Fui recordado que a minha antiga escola primária também já não existe. Era uma pequena ilha de ensino no meio de alguns dos prédios mais antigos da freguesia. Era feita de pavilhões de madeira, tinha árvores, e recreios para brincar, e espaço para correr. Se eram as melhores instalações escolares do mundo? Não, longe disso. Mas sempre foram mais do que suficientes para os alunos que havia na altura, sempre houve salas suficientes, sempre houve professores e auxiliares capazes de controlar algumas das crianças mais destravadas que conheci em toda a minha vida. E nem mesmo uma cabeça partida me faz ter menos saudades daquela escola que conheci desde os meus três anos de idade até à altura que parti para a preparatória. Foi abaixo, com a justificação de instalações mais modernas e a necessidade de albergar muitos mais alunos do que aquilo que conseguia. Nunca construíram outra no seu lugar. Nem tal se pedia. Mas havia tanta coisa que podia ali ter nascido para, de algum modo, honrar aquele antigo local de aprendizagem escolar e mesmo de como crescer enquanto cidadão deste mundo. Um jardim, uma biblioteca, tanta, tanta coisa. Ficámos com um parque de estacionamento. Uma coisa necessária, sem dúvida, tendo em conta a falta de planeamento urbano que sempre reinou naquele local, mas mais cimento cinzento povoado por coisas sem vida. Acho que nem sequer a árvore que há tantos anos ajudei a plantar, acho que nem sequer ela sobreviveu. Nem sempre penso nestas coisas quando passo à frente daquele espaço que me deixou tantas memórias. Mas, às vezes, por vezes, lá me passa de repente uma imagem, um som, uma voz, uma espécie de fotografia em movimento, que acaba sempre por me lembrar que, enquanto os anos passam e inevitavelmente crescemos, há algumas partes do nosso mundo emocional que simplesmente acabam. Seja ou não quinta-feira...
Sem comentários:
Enviar um comentário