para poder ver dEUS, mas foi, sem dúvida, uma espera que valeu a pena. O climax deu-se já no encore, aos primeiros acordes de "Suds & Soda". Todos os crentes deram pulos de alegria e gritaram a plenos pulmões a palavra de dEUS. Havia sorrisos nos rostos dos fieis e todos estavam a transbordar de felicidade. Era altura de dEUS se retirar para terras belgas. Tenho quase a certeza que este foi o concerto da minha vida, mas tenho que deixar que o efeito dos sons de dEUS deixe de se propagar pela minha alma. Como dEUS disse, "Thank you... For the roses, for the roses...".
domingo, dezembro 04, 2005
E.U.A. no Iraque: Ontem e Hoje
Ontem:
Hoje:
"The Department of Defense has identified 2,117 American service members who have died since the start of the Iraq war."
(Directamente do site do New York Times)
Hoje:
"The Department of Defense has identified 2,117 American service members who have died since the start of the Iraq war."
(Directamente do site do New York Times)
sábado, dezembro 03, 2005
Um brasileiro em África...
Um realizador para o século XXI. Fernando Meirelles arrisca-se a ser o novo Martin Scorseze. Como se não bastasse ter feito um dos melhores filmes de sempre em língua portuguesa ("Cidade de Deus"), Meirelles mostra-nos agora um novo soco no estômago, na forma de "O Fiel Jardineiro". Tal como em "Cidade de Deus", há uma história em torno da história, ou seja, uma narrativa cinematográfica envolvida por um assunto actual que nos afecta a todos nós. Mais uma vez, a "violência" do tema está lá, sendo que desta vez trata-se de uma violência que nos toca ainda mais no nosso âmago de seres humanos, mesmo que queiramos virar os olhos e não saber nada sobre o que realmente se passa no continente africano. Há muitos paralelismos entre os dois filmes de Meirelles, sendo visível que a forma de filmar não se alterou, e quando vemos a câmara passar por cima dos bairros degragados do Quénia, pensamos imediatamente nos bairros de lata de "Cidade de Deus". É claro que a semelhança de ambientes também ajuda... E apesar de mesmo no fim pensarmos que estamos a ver um normal blockbuster de Hollywood (quando um dos "maus" encontra o seu fim, falando em linguagem-pipoca), a realidade é mais dura que isso, e é isso mesmo que Fernando Meirelles consegue de novo, mostrar-nos todos os elementos da realidade, por mais dura e desagradável que seja. Imperdível.
sexta-feira, dezembro 02, 2005
O crucifixo de hoje
Ainda ontem à noite falava com um amigo meu no café sobre vários assuntos à volta dos Estados Unidos e acabámos por ir ter à discussão sobre a pena de morte. E hoje de manhã acabou por acontecer a milésima execução e, ao mesmo tempo, acabei por descobrir que estava enganado em vários pontos da minha conversa de café.
Primeiro, pensei que apenas um pequena percentagem dos 50 estados autorizasse a pena de morte. Afinal são nada mais nada menos que 38 estados, sendo que o Texas, Virginia e Oklahoma participam com mais de metade das 1000 execuções até hoje realizadas. Segundo, estava plenamente convencido que a maioria dos norte-americanos já não era favorável à pena de morte, preferindo que os criminosos fossem condenados a prisão perpétua. Também errado pois a percentagem de norte-americanos que aprova a pena de morte é ainda de 64%! (mesmo que tenha descido dos 80% em 1994)
Ou seja, mesmo que esteja a haver uma lenta mudança na mentalidade do sistema jurídico norte-americano, os Estados Unidos ainda se encontram entre os primeiros países que condenam anualmente pessoas à pena de morte. Só a China, o Irão e o Vietnam os superam, o que abona ainda menos uma nação supostamente democrática, "civilizada" e "ocidental".
O homem que se tornou o milésimo condenado à morte tinha sido condenado pelo assassínio da sua mulher e do seu sogro. Pelo que sei, a sua injecção letal ainda não deu vida às duas pessoas assassinadas, ou tirou aos familiares que ficam a memória do crime que ele cometeu.
Primeiro, pensei que apenas um pequena percentagem dos 50 estados autorizasse a pena de morte. Afinal são nada mais nada menos que 38 estados, sendo que o Texas, Virginia e Oklahoma participam com mais de metade das 1000 execuções até hoje realizadas. Segundo, estava plenamente convencido que a maioria dos norte-americanos já não era favorável à pena de morte, preferindo que os criminosos fossem condenados a prisão perpétua. Também errado pois a percentagem de norte-americanos que aprova a pena de morte é ainda de 64%! (mesmo que tenha descido dos 80% em 1994)
Ou seja, mesmo que esteja a haver uma lenta mudança na mentalidade do sistema jurídico norte-americano, os Estados Unidos ainda se encontram entre os primeiros países que condenam anualmente pessoas à pena de morte. Só a China, o Irão e o Vietnam os superam, o que abona ainda menos uma nação supostamente democrática, "civilizada" e "ocidental".
O homem que se tornou o milésimo condenado à morte tinha sido condenado pelo assassínio da sua mulher e do seu sogro. Pelo que sei, a sua injecção letal ainda não deu vida às duas pessoas assassinadas, ou tirou aos familiares que ficam a memória do crime que ele cometeu.
quinta-feira, dezembro 01, 2005
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