sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Ainda não?

Como é que se constroi uma relação amorosa? A questão, que para alguns poderá ser de resposta quase imediata, a mim quase me causa uma dor de cabeça monumental. Provavelmente conviver com um casal cujo casamento já dura há quase 31 anos (os meus pais) deveria facilitar a resposta, mas a verdade é que isso não acontece. Imagine-se então se pensarmos nos meus meus avós que já passaram a marca dos 65 anos de matrimónio.

O meu primeiro contacto com alguém divorciado já aconteceu muito tarde na minha vida. Durante os meus tempos escolares a maior parte dos meus amigos e amigas provinha de lares onde os dois "progenitores" ainda habitavam. Só quando cheguei à faculdade comecei a privar com pessoas que me contavam como era a experiência de "viver com a mãe e passar as férias com o pai". Alguns não conseguiam compreender o que é que se passava nas cabeças dos pais enquanto outros até achavam que os pais tinham tomado a decisão correcta. Reacções diferentes para situações diferentes. Quando iniciei a minha vida profissional a sério vi-me "atirado" para um meio onde casamento e divórcio quase dividiam as atenções a meio. Em muitos casos devido ao stress de ambos os lados terem de manter uma carreira profissional, ou simplesmente porque as motivações/objectivos de vida não são imutáveis.

Calculo que a próxima geração já vá lidar com o divórcio de uma forma quase natural, ou pelo menos com maior clareza (alguns diriam com um espírito mais "frio") do que eu. Também o casamento/união de facto/o que quer que lhe queiram chamar já mudou muito desde a minha infância e a tendência normal é para que continue a evoluir. O que me leva à minha pergunta inicial, como é que se constroi uma relação amorosa?

É verdade que não sou dos melhores exemplos (o prazo costuma terminar aos 6 meses), mas onde será que as coisas deixam de funcionar? Será um caso para psiquiatra? Será medo de um compromisso, como se diz muito hoje em dia? O homem que tem medo de se "prender" a uma relação mónogama? E depois, como se já não fosse fácil lidar com estes problemas e todos os preconceitos à volta dos mesmos, ainda há a pressão do "então, quando é que te casas?", ou do seu parente-ainda-mais-esquisofrénico "então, quando é que me dás um neto?". Se a motivação para o "juntar dos trapinhos" já não é muita, assim é que não aumenta de certeza.

Basicamente há demasiadas expectativas. Espera-se a apresentação do ente enamorado. Espera-se o casamento com os enfeites todos. Espera-se uma vida conjugal pacífica. Esperam-se netos, bisnetos, tetranetos. Esperam-se bodas de prata, bodas de ouro, bodas de diamante. Não há espaço para fugir deste "caminho". Caso contrário, "há alguma coisa com aquele rapaz (rapariga) que não está bem!".

Deixem-me respirar! Credo!

2 comentários:

a miúda disse...

Então e quando as irmãs mais novas decidem seguir o precurso tradicional, e as "ovelhas negras" vivem contentes de forma (ainda considerada) inconvencional?
Infelizmente ainda vivemos num país de brandos costumes em que o casamento e a família são considerados o pilar fundamental para a felicidade, ainda que a sociedade actual em nada o facilite.
Seria muito mais fácil se nos deixassem viver um dia de cada vez...Mas se assim fosse, não tinha tanta piada desafiá-los!!!
;)

Nuno Guronsan disse...

Quem me dera puder viver um dia de cada vez sem intromissões familiares... Nem o desafio já tem piada... Mas sim, acredito que a minha situação não seja das piores, até porque não tenho irmãos mais novos para me desgraçarem ;-)