domingo, julho 15, 2007

Encontros e reencontros

Paramos ou avançamos? Paramos no tempo ou avançamos em direcção a um futuro que nos aguarda sabe-se lá onde? Definitivamente, sempre em frente é o caminho que precisamos, que sabemos que nos irá encontrar onde quer que estejamos. Até lá podemos sempre comemorar as nossas vidas e os anos em que estivémos afastados uns dos outros. Fazer juras sinceras de que a partir de agora será diferente, tentaremos que seja diferente. Afinal de contas, ficou provado e mais que provado que fazemos todos parte uns dos outros. Daqueles que vemos quase todas as semanas, daqueles que vamos vendo com o passar dos meses, dos que inadvertidamente deixamos passar anos até que nos cruzemos de novo, mesmo daqueles com quem sentimos afinidades ao primeiro contacto que afinal parece ser um de muitos mesmo não nos conhecendo, gritando todos ao mesmo tempo, putamadre!!! E depois fico sempre fascinado, quase emocionado com este enorme mundo que temos dentro de nós, que os outros não conseguem vislumbrar, mas que aqui, à volta desta mesa, seja numa noite de copos, num momento tão solene, no meio da pista de dança, ou enquanto a noite desce sobre nós, conseguimos ver os nossos universos desarmado tão claros e límpidos como se fossem os nossos próprios.
Não pode ser sempre assim? Pois não, as nossas vidas não o permitem, mesmo conjugando todos os nossos esforços. Mas há momentos que valem por uma vida inteira, mesmo que esta ideia esteja banalizada por muitos. E no meio de uma sacralidade que até nem sequer nos une, digo eu, encontramos a nossa própria fé, a verdadeira, a que move não montanhas mas corações a baterem em uníssono, ao som do mesmo sopro que nos emociona como se fosse tocado só para nós. E até o é, sob a capa de uma única pessoa, a que de facto sente mais aquele amor do que nós, os que ficam à volta, sentados nas nuvens e a desejarem voar tão alto como eles os dois. E eles merecem-se, tal como nós os merecemos. E as horas vão passando, lentas como o calor que nos envolve. E gostávamos que fossem ainda mais lentas, que nos deixassem ficar por aqui mais uns tempos, longe de todas as coisas que fazem parte de nós por mera obrigação. E continuar aqui, cruzando conversas, iluminando olhares, provocando os (sor)risos que nos insuflam a alma, enfim, enfrentando as luzes que disparamos uns aos outros. Mas o tempo urge. Ainda nos são autorizadas mais umas braçadas no oceano de nuvens que fica bem lá no alto, onde quase conseguimos tocar, se estivermos dispostos a isso. A caminhada foi longa, os anos deixaram as suas marcas, sinto-o, mas em essência aquelas pequeninas coisas que nos aproximaram, que ultrapassaram em muito o mero espectro de um coffee-break e fizeram com que as raízes fossem lançadas ao seio da terra, todas elas reapareceram. E apenas faltou que mais pessoas viessem, que a chamada incluísse um rol maior. Mas afinal não, só faz falta quem cá está. E nós fazemos falta uns aos outros. E ainda nem bem nos afastámos e já os telemóveis vão servindo para encurtar o caminho oposto que agora fazemos, uns para norte, outros para sul. E não esquecendo aquelas duas pessoas especiais, as que nos permitiram tudo isto em pouco menos de quarenta e oito horas. Aquelas pessoas que apenas poderiam ser elas mesmas, assim como são. E que a vida apenas faz sentido com elas assim, lado a lado, e connosco ao lado, para o que der e vier. E sempre, sempre com o pé na estrada, preparados para irmos onde o vento nos leve. Desde que com esta coisa que se entranha na nossa pele e nos faz escrever coisas que pouco sentido fazem e que nos deixam o coração a bater mais depressa e que nos iluminam o ser por dentro e que nos deixam a pairar um sorriso já de muitas saudades. E assim ficamos. E assim somos. E ainda bem.

4 comentários:

Sofia Viseu disse...

Nem de propósito encontrar o teu inspirador texto. Esta semana também eu vou ao encontro do meu universo infantil, num restaurante algures em Lisboa :*

Nuno Guronsan disse...

À volta da mesa, com boa companhia... Simples mas tão compensador... Bons encontros!

Ms D. disse...

Não foi só para mim que este domingo foi marcante.

**

Nuno Guronsan disse...

Em Barcelona ou na Covilhã,o sentimento deve ter sido muito parecido, minha querida...

Beijos.