domingo, setembro 30, 2007

Do Contra

Ontem assaltaram o meu carro. Aliás, estava a chegar a pé a casa e interrompi o próprio assaltante em pleno acto, enquanto tentava desajeitadamente arrancar o meu auto-rádio do seu local de sempre. Informei o mesmo que estava a ligar para a polícia o vir prender uma vez que não restavam dúvidas que era mesmo o meu carro. Pareceu-me que só nessa altura o sr. assaltante percebeu que eu ali estava. Então, irritadíssimo, tirou a máscara de ski preta que usava e, agarrando-me pelos ombros, disse que aquilo era inadmissível, uma autêntica falta de respeito. Como é que eu podia interromper o seu assalto educado com as minhas ameaças e chamadas para a polícia. Que ele tinha deixado a sua mulher e os filhos sozinhos em casa (um grande sacríficio pessoal!), só para poder estar ali, a tentar arrancar o meu auto-rádio e o suporte do telemóvel. Que eu podia ter sido mais educado e não ter chegado naquele preciso momento do assalto. Que eu era doido e, com o devido respeito que eu lhe merecia, que ele assim não podia continuar o seu metódico arrombamento do meu carro. Sim, porque assaltar um carro tem as suas regras e as mesmas nunca, mas nunca devem ser quebradas. Mais, que eu precisava de aprender a lição para que este tipo de interrupções não se voltasse a repetir. E assim, com um movimento rápido, demasiado rápido para os meus olhos, deu-me com um pé-de-cabra na cabeça. Quando finalmente tomei de novo consciência, estava rodeado por agentes da PSP que me perguntavam o que se tinha passado e se eu me lembrava das feições do assaltante. Depois de tentar raciocinar uns momentos, informei-os que não, a culpa tinha sido minha e que da próxima vez apenas os chamaria depois de o carro estar reduzido a um monte de sucata, com todos os seus acessórios devidamente furtados. Ainda hoje, com o curativo na minha cabeça, continuo a pensar que fui de facto um bruto insensível e apenas desejava ter o contacto do senhor, para lhe poder pedir mais uma vez as minhas eternas desculpas...

8 comentários:

Célia disse...

Nuno, a tua história parece retirada directamente de um filme... Espero que estejas a recuperar bem e que ultrapasses isso depressa.

Beijo

Micas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Micas disse...

A tua história está excelente, infelizmente da maneira que a justiça portuguesa anda, as vitimas vão ter mesmo que começar a pedir desculpas aos ladrões...
Bem, só espero que tenha sido mesmo só uma história sem semelhanças à realidade do teu dia de ontem!!!
Beijos

Nuno Raimundo disse...

Dass. Roubado e ainda por cima agredido.

Meu amigo, as tuas melhoras...

Pra a próxima dás-lhe tú com o ferro.
Isto é , era preferivel que não houvesse próxima.

abr...prof...

Anónimo disse...

No meio da tua conversa interessante com o Sr. Assaltante até tiveste mt sorte, ouvem-se histórias que não acabam com pé de cabra na cabeça.
Agora estou a lembrar-me que o meu amigo Paulo que mora na mesma área suburbana e tem um carro igual ao teu, há cerca de um ano era assaltado semanalmente!! Se calhar o sr. ladrão mudou de rua..
bjs, Célia

Nuno Guronsan disse...

Amigos, a história é apenas uma pequena ficção inspirada por um acontecimento mediático recente, no qual parece que tenho uma opinião que em muito diverge da grande maioria. Não levei com nenhum pé-de-cabra na cabeça, de maneira que apenas continuo com os normais níveis de desfasamento normal. Mas obrigado na mesma pela vossa preocupação...

Beijos e abraços.

Nuno Guronsan disse...

Desfasamento mental era o que eu queria dizer. Mas assim até foi bom, comprova-se que a mente é mesmo uma coisa fraquinha, fraquinha... :)

Anónimo disse...

:)
Eu gostei da tua história.
Acho que tiveste um bom momento de inspiração e isso é algo de que nem todos nos podemos gabar, principalmente em época em que tudo anda a meio gás incluindo as pessoas.

Beijos e ânimo

alguém