(in Público)
Caro Bento XVI e demais membros do Estado do Vaticano, eu, enquanto crente na fé cristã (pelo menos desde a última vez que me vi ao espelho), não vejo os meus sentimentos feridos por um desfile de Orgulho Gay em Jerusalém ou, para esse caso, em Lisboa, no Cacém ou em qualquer outro lado. Também não me parece que, mesmo sendo Jerusalém uma cidade sagrada, um desfile deste género seja um grave afrontamento. Afrontamento serão, sem dúvida, os milhares de mortos que ao longo dos anos têm acontecido na faixa de terra à qual pertence Jerusalém, fazendo com que ambos os lados da barricada mantenham constantemente as suas mãos sujas de sangue inocente. Isso sim fere os meus sentimentos, não um desfile onde pessoas que se sentem marginalizadas nos seus direitos enquanto seres humanos, apenas e exclusivamente devido à sua orientação sexual, se manifestam por uma maior tolerância da parte dos "poderes altíssimos". Não, também não acho que deva haver limites à liberdade de expressão, especialmente não o deve haver se as expressões forem contrárias às nossas e forem feitas de uma forma pacifíca, como penso que estes desfiles o costumam ser. Em suma, acho que prestariam um melhor serviço à comunidade cristã se combatessem a pobreza que grassa nos países do terceiro mundo, ou a repressão causada por ditaduras que ainda perduram mesmo neste novo século, ou, simplesmente, que mandassem o idiota do W. calar-se cada vez que afirma que teve mais uma conversa com Deus e que por isso vai invadir mais um país que precisa de liberdade e, vejam lá, tem resmas de petróleo no seu subsolo. Mas não, parece ser preferível impedir uma marcha de homossexuais, como se o próprio Satã fosse estar presente. E depois ainda se questionam porque é que cada vez mais fiéis se afastam da Igreja.... Cresçam e apareçam, meus senhores. Eu também o fiz durante toda a minha vida...
5 comentários:
Inteiramente de acordo. Aproveito só para relembrar que, antes de ser Papa, Bento XVI era o "chefe" da "Congregação da Doutrina e da Fé", os herdeiros da (Santa!) Inquisição, que organizavam, entre outras, aquelas divertidas perseguições que terminavam, alegremente também, com todos à volta da fogueira (à excepção de alguns que ficavam NA fogueira, mas pronto... pormenores). Velhos hábitos custam a perder, não é?
Um abraço
infelizmente, é daquelas notícias que não surpreendem...
A mim a Igreja cansa-me. Já nem ligo ao que eles dizem porque são ridículos.
PS: Seria bonito ver um desfile de Orgulho Gay na Avenida dos Bons Amigos:)
Com tantas questões realmente GRAVES no Mundo, despediça-se o tempo com ninharias.
Porque é que será que não se vê um título do género:
Vaticano pede anulação da fome em África, da mutilação de mulheres... so on... so on...
Enfim… mais bons exemplos de tolerância e respeito cristão...
Se vamos lá pela sacralidade dos locais e que por isso merecem ser preservados/respeitados, então estamos todos lixados e todas as igrejas têm de fechar as portas. Afinal todas as grandes religiões monoteístas do planeta se construíram sobre as ruínas de outras religiões ou cultos mais ou menos pagãos, mas na altura ninguém se lembrou que era importante respeitá-los, pois não?
A homossexualidade pode parecer uma religião, mas não é. Não tem pastores embora possa ter gurus... Não tem dízimo, mas o estilo saí imensamente caro.
Não me parece que a intenção dos organizadores seja andar de lantejoulas e salto plataforma, pelas estações da via-sacra, pelo monte do templo / esplanada das mesquitas ou até pelo muro das lamentações logo ali em baixo. Mas ainda que fosse parece-me que os indignados do costume (cristãos, judeus e muçulmanos) são os verdadeiros responsáveis da destruição dessa terra "supostamente santa" e não estou a ver (assim de repente não consigo...) qual foi o sacana do paneleiro responsável pelos séculos de guerra naquela zona. Eu sempre achei os cruzados um bocado apaneleirados com aquela coisa dos vestidos com cruzes, mas será que a culpa é deles?
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