quinta-feira, janeiro 14, 2010

Mágoa

"Há muito que os especialistas defendem que o tratamento do cancro está demasiado fragmentado e que para haver maior qualidade é necessária concentração. Nesse sentido, a Coordenação Nacional para as Doenças Oncológicas (CNDO) fez sair este mês um documento onde surgem os requisitos necessários para que uma unidade preste cuidados em oncologia. Um deles define como 500 o número mínimo de novos casos por ano para que um serviço se mantenha aberto."

(escrevinhado no público)

Racionalizem tudo o que quiserem.
Façam todas as avaliações de custos e relatórios de produtividade que quiserem.
Entrem em todas as rivalidades políticas e regionais que queiram.
Façam tiroteio de números o quanto tempo quiserem.

Mas saber que vai haver mais hipóteses de haverem pessoas a sofrer com uma doença que nos rouba quase toda a nossa dignidade e nos leva quase tudo menos os ossos...
Saber que há hipóteses de haverem ainda mais famílias e amigos dilacerados pelo sofrimento de quem amam e pelo eventual roubo dessa presença nas suas vidas...
Saber que o ser humano é apenas um número e nada mais...

Espero que a vossa consciência vos grite aos ouvidos até ao final das vossas vidas.

3 comentários:

Sónia da Veiga disse...

Não sabia disto e acabei de ficar pasma...

É triste quando realmente só pensam em cifrões (ou melhor, €s) e não no quão ridículo é fazerem estas instalações (que cuidam de pessoas que precisam de apoio constante) esperarem por mais tristeza para se manterem abertas, ou fecharem e deixarem-nas desamparadas, com mais encargos ainda com deslocações ou, pior ainda, privadas do seu tratamento e do apoio amigo pela distância.

E os doentes em ambulatório, terão que ir e vir todos os dias mais quilómetros ainda?!?
E os familiares, terão que se privar de acompanhar e apoiar os seus entes queridos nestas alturas de necessidade?!?

É triste...

Nuno Guronsan disse...

É a sociedade que temos.
Fica a dor dos que não podem arrancar a doença das pessoas que amam.

Obrigado pela visita e pelas palavras.

Sónia da Veiga disse...

De nada.

Quando tocam fundo e, para cúmulo, são próximas, as coisas têm que ser ditas e quem o faz elogiado.