segunda-feira, novembro 30, 2009

Sign me up

"We leave a stain, we leave a trail, we leave our imprint. Impurity, cruelty, abuse, error, excrement, semen - there's no other way to be here. Nothing to do with disobedience. Nothing to do with grace or salvation or redemption. It's in everyone. Indwelling. Inherent. Defining. The stain that is there before its mark. Without the sign it is there. The stain so intrinsic it doesn't require a mark. The stain that precedes disobedience, that encompasses disobedience and perplexes all explanation and understanding. It's why all the cleansing is a joke. A barbaric joke at that. The fantasy of purity is appaling. It's insane. What is the quest to purify, if not more impurity? All she was saying about the stain was that it's inescapable. That, naturally, would be Faunia's take on it: the inevitably stained creatures that we are. Reconciled to the horrible, elemental imperfection."

Philip Roth

sexta-feira, novembro 27, 2009

The Human Stain

"Wish I were. Would have preferred to be one. Oh, yes, absolutely. No two ways about that. Much prefer to be a crow. They don't have to worry about moving to get away from anybody or anything. They just move. They don't have to pack anything. They just go. When they get smashed by something, that's it, it's over. Tear a wing, it's over. Break a foot, it's over. A much better way than this. Maybe I'll come back as one. What was I before that I came back as this? I was a crow! Yes! I was one! And I said, "God, I wish I was that big-titted girl down there," and I got my wish, and now, Christ, do I want to go back to my crow status. My status crow. Good name for a crow. Status. Good name for anything black and big. Goes with the strut. Status."

Philip Roth

quinta-feira, novembro 26, 2009

segunda-feira, novembro 23, 2009

Reencarnar

verbo intransitivo
RELIGIÃO (alma) entrar para outro corpo que não era o que ocupava anteriormente
(De re-+encarnar)

(in Infopédia)


Confesso que é uma possibilidade que me agrada. Ter a oportunidade de fazer e sentir coisas diferentes daquelas que faço e sinto nesta vida actual. Não que esteja desgostoso com esta, ainda que por vezes não seja fácil nem completamente satisfeita. Mas saber que quando esta etapa chegasse ao seu término havia a chance de fazer tábua rasa e começar tudo de novo, é algo que me deixa curioso. Curioso para saber como seria, como se diz ali em cima, "entrar para outro corpo" e caminhar com os sapatos de outrém. Ver as coisas com outro par de retinas, ver coisas diferentes das que vejo agora, sentir outras emoções díspares das que sinto no meu quotidiano. Descobrir outros mundos longe daquele que tenho agora. Já sei que vai haver quem analise aprofundadamente estas palavras (ou não, o ego é sempre uma coisa um bocado parva), mas não, não quero passar para esse "outro corpo" antes de terminar a viagem que levo neste. Até porque acho que ainda se vão suceder coisas muito interessantes nesta vida, que ainda vou ter muito para escrever para além das três dezenas e pouco de anos que me têm dado tantas e tantas experiências diferentes e nas quais, olhando para trás, ainda me custam que tenham acontecido. Na verdade, sinto que já ando a ter várias reencarnações em apenas uma (promoção leve 2 pague 1), que há coisas que parecem pertencerem a vidas passadas, que hoje tudo parece tão distante que quase me custa a acreditar que tenham acontecido. Portanto, acho que me posso deixar iludir com essa ideia do reencarnar, de levar parte da alma que agora tenho para outra vida, e continuar a viver, a tentar chegar a ser um ser humano (ou outra coisa qualquer) melhor, melhor do que sou agora, e continuar a aumentar a gaveta de recordações de vidas passadas por aqui. E até conseguir viver coisas que nunca aconteceram a não ser nas palavras ficcionadas que por vezes me passam pela cabeça. Isso também seria engraçado.

terça-feira, novembro 17, 2009

Prenda Minha - V

Enquanto se começa a paginar, será que nenhuma alma caridosa me quer pagar uma passagem para a grande maçã (atacada pelo verme Burton)? O Natal está aí...




segunda-feira, novembro 16, 2009

Ondas Sonoras - XXXVIII

Para mim, foi muito bom. E será sempre uma opinião pessoal. É uma das bandas que há mais tempo me acompanha musicalmente. A primeira música que me lembro de ouvir deles foi o Just Can't Get Enough. Fui ver e a data do single é de 1981, teria eu cinco ou seis anos. Era uma música festiva, alegre e adorei imediatamente. Como mais tarde iria adorar também as músicas mais escuras, negras que iriam criar.

Everything Counts, People Are People, Master And Servant, Somebody, Shake The Disease, Stripped (cantada a plenos pulmões, no sábado), A Question Of Time (com o Dave a rodopiar como um maníaco, no sábado), Strangelove, Never Let Me Down Again (magnífica, no sábado), Behind The Wheel (com aqueles sons que batem fundo no coração, como no sábado), três discos seguidos que guardo religiosamente ainda em formato cassete, o ao vivo 101 (que, no sábado, me passou inúmeras vezes pela cabeça, na altura em que o gravei estaria longe de pensar que iria vê-los também ao vivo), a obra-prima Violator, com as sublimes Personal Jesus, Enjoy The Silence, Policy of Truth e World In My Eyes (todas elas tocadas no sábado, e só com elas fiquei completamente nas nuvens), e o étereo Songs Of Faith And Devotion (com I Feel You e Walking In My Shoes a deixarem-me quase rouco), e tantas outras músicas que ao longo dos anos me continuaram a fazer ouvir os Depeche Mode, mesmo quando já não pareciam ter a fama de outros tempos, Home (melhor momento de Martin Gore ao microfone, no sábado), Barrel Of A Gun, It's No Good (outra cantada de fio a pavio pelo público que esgotou o pavilhão atlântico no sábado), Only When I Lose Myself, Dream On, I Feel Loved, Precious (também presente no sábado), Suffer Well, John The Revelator, e as novas músicas que também me têm conquistado aos poucos e que abriram o concerto, In Chains, Wrong e Hole To Feed.

São quase trinta anos de música e se os Depeche Mode fossem a tocar todas aquelas que eu gostaria de ouvir, o concerto teria durado a noite inteira. Assim, deixaram-nos com duas horas de memórias, refrões inesquecíveis, aplausos intermináveis, gargantas a cantarem bem alto, músicas que continuam brilhantes mesmo com o passar dos anos.

Foi muito bom. E foi um daqueles momentos de felicidade tola. Mas valeu a pena.




sábado, novembro 14, 2009

Mais logo (espero eu)



Esta é mesmo muito especial. Portanto, se os senhores decidirem tocá-la, serei uma pessoa muito, muito feliz. Eu sei, é pouca coisa para se ser feliz, mas pronto, eu assumo, hoje sou mesmo nostálgico e não, não tem só a ver com a música. Vou mesmo ser transportado para um passado, um passado que foi também ele feliz. E recordar tempos felizes, deve deixar um resquício de felicidade dentro de nós, não? Meet you there, Dave, Martin and Fletch.


quarta-feira, novembro 11, 2009

Caça grossa

Aquela era a sua parede. A parede onde envergava os seus troféus. Nada que se parecesse com uma sala de caça, daquelas que se lembrava de ver sempre que ia em alguma visita de estudo a um antigo palácio. Aliás, costumava ter pesadelos com esse tipo de salas. Como se a qualquer momento aquele javali ou aquele outro veado fossem ganhar vida e persegui-la raivosamente, como se tivesse sido ela a disparar a bala que para sempre os tinha plantado naquela parede. Sentia um pequeno arrepio só de recordar esses pesadelos. Não, a sua parede era muito menos dolorosa para os respectivos troféus. Afinal de contas, só tinham perdido os seus chapéus. Nada de mais na verdade. Talvez ainda hoje os procurassem, desconhecendo o seu verdadeiro destino. Isto se ainda se lembrassem dela. Bom, alguns lembravam-se de certeza, aqueles em que o desvio do seu chapéu só tinha ocorrido depois de alguns meses ou anos, e não a seguir uma noite de suor e sexo. Como o chapéu do seu guia, durante uma viagem pela savana africana. Depois de cinco dias e cinco noites de convívio, com muitas fotografias de animais e paisagens, em que ele tentava meter conversa a todo o custo, tentando saber tudo o que havia para saber sobre aquela turista fotógrafa de outro continente, após esses dias e noites, e chegada a última noite que iria passar naquela terra tão estranha e tão maravilhosa, deixou-se abandonar aos encantos do seu guia, deixando-lhe a memória de uma noite de desejos e múltiplas posições e o ar quente da savana a entrar pelo quarto adentro, enquanto ela se saía do quarto antes do sol nascer, levando consigo o chapéu do seu guia engatatão. Será que ele sabia que o seu chapéu se encontrava ali, numa parede de uma casa no meio da cidade mais ocidental da europa? Talvez. O antigo dono do chapéu de côco sabia de certeza absoluta que era ali que o mesmo estava. Tinham sido dez meses a partilhar a cama e os lençois com aquele actor de teatro inglês, numa casa perto de St James Park. Dez meses que se foram passando lentamente, ela a fotografar os meandros do nevoeiro, ele a representar peça atrás de peça num pequeno teatro num beco londrino, personagem atrás de personagem, ela sentada sempre na plateia, imaginando com que personagem iria ela dormir nessa noite, se o rei lear se o polícia destroçado pela vida se o cavalheiro inglês de chapéu de côco do século passado, imaginando-se ela também actriz envergando as roupas dele enquanto ele a olhava maravilhado, em pelo, deitado na cama. E assim se passaram os dez meses, e assim concluiram que não iriam ter um final feliz, e assim acabou aquele chapéu de côco na sua parede. Mas havia mais. O chapéu do professor de inglês da faculdade. O chapéu de palhinha do colega madeirense do último ano do doutoramento. O chapéu do seu primeiro marido, que acabou por lho tirar da mão na altura em que se despediam e já depois de terem assinado os papéis que punham um ponto final em cinco de anos de casamento malfadado. E ela pensava que ainda havia muito espaço naquela parede. Muito, demasiado espaço. Especialmente se considerarmos que o seu actual marido não usava chapéu e nem tão pouco compreendia o porquê daquela parede. Talvez que se o sol continuasse a brilhar por aqueles dias, ela lhe oferecesse um boné daqueles com pala, esse ele até provavelmente o usasse. E afinal de contas, ela ficaria com a casa. E a parede, mais os seus adornos de uma vida, continuaria a ser sua.


(Foto tirada por Teresa Serpa)

Prenda Minha - IV

Por vezes deixo-me seduzir pela floresta, quando tenho a árvore mesmo à minha frente e nem assim viro o volante para evitar o embate que se avizinha.


quinta-feira, novembro 05, 2009

Festa


O relato oficial fica por aqui. Eu fico-me pelas palavras do pai do João, que ontem foi não uma homenagem, mas sim uma festa da música, a música pela qual o João tinha uma paixão do tamanho do mundo, e que onde quer que esteja, o João está contente, feliz, com todas as pessoas e músicos que ontem se juntaram para celebrarem essa paixão que ele manteve até nos deixar. E que ele tenha sentido que todos os muitos aplausos que ontem se ouviram foram para ele, e ao mesmo tempo uma forma de adiarmos as lágrimas e olhos húmidos com que todos saímos do auditório. Arrepiante, lindo, indescritível.



(Puta de vida, merda de vida... porque é que os bons nos deixam sempre demasiado cedo?)


domingo, novembro 01, 2009

O Mestre (1950-2009)


Estou sem palavras. Estou triste. O éter português está mais pobre. Descansa em paz, Mestre, a tua voz continuará a ecoar nos ouvidos de quem fica com saudades tuas.