segunda-feira, julho 31, 2006

O Riso

É uma das formas que tenho para saber que estou vivo. Vivo não enquanto organismo sorvedor de oxigénio, mas vivo enquanto estado de alma e pequenos momentos de pura felicidade. Seja um pequeno sorriso ou uma das minhas muitas gargalhadas histéricas, são momentos que me "limpam" o sistema. As depressões, preocupações, e stress do dia-a-dia ficam momentaneamente esquecidas e os neurónios ficam embriagados com o prazer de rir. Mais, não há nada como esquecermos todos os preconceitos e "obrigações" que a sociedade nos impõe e sabermos rirmo-nos de nós próprios. Rirmo-nos dos nossos defeitos, das nossas qualidades, das nossas convicções, dos nossos credos, de tudo aquilo que no fundo constitui o nosso âmago, mas que por um breve momento pode servir para uma chalaça, uma piada ou um sarcasmo bem atirado por um amigo. A vida tornou-se demasiado séria e é preciso urgentemente mais riso (fazer O amor também é uma boa alternativa;). Precisamos de mais caras com sorrisos, precisamos que as nossas conversas sejam interrompidas por mais gargalhadas e menos comentários cínicos sobre o caminho que a nossa vida percorre. Há uma memória dos tempos de faculdade que ainda hoje me traz um sorriso aos lábios, que era basicamente a forma como alguns dos meus colegas descobriam em que corredor ou andar eu me encontrava, dado os decibéis estridentes que a minha gargalhada chegava a atingir. Outros tempos que recordo com alguma saudade, especialmente por serem tempos em que me ria mais e o futuro era um horizonte sem fim à vista. Hoje em dia vejo o meu riso como uma pequena "arma secreta" para não me deixar cair no meio das engrenagens da sociedade, qual Charlie Chaplin com uma chave de parafusos na mão.

E qual é o preço que se pode pagar por nos rirmos demasiado? Bem, podemos acabar num palco a correr de um lado para o outro, fingindo que somos o ego desamparado, desiquilibrado e desconcertante da Ofélia. Se me perguntarem, acho que é um preço muito acessível ;))

sexta-feira, julho 28, 2006

É Urgente Gritar!


"Pareces um Miguel Ângelo. Devia aproveitar-te para o cartaz do Choque Artístico. Tenho andado a pensar nele. O País precisa de um Choque Artístico.

[...]

Arte. Arte! Já temos o sol da Catalunha. Já temos as praias da Catalunha. Já temos catedrais como a Catalunha. Já temos um dialecto espanhol. Já temos um governo autonómico de Castela. Já temos o Deco a jogar no Barcelona. O que nos falta para termos o chique da Catalunha, Petró? Dizes-me?"

(Foto retirada daqui)

quarta-feira, julho 26, 2006

Sem novidades...


A heart that's full up like a landfill,
a job that slowly kills you,
bruises that won't heal.
You look so tired-unhappy,
bring down the government,
they don't, they don't speak for us.
I'll take a quiet life,
a handshake of carbon monoxide,

with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
Silent silence.

This is my final fit,
my final bellyache,

with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises please.

Such a pretty house
and such a pretty garden.

No alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises, please.

(Radiohead)

segunda-feira, julho 24, 2006

Untitled

Preferia que fosse ela a dar o primeiro passo.
Sem escuridão não pode haver claridade.
Não pode haver consenso sem contraste.
O que é que uma pessoa deve sentir quando ama alguém?
Será que é sempre igual?
E será que é mesmo assim, como uma fórmula?
Voltei a escrever, passados tantos anos...
Qual foi o impulso ou a ideia?
Não percebo rigorosamente nada?
Ou será que até percebo mas quero manter-me cego?
Chega disto...

(escrito algures no Verão de 2004)

sexta-feira, julho 21, 2006

Apelo Urgente!

A Coexistência Humorística muda de nome e faz um apelo urgente que eu aqui repito:

STOP DESTROYING LEBANON! NOW!

As luzes, lá ao fundo...

Precisa-se mais

(Com a devida vénia ao IA - Cartoon, onde encontrei este pedaço de intenções.)

Interlúdio

Por norma sou uma pessoa optimista. Acredito que as coisas vão sempre melhorar, mesmo quando nada o parece indiciar. É claro que não ando sempre com um sorriso parvo na cara, e tenho mesmo os meus acessos de raiva, tristeza ou angústia. Já houve momentos em que me senti verdadeiramente de rastos, fossem eles pequenos dramas (estar a milhares de quilómetros de todos aqueles que amo e sentir-me verdadeiramente sozinho, como foi há cinco anos atrás) ou verdadeiros terramotos emocionais (como o falecimento, o ano passado, de uma das pessoas por quem nutria mais amor, depois de meses intermináveis de luta contra uma doença demolidora). Mas, no meio dessa sensação de impotência que me assalta, acredito sempre que haverá uma luz na escuridão, uma janela aberta que compensará as portas fechadas, um raio de Sol por trás das nuvens ameaçadoras. Não me perguntem porquê, mas a verdade é que é mesmo assim. E é isso que contribui para a minha (quase) constante paz de espírito, como o devem saber as pessoas que realmente me conhecem, ao vivo e a cores. Também há quem considere que guardo muitas coisas cá para dentro, que sou melhor ouvinte que falador, e que de um modo geral devia partilhar mais as minhas emoções. Talvez haja algum fundo de verdade nestas afirmações (normalmente feitas por pessoas amigas). Tenho tentado mudar. E, parecendo que não, este Espaço também tem contribuído para isso, pois às vezes é mais fácil escrevermos o que estamos a sentir do que dizê-lo por palavras faladas. E é também por isso que quero deixar aqui a ideia que procuro que me acompanhe sempre. Que há mesmo uma luz na escuridão que este mundo nos atira continuamente. Que ainda há esperança de que vamos tirar as cabeças da areia, pô-las realmente a funcionar e mudar tudo aquilo que cheira a podre neste planeta. Pelo menos, quero genuinamente acreditar que ainda vamos a tempo...

quinta-feira, julho 20, 2006

Chega! Basta! Párem!

Porque não quero tomar partido e ambos os lados estão impregnados de sangue.
Porque morte é morte, independentemente de conceitos como terrorismo, guerra, retaliação, vingança ou religião.
Porque quem acaba sempre por sofrer são aqueles que vivem nas ruas e não os que estão num gabinete presidencial ou num bunker perdido no deserto, a definirem alvos inocentes.
Porque sonho sempre com paz e o não-derramamento de sangue, e que o ser humano ponha um dedo na consciência e acabe com disputas de merda.
Porque (e vou-me repetir) sonho com a paz, tal como este sonhava.

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today...

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religon too
Imagine all the people
Living life in peace...

Imagine no possesions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
In a brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world...

You may say i'm a dreamer
But i'm not the only one
I hope some day you'll join us
And the world will be as one

Written by John Lennon




segunda-feira, julho 17, 2006

Uma no cravo...

"Estás desprendido. Não tens mulher nem filhos que te prendam. És completamente independente. Podes ir para onde quiseres, que não tens que prestar contas a ninguém. Se continuares assim, não vais deixar nenhuma marca no mundo. E nos dias que correm, não te sei dizer se será uma boa coisa ou uma má coisa. Na verdade, gostava de te ver casado e que me desses mais um bisneto. Mas deixa lá, o importante é que sejas feliz."

(Palavras sábias do meu avô, num cada vez mais raro momento de claridade. Tem 84 anos.)

domingo, julho 16, 2006

Timing is everything...


... mesmo que o tempo não seja nem tão longo nem tão fresco, não é M.? Bom, pelo menos temos as conversas, as recordações, as dúvidas, e a amizade... Ah, e o fresquinho do rio Douro, sem petroleiros para tapar as vistas... Ou quase...

sexta-feira, julho 14, 2006

Imagem refrescante

... porque hoje destilei litros e litros de suor graças ao calorzinho "ameno" que se abateu sobre este país. Deve ser o castigo conjurado pelos holandeses e pelos ingleses...



(Obrigado, Rosário, pela bonita foto, que empresta algum ar fresquinho a este Espaço)

quinta-feira, julho 13, 2006

Macacos...

Aqui há uns tempos atrás, recebi por mail um vídeo que fugia um bocado ao normal funcionamento de forwards que ocorrem todos os dias na minha conta. E o título até era engraçado, "Dancem Macacos, Dancem".



Ora, hoje ao assistir ao Telejornal, na RTP, deparei com uma notícia que me lembrou imediatamente esse vídeo e a temática dos macacos (e depois de buscas e mais buscas ainda não consegui achar um link de jeito para a mesma). Seja porque este macaco também gosta muito de dançar (especialmente no Carnaval), seja porque de facto representa o que de pior a nossa raça de macacos tem para oferecer ao mundo. Assim sendo, fica aqui a minha singela homenagem ao macaco por excelência da nossa cena política, versão hardcore último escalão.

segunda-feira, julho 10, 2006

Sondagem Cinzenta - VI

E pronto, acabou-se. A nível mundial, só daqui a mais 4 anos. A Itália foi a vencedora, goste-se ou não. Apesar de eu próprio ter votado noutro "escrete", a favorita aqui no Espaço foi a Argentina e tenho de admitir que também foi a equipa que gostei mais de ver a jogar. Mesmo assim, na minha opinião não houve nenhuma selecção que dominasse por completo a competição. Houve sempre alguma coisa que falhou. A Itália foi, como de costume, fria e calculista, e só a espaços entusiasmou na sua forma de jogar. A França, que depois de dois jogos parecia que ia ser eliminada, conseguiu chegar à final sem mostrar um bocadinho da forma sublime como ganhou o título em 1998. A Alemanha mostrou que já tem alguns jogadores que não são só "panzers" mas mesmo assim não chegou à final. E Portugal... Portugal foi a sensação da prova, pelo simples facto de que ninguém previa que chegasse tão longe. Mesmo que não tenha feito exibições consistentes, a entrega dos seus jogadores e o espírito de equipa que demonstraram, permitiram-lhes ultrapassar selecções tão fortes como a Holanda e a Inglaterra, situações tão adversas como a "Batalha de Nuremberga", e o sub-rendimento de alguns dos seus próprios jogadores. E depois ter um capitão como Luís Figo, que parecia ter outra vez 20 anos, é sempre um trunfo. Por tudo o que fez nesta e noutras competições, esta geração de futebolistas é, sem dúvida, a melhor de sempre do futebol português. E é assim que deve ser lembrada, como uma equipa de futebol e nada mais que isso. Porque a vida hoje em dia, ao contrário da Roma Antiga, é algo mais que pão e jogos e é bom que não nos esqueçamos disso.

World Cup Moment - XIII



domingo, julho 09, 2006

Cansaço

substantivo masculino


1.
fadiga; esfalfamento;

2.
fraqueza;

3.
figurado enfastiamento; enfado;

(De cansar+-aço)


© Copyright 2003-2006, Porto Editora.


Tenho que admitir que até ver que a definição de cansaço incluía uma palavra como esfalfamento, o dia tinha apenas confirmado a fadiga de regressar à rotina trabalhadeira, depois de umas férias em que permiti que o meu cérebro desligasse, no meio de livros, praia, música, cerveja, jogos de futebol passíveis de originar um enfarte, e uma inacreditável preguiça. Tudo isto contribuiu para que a semana de regresso ao conforto do "escritório" fosse quase como uma subida ao Evereste, sem o auxílio do precioso oxigénio. Foi bom voltar a ver certas e determinadas caras conhecidas, depois de duas semanas perdido no meio da multidão desconhecida que vagueia por ruas que lembram outros tempos e outras vontades. E de novo a pergunta, mas que merda faço eu aqui?

Ok, já me passou. Vira a página, Guronsan...

quinta-feira, julho 06, 2006

terça-feira, julho 04, 2006

World Cup Moment - XI

Vida real e nada mais

Um pai que está sempre a informar os filhos que eles estão a magoar os seus sentimentos. Uma mãe que insiste em contar aos filhos quantos e com quem teve casos extra-matrimoniais. Um filho indeciso quanto aos seus amores e que afirma que ele é que escreveu o "Hey You" e não o Roger Waters. Outro filho que decide espalhar o seu sémen pelos livros da biblioteca da escola. Um aluna que gosta de escrever poemas metafóricos sobre a sua vagina. E mesmo lá para o fim, uma imagem de um pequeno pormenor de Nova Iorque que me deixou cheio de saudades. O filme chama-se A Lula e a Baleia e, quando está prestes a começar a época das sandices cinematográficas de Verão (leia-se blockbusters), é uma lufada de ar fresco. Passa a correr e quando damos por ela, queremos que a história continue. Mas não, é mesmo o fim. Simples e sem pretensões a obra-prima. E os diálogos são geniais. Eis um excerto, via IMDB:

Bernard Berkman: How do you know they were both Frank's?
Ms. Lemon: Well, I suppose it's possible other kids are masturbating and spreading their semen around the school as well... It's possible, but, uh, somewhat unlikely.
Bernard Berkman: Oh, it happens, I'm sure, much more than we know.
Joan Berkman: Bernard, have you ever done anything like this?
Bernard Berkman: I'm not going to answer that.

segunda-feira, julho 03, 2006

Por um mundo sem armas

(Transcrição de um mail que recebi hoje e que me deixa com uma pontinha de esperança, por mais pequenina que seja, de ter colaborado em algo que acabou por envolver um milhão de seres humanos.)

Secretário Geral das Nações Unidas recebe a maior petição visual alguma vez realizada, pedindo um maior controlo no comércio de armas

A Petição Um Milhão de Rostos, que contem mais de um milhão de fotografias de pessoas de 160 países foi entregue, no dia 26 de Junho, a Kofi Annan por Julius Arile, um sobrevivente de violência armada do Quénia.

Os activistas da campanha "Controlar as Armas" ergueram uma AK-47, construida com próteses, homenageando as vítimas de violência armada que vêm a sua vida afectada para sempre. Foi ainda construido um painel com as fotografias recolhidas em todo o mundo.

Julius Arile disse a propósito desta campanha: "Fui a milionésima pessoa a aderir á Petição. Fi-lo porque o meu país, o Quénia, tem sofrido demasiado por causa das armas de pequeno porte. Gostaria que esta conferência chegasse a um acordo sobre os princípios globais para a venda de armas. Temos o dever de dar este passo, por causa das pessoas em todo o mundo que, como eu, sofreram por causa das armas".

Ao receber a Petição Kofi Annan afirmou: "Transmitirei este apelo por um tratado sobre o comércio de armas ao Presidente da Conferência de Revisão para que informe todos os Estados Membros. Estará nas suas mãos decidirem o futuro desta iniciativa.
Espero que esta petição simbolize a forma como os governos e cidadãos podem trabalhar juntos para alcançar o objectivo fundamental desta conferência – ou seja – salvar vidas."

Veja as imagens da entrega e acompanhe o desenvolvimento desta Conferência em www.controlarms.org/events/unreview.htm


O verdadeiro talismã

Há quem pense em nem trocar de cuecas até ao final do campeonato do mundo.
Há quem equacione em não tomar banho ou não fazer a barba até dia 9 de Julho.
Há quem apele a Nossa Senhora de Fátima ou a Nossa Senhora do Caravaggio.
Há quem pense que o segredo está nas batatas fritas ou mesmo nos amendoins.
Há quem se sente sempre no mesmo sítio ou vista a mesma roupa em dia de jogo.
Enfim, superstições cada um cria as que quiser.
Mas, na minha opinião, durante este campeonato do mundo, há apenas uma coisa que tem decidido favoravelmente os jogos a favor da nossa Selecção. Pelo menos do ponto de vista dos adeptos presentes no Estádio Municipal Suburbano.