quinta-feira, março 23, 2006

Obrigado e não voltem!

"Mais de 15 mil portugueses ilegais a residir em Toronto correm o risco de expulsão. Alguns destes residem no Canadá há mais de dez anos, tendo emigrado com o pretexto de que eram perseguidos no nosso país por serem testemunhas de Jeová. Os processos de legalização arrastam- -se dois/três anos e já há repatriados, mas o Governo não dá números. (...)"

(in Diário de Notícias)

Independentemente de concordar ou não com a forma como o governo Canadiano está a resolver o problema dos imigrantes, acho que há um princípio de humanidade que deve orientar os governos. E tentar expulsar 15.000 pessoas no mais curto espaço de tempo, pessoas que têm vidas de anos construídas em solo canadiano e que poucas raízes mantêm com o seu país de origem, é tudo menos humano e demonstra uma total falta de respeito para aqueles que, na sua maioria, muito deram a ganhar ao país que os acolheu. Mas neste tipo de coisas é sempre melhor um relato in loco do que se passa, pelo que aconselho a leitura deste post no blogue Cunnus Reborn Azores. Será tendencial? Talvez, mas neste tipo de assuntos é quase impossível não sentirmos empatia por pessoas que estão a passar por um drama real.

4 comentários:

Anónimo disse...

Estou completamente de acordo com a decisão do governo Canadiano, independentemente de serem portugueses aquelas pessoas utilizaram, pretextos falsos para poder entrar e residir em solo canadiano e não é o facto de o terem feito ha 15 ou 20 anos que serve para legitimar e legalizar a sua presença naquele pais, será a única maneira que o governo local terá de passar a mensagem que não vale a pena mentir para entrar uma vez que a qualquer altura ( mesmo décadas depois) se poderá ser expulso.
Se o as autoridades canadianas legalizassem estas pessoas estariam a dar um incentivo a entrada de mais emigrantes
Esta sim é a única maneira ( pelo menos para mim) de acabar com a emigração ilegal.
Esperemos que Portugal algum dia tenha um governo com" tomates" para fazer o mesmo

Anónimo disse...

Quem nos dera a nós que os Jeovás e os Manás e essa cambada de Saravás estivessem bem longe!

Nuno Guronsan disse...

Ena, uma invasão de Miguéis!

Não defendi que os "ilegais" devessem ser mantidos pelo facto de serem portugueses. O que escrevi foi que o processo poderia ter sido conduzido de outra forma, mas mais uma vez (e parece que não é só cá) a memória é curta. E pelo que eu li, não é desta forma que o Canadá vai acabar com a imigração ilegal, pois por estes que vão ser expulsos, outros irão conseguir entrar, fazendo o círculo perpetuar-se. Reparem que só uma década depois é que os "ilegais" vão ser expulsos, não é um processo tão rápido como isso. "Primeiro deixamo-los construir as nossas casas e quando já não precisarmos deles, aí sim mandamo-los de volta para o buraco de onde vieram".

Quanto a Portugal adoptar o mesmo sistema, não sei se será tão boa ideia. Poderá acabar com a imigração proveniente dos PALOP's, mas é preciso não esquecer que muitos dos europeus de Leste que se encontram cá, são, de facto, licenciados e doutorados, o que significaria que poderiam permanecer cá, de acordo com o sistema canadiano. Seria uma boa medida para "obrigar" os portugueses a não serem esquisitos na busca de emprego, mas poderia certamente agravar o problema do desemprego entre os jovens licenciados deste país...

Os Jeovás e os Manás, desde que não me tentem converter, por mim, podem cá estar à vontade...

Anónimo disse...

Com as experiências que tive neste solo português sendo eu própria uma cidadã estrangeira, esta notícia que ocupa e ocupará os dias em diante deve parecer-me uma ironia absolutamente "tuga". Não me defenderia por aqueles que foram e irão ser expulsos do Canadá pela ilegalidade, pois entraram do modo ilegal e sim, qualquer país, no caso Canadá, terá direito de manter os seus princípios respeitados. O problema grave será precisamente o "modo" pelo qual o governo canadiano está a processar. Sendo o governo extremo direito, o modo também está a ser extrememente severo para aqueles que estão nesta situação.
Só quero dizer que, em vez de mostrar apenas o facto de "serem os portugueses que estão mal-tratados pela decisão do governo canadiano", é muito necessário olhar para a situação em Portugal, com tantos emigrantes do Leste, da África e do outro lado do mundo. Apesar de os portugueses conviverem com pessoas de várias nacionalidades em Portugal, o SEF(serviço de estrangeiros e fronteiras) não está NADA preparado nem sequer para aqueles que procuraram Portugal "com legitimidade". Para tratar de um visto de estudos, tem de estar na fila à porta da loja do cidadão desde 5 da manhã, ou mais seguramente passar a noite à porta. Pessoas que precisam e querem ser legalizadas e que esperam ser tratados pelo SEF têm imensas dificuldades em ser "atendidas" e quando finalmente são atendidos, são tratados sem respeito nengum pelos funcionários que lá trabalham. A palavra que aprendi neste processo foi "a cunha". Quem não tem cunha, tem de esperar até não sei quando e podem ser multados por ultrapassar o prazo de renovar o visto ou mesmo ser expulsos.
Com o que está a passar no Canadá, é muito necessário o governo português não só resolver para que os portugueses expulsos não sofram de indignidade e que por favor arranjar um modo adequado para os estrangeiros que procuram Portugal como destino, seja o que for, e que sejam ATENDIDOS pelos portugueses.

http://aquintadoanibal.blogspot.com/2006/03/carta-aberta-ao-presidente.html