quarta-feira, janeiro 30, 2008

Às escondidas

"Os primeiros chuviscos restituem-nos
o íncrivel cheiro da terra
mas nós estaremos quem sabe longe
do que tem significado

Preenchemos a inscrição numa piscina municipal
não sabemos bem o motivo ou não dizemos a ninguém
como os dias nos pedem a dureza
ofegante, instintiva
que têm para os nadadores as braçadas

Uma sombra nos acalma
Uma claridade nos dói

Cedo receamos a felicidade daquelas imagens
que reencontramos dentro de nós
e não se ligam a nada"

José Tolentino Mendonça


Debaixo de água a vida corre mais devagar e apenas há silêncio. Sentimos o peso das nossas tristezas flutuar para longe, a abandonar-nos como um sonho mau. As mágoas afundam-se, libertam-se do nosso corpo enquanto nadamos sempre em frente, sem olhar para trás. No seio da água renascemos, reconstruímos os estilhaços do nosso ser quotidiano. Respiramos fundo e mergulhamos mais uma vez, e outra, e mais uma. E assim vão passando os dias, quando apenas conseguimos a paz longe do mundo que vive lá fora. Melhores dias virão, melhores palavras haverá para escrever. Até lá, tentemos ganhar guelras...

2 comentários:

SK disse...

O Esclarecimento é um escafandro, mas a ilusão de respiração era melhor, não era?:)

Abraço

PenaBranca disse...

põe Pizzicato Five a andar e isso passa-te já. ânimo!