domingo, julho 26, 2009

Parafraseando


"Sou, de facto, um corpo estranho. E para o confirmar, basta-me simplesmente olhar para o lado. Aquilo que poderia passar por um extravazar de sentimentos devido a uma violência por demais psicológica, não passava de uma birra. Uma birra de alguém que ainda não sabe rigorosamente nada da vida. Que pensa que merece tudo e que tem direito a ser sempre ouvida. Mas há mais. Umas escadas acima, o comprovativo de que há algo em mim que não funciona como deve de ser. Ou que pelo menos não funciona como nos outros. Enquanto neles tudo é fácil, reconfortante e assumido, em mim acaba por haver sempre buracos na estrada, espinhos nas rosas que tento segurar e precipícios ao virar da esquina. E no fundo, acho que sou eu próprio que acabo por criar tudo isso. Será um íntimo desejo de ser realmente um corpo estranho? Não sei, se calhar preciso de me deitar no divâ e compreender realmente do que tratam todas estas palavras alinhavadas. Até lá, estranho me mantenho, com todo o arrependimento que isso traz."

das profundidades mais obscuras da minha alma

3 comentários:

Miss Kin disse...

Somos sempre estranhos enquanto não nos aceitamos, depois somos só mais um corpo na multidão com virtudes e defeitos, tão diferentes dos outros como iguais...

Luís Galego disse...

o comprovativo de que há algo em mim que não funciona como deve de ser. Ou que pelo menos não funciona como nos outros....

o comprovativo é que afinal talvez todos pensemos da mesma forma...e às vezes pensamos que nossa dor é superior à dos outros....afinal, porque é a nossa.

que bom regressar a este espaço, deserto de futilidade e cheio de excelentes palavras escritas...

um abraço, Nuno

Nuno Guronsan disse...

Obrigado pelas vossas palavras. As profundidades mais obscuras da minha alma agradecem o vossa presença sempre bem-vinda. E ainda que não tenha comentado muitos nos vossos próprios espaços ultimamente, sou um ávido leitor do que ambos escrevem.

Obrigado.
Beijos e abraços.