sábado, abril 28, 2007

16,6 vermelhos

Subo para a cadeira e sinto um formigueiro no estômago. Nunca fui muito amigo de agulhas e o vermelho vivo que corre dentro de mim sempre foi demasiado vermelho para mim. Mas agora já não havia retorno possível. A agulha é pequena, mas ao mesmo tempo enorme. Sinto a picada e olho para o tecto. A cabeça parece ficar leve, quase a levitar. Ganho coragem e olho para o meu sangue a percorrer o caminho pelo tubo. No fundo, não está a custar tanto como eu receava. Aliás, bem lá atrás, no interior da massa cinzenta, há algo que me confirma que sim, estou a fazer algo que já desejava há algum tempo e parecia que nunca havia tempo para tal. Foi preciso haver alguém que me mostrasse que os seus resquícios de nada significam afinal muito, muitíssimo. E afinal de contas, o sol brilha e já só tenho um penso no braço. Sabe bem. Aonde vamos a seguir?

"Como é do seu conhecimento, o sangue não se fabrica artificialmente e só o Ser Humano o pode doar. Como tal, o sangue existente nos serviços de sangue dos hospitais depende diariamente de todos que decidem dar sangue, de forma benévola e regular, partilhando um pouco da sua saúde com quem a perdeu.

Todos os dias existem doentes com anemia, doentes que vão ser submetidos a cirurgias, doentes acidentados com hemorragias, doentes oncológicos que fazem tratamento com quimioterapia, doentes transplantados e muitos outros que necessitam de fazer tratamento com componentes sanguíneos. Enquanto que um doente com anemia pode necessitar de 1 ou 2 unidades de sangue, um doente com transplante de fígado ou um doente com leucemia pode necessitar de um número bastante elevado de componentes sanguíneos."

(Instituto Português do Sangue)


8 comentários:

PenaBranca disse...

foi bom, sim, mas eu devia era ter-te tirado uma fotografia quando subitamente a enfermeira te passou o pano pela testa, sugando o suor que te escorria em bica. isso sim, seria lindo ainda por cima se publicado aqui. até amanhã camarada!

Nuno Guronsan disse...

:)

Coitada da senhora, foi tão amável...

Para a próxima leva a máquina fotográfica para captares melhor o meu desespero...

a miúda disse...

Mas no fim até tens direito a lanche de borla!!!
;)
Beijos

Nuno Guronsan disse...

Lanche, meiguices e boa disposição... Tou lá outra vez daqui a 3 meses... :)

Beijos, miuda!

Patrícia disse...

Fui dadora durante alguns anos (5, penso eu), mas depois começaram a rejeitar-me pelo meu peso... Não aceitam mulheres com menos de 50 quilos... :( Eu sou forte, aguento bem a colheita, mas eles dizem que são as regras...

Ainda bem que tomaste essa decisão! Na verdade, à segunda vez já não custa nada e só te faz sentir em paz contigo mesmo. :)

Beijinhos, Nuno

Nuno Guronsan disse...

Pois, já eu não tenho que me preocupar com essa questão do peso :)

E sim, apesar do que aqui escrevi, o sentimento foi muito bom, ainda por cima com a simpatia com que fui recebido.

Beijokas.

AR disse...

Eu também ando há tempo de mais a pensar ir dar sangue e a ficar só no pensar...

quem sabe é agora que se concretiza.

:)

Micas disse...

Também sou dadora há já uns bons anos. Tens toda a razão, o sentimento com que se fica é muito bom. Agora ando a pensar em doar medula, só não o fiz ainda por não ter tido disponibilidade de tempo, em breve, em breve.
Bom feriado.