sábado, julho 18, 2009

Ondas Sonoras - XXXVII


Norberto Lobo merecia ser mais conhecido. Porquê? Porque a sua música merecia passar por muitos e muitos pares de tímpanos. Eu, obviamente, não sou imparcial. Há algo no som de uma guitarra que sempre me fez sonhar, imaginar mundos, histórias, tudo aquilo que o mundo real não nos proporciona. E provavelmente o grande "culpado" por este amor às cordas da guitarra terá sido o incomparável mestre Carlos Paredes. Na altura, muito novinho, em que comecei a dar de caras com o fado, torci o nariz, virei a cara e não gostei nada daquilo. Pelo menos até ouvir a forma como a guitarra de Carlos Paredes chorava, ria, dançava e flutuava pelo ar. Não me cansava de ouvir os acordes que o mestre arrancava das cordas, de tal forma que durante muitos e muitos anos era a única coisa relacionada com fado que conseguia ouvir. Também houve uma altura em aprendi a tocar uns míseros acordes numa viola, em casa de um amigo. Aprendi umas coisas e senti-me mais próximo de todos os guitarristas que alguma vez tinha ouvido. Mas deixou de haver prática, e como tal tudo esqueci. E acho que esqueci todo esse enamoramento com a guitarra até ouvir a música de Norberto Lobo. E aí, todas aquelas sensações de começar a escrever inspirado em canções que apenas provinham de uma guitarra, voltaram todas ao mesmo tempo, deixando-me deslumbrado com a imaginação deste músico que, repito, merecia ter todo o país aos seus pés. "Mudar de Bina" era muito bom, mas "Pata Lenta" eleva a sua música a um patamar de criatividade como poucos. Das curvas e contra-curvas de "Ayrton Senna", ao sublime "Samantra", chegando a uma bonita e frágil versão de "Unravel" de miss Björk, todo o disco podia ser um sonho. Um daqueles sonhos do qual não queremos despertar, de tão maravilhoso que é...




3 comentários:

PenaBranca disse...

Subscrevo.

calamity disse...

Cada vez menos giocôndico...
quase um sorriso aberto...quase porque às vezes esconde-se, mas os sons ajudam.
Lembrança de ouvir velhos vinis esquecidos pelos Antigos de Paredes, Lucia e Manitas de Plata sob o sol estonteante do quintal da Casa, de mini na mão.

Nuno Guronsan disse...

Eu sei que tu subscreves. ;)

Quase um sorriso aberto é uma excelente notícia. E se puder haver uma mini na mão, melhor ainda. Aliás, a mini costuma ser o meu remédio para a ressaca pós-bebedeira de ano novo. Ou pelo menos era. :)

Beijos e abraços.