segunda-feira, outubro 31, 2005
O 4º Segredo de Fátima
(Directamente do site da SIC Online)
sábado, outubro 29, 2005
Lord Of War
sexta-feira, outubro 28, 2005
Ondas Sonoras - II
Como se fosse feita de filigrana...
É a melhor maneira que encontro para descrever a música feita pelos Stereolab. Já há muitos anos que ouvia a música destes ingleses, desde o tempo em que a Rádio Marginal se dedicava às novas tendências do rock alternativo, mas nunca se tinha proporcionado a compra de um album. Foi preciso entrar numa loja de discos em Times Square para dar de caras com uma colectânea dos seus melhores momentos.
Guitarras quase angelicais, alguma electrónica, muitas orquestrações, um constante oscilar entre as letras em inglês e em francês, são os elementos químicos deste cocktail de emoções à flor da pele, que tanto invocam o Sol a queimar a nossa face, como o frio que nos invade num dia chuvoso.
Errar é humano, mentir é americano?
E nesta situação, estamos a falar de uma ninharia, quando comparada com o todo o manancial de "insólitos" (à falta de palavra menos ofensiva) que a Administração W. Bush nos tem proporcionado ao longo de quase 5 anos. Trata-se apenas de uma birra.
A novidade é que desta birra surgiu pela primeira vez um reconhecimento da desonestidade deste governo. Apesar de convenientemente ter aparecido um bode expiatório, ainda há a possibilidade de Karl Rove (acessor de Bush e, dizem as más-linguas, o verdadeiro presidente em conjunto com o V.P. Cheney) ser também condenado, e quem sabe se finalmente será o começo de uma maior isenção do sistema judicial americano (conferir sff os membro do Supremo Tribunal de Justiça).
Bem sei que devia estar mais atento à nossa própria realidade política, mas não nos podemos esquecer, para o bem e para o mal, que muito do futuro do planeta se joga na arena de Washington, donde ultimamente podemos aplicar aquele velho ditado de "nem bom vento, nem bom casamento"...
quinta-feira, outubro 27, 2005
Religião? Onde?
Depois de nos últimos tempos a situação em Caxemira ter recuado um pouco, parece que temos novo foco de conflito que nos faz reviver a Guerra Fria entre os E.U.A. e a antiga U.R.S.S. Apesar dessa Guerra Fria ter terminado quando começava a ter uma consciência mais formada e de estar "fisicamente" distante da preocupação que nessa altura assolava os habitantes das duas super-potências, é possível ainda nos dias de hoje receber os ecos desses tempos. Seja em algum filme oriundo da década de 80, ou nalgum documentário do canal História, ou mesmo na recorrente ameça do nosso amigo George W. Bush em reactivar o programa "Guerra das Estrelas".
Á medida que se assiste a esta (por enquanto) troca de palavras entre o Irão e Israel, com a UE à mistura na figura de Tony Blair, apenas posso esperar que os rumores de armas nucleares não passem disso mesmo, um rumor. E é claro que a questão do petróleo volta também à baila. Ainda se recordam que o Irão também fazia parte do eixo do mal proclamado pelo George W.? Quase dá vontade de desejar que também houvesse petróleo na Coreia do Norte, talvez assim houvesse uma nova invasão "para salvar o povo oprimido", e talvez acabassem as contínuas mortes de pessoas devido à fome...
quarta-feira, outubro 26, 2005
Melancolia de meio da semana
Começa a chegar o frio. À sombra da Serra de Sintra, começam a soprar os primeiros ventos verdadeiramente cortantes. Apertam-se os casacos, começa-se a pensar se não será melhor trazer as luvas e o cachecol, “e aquelas nuvens escuras também não devem trazer nada de bom”.
Acabaram os dias de calor e Sol, o céu e a terra vão ficando mais “escuros” e sombrios. Toda a natureza se vai “abotoando” da melhor forma que pode. As árvores começam a ficar despidas das suas folhas, o verde vai-se convertendo em castanho, o ciclo começa-se a fechar.
A noite chega mais depressa, a luz vai-se embora mais cedo. O Sol leva consigo o meu sorriso, fico mais sério com o frio. Fico com vontade de ficar mais tempo em casa, longe do frio, longe da chuva, longe de tudo. Mas ao mesmo tempo também sinto o meu interior aquecer-se com o frio. Afinal de contas, como é que se pode gostar tanto do Sol e do seu calor, se não conhecermos a envolvência do vento frio que sopra hoje lá fora?
terça-feira, outubro 25, 2005
A nossa consciência crítica
segunda-feira, outubro 24, 2005
Brancos Estúpidos...
domingo, outubro 23, 2005
Um tipo diferente de café
Desejo as maiores felicidades às proprietárias e obrigado pelo Brunch Vital que estava bem bom! Ah, e o sorriso que acompanhava o atendimento também é sempre bom, mantenham-no!
sexta-feira, outubro 21, 2005
Ondas Sonoras
quinta-feira, outubro 20, 2005
O peido-mestre...
Por mim desejo claramente que se verifique a primeira hipótese. Ao assistir à candidatura oficial do Prof. Cavaco Silva, parece que voltei atrás no tempo e estou a ver o fantasma do Natal passado. Há uma diferença, no entanto, que passa pelo marketing político, o homem está tão polido que até brilha. Parecia que se estava a conter para não dizer exactamente o que lhe ia na alma.
Apesar da grande reviravolta económica positiva que o Prof. conseguiu na sua altura, é dificíl não esquecer a prepotência com que ao mesmo tempo encarou todas as questões sociais que se lhe apresentaram. Hoje voltei a assistir a estas contradições: ao mesmo tempo que diz que o país se "desleixou" no plano económico nos últimos 5 anos, então porquê o seu afastamento e só agora o avanço? Claramente não deve ter nada a ver com a maioria absoluta do PS... Sim, porque o sr. Prof. é muito independente.
Por muito que me irrite, será que tenho mesmo de votar no Dr. Mário Soares de modo a que o título deste post se comprove?
quarta-feira, outubro 19, 2005
Zed's dead, baby. Zed's dead.
Recordações de Nova Iorque
Nova Iorque é grande. Mas mesmo GRANDE....
O primeiro impacto quando se chega a Manhattan é olhar para o céu. Quer dizer, não será bem para o céu, é mais para os arranha-céus enormes que nos rodeiam. Lembro-me que no primeiro dia havia algum nevoeiro, o que fazia com que o topo de alguns dos edifícios ficasse acima das nuvens... Para quem está habituado à relativa baixa altura dos prédios em Lisboa, há de facto um grande diferença, e embora a certa altura possa parecer que todos os prédios nova-iorquinos são todos iguais, não deixa de ser impressionante.
Falando em altura, devo dizer que um dos meus sonhos era estar no cimo do Empire State Building, algo que consegui depois de passar por filas monstruosas de turistas que deviam ter o mesmo sonho que eu. Calculo que depois do 11 de Setembro o Empire State seja o edifício mais alto de Nova Iorque, pois é impossível andar pelas avenidas sem dar de caras com o raio do prédio, sempre à espreita, quase que a pedir para lhe tirarem mais e mais e mais fotografias (assim se explica como rapidamente se tiram umas 100 ou 200 fotos...). Subimos a uma altura de 86 andares (não sei quantos metros isso dá, só sei que é muito...), e depois de nos habituarmos aos fortes ventos que parecem querer-nos lá em baixo, onde é o nosso lugar, é de tirar a respiração, sentimo-nos de facto no topo do mundo (que me perdoem as pessoas que já foram até ao Evereste e afins...).
Falando em 11 de Setembro, também estivemos no Ground Zero, e é uma sensação estranha estar num sítio onde milhares de pessoas morreram e num espaço que parece ao mesmo tempo tão vasto e tão pequeno. A cidade ainda vive afectada por este momento trágico da nossa história recente, e não são poucos os restaurantes, museus, lojas de souvenirs, e outros que tais, com algum tipo de “artefacto” que recorda essa fatídica data. Para um português é estranho mas compreende-se a genuína dor que estas pessoas sentem. Como alguém dizia no outro dia, a grande maioria das pessoas tinha família, amigos ou amigos de amigos, que ficaram no meio dos escombros do World Trade Center. E, apesar de tudo, estes sentimentos de dor representados pelos tais “artefactos”, sempre são melhores do que o sentimento ultra-nacionalista que atravessa a cidade. Basta olhar para o sinal mais óbvio, as bandeiras. Bandeiras, bandeiras e mais bandeiras. Sejam meia dúzia delas a decorar a fachada de um MacDonald’s, ou uma só enorme a tapar a fachada da Bolsa de Nova Iorque, em Wall Street, elas estão em todo o lado. Se a mim já me parece esquisito em Portugal ainda haverem bandeiras nas janelas da altura do Euro 2004, podem imaginar como me senti ao andar pelas ruas da Grande Maçã...
A cidade não esqueceu o 11 de Setembro, como é normal, e a prova disso é o enorme dispositivo de segurança que encontramos em muitos dos “landmarks”. Locais onde me recordo que tenhamos passado por detectores de metais: Museu de História Natural, Museu Guggenheim, Empire State Building, Ferry para a Estátua da Liberdade, Nações Unidas, e sei lá mais o quê. Como dizia um dos meus colegas de viagem, “se as nossas mochilas fossem sensíveis aos raios X, já estavam cheias de tumores”. A ver se consigo que percebam a minha opinião sobre esta “paranóia”: compreendo em absoluto o porquê de tudo isto e não me chateia minimamente ter sido quase revistado em todos estes sítios (lembro-me de uma outra ocasião em que tive de tirar o cinto e também me recordo de ver algumas pessoas a tirar os sapatos, tal como o tivemos que fazer no aeroporto de Newark). O que realmente me deixou chateado é a forma como as autoridades americanas põem na prática estes sistemas de segurança. Vou apenas pegar no exemplo que é o corolário do que acabei de escrever, que foi a viagem de ferry até à ilha onde se encontra a Estátua da Liberdade. Logo no local onde estamos a comprar os bilhetes, vemos enormes placas a informar os turistas que não podem levar mochilas para o ferry (algo que acaba por não acontecer) e que não podemos levar a bordo canivetes, isqueiros, armas brancas, bombas, “pepper sprays”.... Espera lá, “bombas”??? Será que esta gente acredita mesmo que, se eu levasse uma bomba para a estátua, ia declará-la antes de embarcar? (a propósito, isto cai dentro da categoria de perguntas que é preciso responder antes de entrar no país, do género “é um terrorista?”, ou “esteve em contacto com gado recentemente?”, ou mesmo “caso tenha nascido antes de 1900 e troca o passo, esteve envolvido em actividades nazis durante a II Guerra Mundial?”). Em seguida vamos para a fila, mas ainda não é a fila para entrar no barco, mas sim a fila enorme para entrar numa tenda onde iremos ser revistados. E que melhor impressão logo à partida do que ter 2 jovens com aparência de terem acabado de vir do Bronx a cortarem os bilhetes antes de entrarmos na tenda? É de facto a melhor forma de dar alguma credibilidade à preocupação com a segurança (estava a ser irónico, caso não tenham percebido). Depois entramos numa tenda que poderia perfeitamente ser de circo, tendo em atenção a atitude dos agentes da autoridade/seguranças que lá se encontram. A antipatia é geral, os berros dados aos turistas (estrangeiros ou americanos, é indiferente) também, e a falta de respeito é de bradar aos céus. Bem sei que Portugal nestas coisas ainda não é grande exemplo a seguir, mas estes jovens abusam. Nunca me tinha sentido tanto como um animal no caminho para o matadouro (tentei inclusive fazer alguns ruídos animalescos para ver se eles percebiam... sem efeito). Ok, pensar-se-ia que aquela gente está ali para cumprir normas de segurança e não para ser simpática, é um ponto de vista perfeitamente defensável (Então experimentem ir à visita guiada das Nações Unidas, onde também passam por detectores de metais, mas os seguranças mostram empatia com os turistas e mostram que de facto é um inconveniente ter que passar por aquelas coisas... será que é porque nas Nações Unidas estamos a pisar terreno não americano?). Mas então que dizer da quantidade de gente que iam deixando entrar no ferry? Eu que estava numa das “varandas” só via gente e mais gente a entrar e só me perguntava se estavam à espera que o barco afundasse para dizerem que já estava cheio. Isto para não falar na quantidade de crianças que se iam debruçando nas amuradas, que não tinham protecção, a ver se conseguiam cair no rio. Mais tarde, já na ilha, iríamos ver um destes barcos a chegar, e mais pareceria uma imagem de um país de terceiro mundo, onde uma multidão de refugiados tentava fugir de uma qualquer guerra... Estranho conceito de segurança tem o departamento de Homeland Security dos Estados Unidos...
Ainda no assunto da simpatia (ou falta dela), tenho uma outra opinião que gostaria de partilhar convosco. Não sei em que empresa vocês trabalham, mas na minha e em muitas de amigos meus, semestre sim semestre não, vejo-me perante mais uma acção de formação de atendimento ao cliente, ou técnicas motivacionais, ou comportamento do consumidor, e o que acontece normalmente é que estas técnicas de atendimento são provenientes dos States. De modo que começamos a imaginar que o atendimento lá seja de 5 estrelas. Bom, o que me aconteceu a mim e às pessoas com quem viajei foi que o atendimento tomou 2 caminhos possíveis: por um lado, um atendimento super-eficiente nalgumas lojas, mas quase aos berros com os clientes, e, por outro lado um atendimento antipático, indiferente, do género “odeio o meu trabalho, por isso não tenho que te tratar bem enquanto cliente”. Verdade seja dita que, ao contrário de Barcelona, não fui atendido por alguém que estava a fumar atrás do balcão, mas mesmo dentro dessa escala as coisas não foram muito boas. Excepções há sempre, mas se vos disser que os sítios onde fomos bem atendidos foram um “diner” propriedade de gregos (que até se meteram connosco por causa do Euro, mas sempre de uma forma afável) e um restaurante italiano onde o jovem que estava a atender eram um bonacheirão tipicamente latino, acho que começamos a ver um padrão, certo?
Bom, não comecem a pensar que tudo isto faz com que uma visita à Grande Maçã não valha a pena. Não, não se trata disso, apenas há que partir de Portugal com uma razoável dose de paciência. Porque de facto há coisas bem bonitas em Nova Iorque. O Museu de História Natural, por exemplo, onde uma pessoa passa horas e horas extasiado no meio de esqueletos de dinossauro, culturas de todo o mundo, ou frente a frente com uma reprodução em tamanho original de uma baleia azul. Lindo, lindo, lindo... E as horas passam a correr... Se vos disser que entrámos por volta das 10 e meia, e saímos já a passar da 2 da tarde, não andarei muito longe da verdade. Também o Museu de Arte Moderna (MoMA, para os amigos) me deixou de boca aberta. No mesmo espaço temos exposições a puxar para o pós-pós-moderno (para quem tem mais abertura de espírito), exposições de volta do design dos nossos dias, e pinturas originais de “monstros” com Andy Warhol, Pablo Picasso, Diego Rivera, Salvador Dali ou Van Gogh, só para mencionar alguns. Acho que todos nós “levámos” connosco alguma coisa que nos agradou no MoMA.
E que dizer do Central Park? Mesmo no centro de Nova Iorque têm um sítio onde podemos fazer um jogging todos os dias (e simultaneamente “atropelar” os idiotas dos turistas que estão parados no meio do caminho a tirar fotos... comigo, por acaso, foram mais os dois ciclistas que tentaram passar-me por cima na Ponte de Brooklyn) passear os nossos cães (sim, porque nova-iorquino que se preze tem no mínimos uns 3 cães, todos de tamanhos diferentes), fazer um slalom com o nosso bebé dentro de um carrinho todo aerodinâmico, ou mesmo fazer uma partidinha amigável de basebol (juro que estivemos uns bons três quartos de hora a olhar para aquilo e mesmo assim não percebemos nada daquilo... nós é mesmo o pontapé na chincha e mais nada...). Mas o Central Park é mesmo imponente, e imagino que no Outono ou no Inverno seja ainda mais belo. E afinal de contas, não é em todos os parques que podemos “comprar” um banco de jardim e dedicá-lo à memória do nosso ente mais querido, com direito a plaquinha e tudo... Esta gente é mesmo esquisita...
Como portugueses que somos, o nosso lado gastronómico não podia ficar esquecido. Quando penso numa palavra para descrever a comida em Nova Iorque, só me consigo lembrar de duas: ataque cardíaco. Pois é, se nós cá já somos aquilo que tão bem conhecemos, os americanos decidiram fazer o mesmo mas em ponto grande, pois claro! Eu achei esquisito que, quando chegámos ao aeroporto de Newark, no caminho desde a chegada até ao recolher da bagagem, tenha visto nas paredes uns 10 desfibrilhadores (sabem aquelas máquinas que dão choques no nosso coração para que o mesmo volte a bater?), tal como se fossem extintores. Mas assim que comecei a fazer refeições, comecei a compreender... Desde hambúrgueres (como não podia deixar de ser...), até ovos mexidos com bacon ao pequeno-almoço, passando por sobremesas enormes em restaurantes mexicanos, até um pequeno-almoço esquisito no MacDonald’s chamado McGriddles, que não era mais que uma fatia de bacon super-salgado com ovo no meio de duas fatias de pão doce, até chegarmos ao famoso Hot-Dog, que, a meu entender, exige anos e anos de prática no seu manuseamento, pois assim que dei a primeira dentada, metade dos molhos foi parar ao chão...Pelo meio tive direito a provar o verdadeiro “fortune-cookie” chinês, com a minha sina lá pelo meio, bebi uma verdadeira limonada vietnamita (que eu gostei mas que houve outros que acharam que não era seguro estar a beber aquilo), e ainda deu tempo para recordar um prato dos meus tempos de Coreia... O ponto alto, para mim, foi um spaghetti à carbonara que comi num restaurante italiano em Little Italy, que me soube a comida angelical. Foi também neste restaurante que provei o único café de jeito em toda a cidade. Sim, porque aqui é o reino dos Starbucks, deve haver centenas e centenas destes cafés espalhados pela cidade. Nós até estranhávamos quando ficávamos 5 minutos sem ver um, mas nessa altura de certeza que apareciam uma dezena de nova-iorquinos com copos daquela mistela à nossa frente. Houve até quem tivesse pago uns bons dois dólares e meio por uma aguinha suja, isto depois de quase interrogarmos o empregado se era mesmo um “expresso”.
Por todas estas coisas, a viagem até Nova Iorque vai ficar guardada num local muito especial e, mais não seja, terei sempre as centenas de fotos que tirei para recordar os bons momentos lá passados. Deixo-vos algumas das frases-chave desta viagem que me trazem neste momento um sorriso ao rosto...
“Are you a terrorist?”
“A minha máquina fotográfica não está boa...”
“What’s you number, SIR?”
“Do you know the dangers of lead poisoning?”
“Cuidado Lolita!”
“Olha, umas baratinhas!!”
“Isso já tem a gorjeta incluída?”
“Sounds good...”
“Start spreading the news
I’m leaving today
I wanna be a part of it
New York, New York…”
Uma bica e o livro de reclamações, se faz favor!
terça-feira, outubro 18, 2005
The less special one...
E será que mandar o homem embora vai resolver todos os problemas que rodeiam o Sporting? Será que a mudança não deveria ter começado por cima (dirigentes) ou mesmo pela mentalidade que está na base da pirâmide (jogadores)? O tempo o dirá.
Há uma década atrás...
Para além das óbvias mudanças infraestruturais, com o desaparecimento de locais como o antigo mercado ou mesmo a minha escola primária (agora um parque de estacionamento, que de vez em quando serve de local de festas da freguesia) e o aparecimento de tudo o que esteja associado ao Pólis, há também mudanças a nível social.
Ainda me lembro de Verões onde as famílias saíam à rua e havia gente no jardim da avenida até às tantas, uns a jogar à bola, outros a namorar, outros simplesmente a conversar e aproveitar o calor. Mesmo nessa altura, achava um bocado estranho esse tipo de coisas no seio de um subúrbio como o Cacém, até porque era o tipo de comportamento que assisti desde muito cedo na terra dos meus pais, em pleno Peso da Régua. Talvez que o facto de haver muita gente a morar no Cacém proveniente desse meio rural explicasse essa situação e esse sentimento de vir para a rua confratenizar. Outro bom exemplo, que agora não acontece, era o relacionamento com os meus vizinhos, pois conhecia-os a todos e cheguei a ter boas relações de amizade. Em cada rua conseguia quase "regressar-se" a um estado de aldeia, onde todos se conheciam e compartilhavam o seu dia-a-dia.
Isto era há uma década (ou mais) atrás...
Hoje o Cacém está a viver uma 2ª geração, maioritariamente composta por casais jovens, alguns com filhos. O sentimento de insegurança parece-me ser maior, apesar de antes o tráfico de droga se fazer em pleno dia e ser uma constante. No entanto a insegurança de hoje passa mais pela pequena criminalidade e uma sensação de intimidação por parte de alguns grupos sociais (e não raciais,entenda-se). As crianças hoje também passam menos tempo na rua, pois há sempre algum ATL, ou creche, ou infantário, ou seja, as estruturas adaptaram-se aos pais que passam o dia inteiro no trabalho e não têm nenhum familiar que possa ficar com os filhos durante o período pós-aulas. A televisão, os DVDs, os jogos de consola, alguma preguiça dos pais, algum super-proteccionismo dos filhos, também poderão explicar por que é que mesmo ao fim-de-semana o Cacém já não tem tantas pessoas nas ruas.
In the end, tudo se resume à diferença entre a geração dos nossos pais e a nossa, que parece por um lado ter uma memória muito curta, e por outro tem que enfrentar uma sociedade muito diferente da de há 20 anos atrás. Será que se pode mesmo criticar esta atitude?