aceitam deixar-se matar, para além do interesse, tende mais ou menos
confusamente a justificar essa condição, fundamentando-a na dignidade:
cristianismo para o escravo, nação para o cidadão, comunismo para o ope-
rário. (...) Por outro lado, os homens são talvez indiferentes ao poder...
O que os fascina nessa ideia, vê você, não é o poder em si, é a ilusão do
bel-prazer. O poder do rei é governar, não é? Mas o homem não quer
governar: tem vontade de forçar, como você disse. De ser mais do que
homem, num mundo de homens. Escapar à condição humana, era o que
eu dizia. Não apenas poderoso: todo-poderoso. A quimérica doença, de
que a vontade de poder é a justificação intelectual, é a vontade de divin-
dade: todo o homem sonha ser deus."
André Malraux
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