sexta-feira, abril 26, 2013

Book of Mercy

"In utter defeat I came to you and you received me with a
sweetness I had not dared to remember. Tonight I come to you
again, soiled by strategies and trapped in the loneliness of my
tiny domain. Establish your law in this walled place."

Leonard Cohen

 

domingo, abril 21, 2013

Para memória futura...

"Amarás o teu supositório assim como o do próximo."

"Não cobiçarás o supositório alheio."

"Amarás Pai, Mãe e supositório."

"Unsere Dame von Zapfchen."



Há coisas mesmo parvas. Mas se provocam gargalhadas de ir às lágrimas, é sinal que estamos vivos, bem como as nossas amizades.


terça-feira, abril 16, 2013

Burton Ad Eternum



"Ladies and gentlemen. I think the confusion here is that you are all very ignorant. Is that right word, ignorant? I mean stupid, primitive,unenlightened. You do not understand science, so you are afraid of it. Like a dog is afraid of thunder or balloons. To you, science is magic and witchcraft because you have such small minds. I cannot make your heads bigger, but your children's heads, I can take them and crack them open. This is what I try to do, to get at their brains!"


Vénia a QT


"Django. The D is silent."


quinta-feira, abril 11, 2013

Recta da meta

Pensar onde vou estar daqui a dez anos. O que quero ser, o que quero estar a fazer, onde é que quero estar. Custa e não é uma coisa que me agrade, lembra-me periodos da minha vida que não foram fáceis. E claramente, pelo menos comigo, é um exercício meramente teórico. Mas hoje, curiosamente, colocou-me as roldanas neuronais a funcionar num destino que muito me agradaria mas que sei ser próximo do impossível (ainda que tenha sido felicitado pela minha resolução e igualmente respeitado pela minha eterna timidez). Ainda assim, daqui a um ano tenho que voltar a ler algumas das coisas que escrevi hoje. Talvez nessa altura leve com um merecidamente dado pontapé no rabo para me mexer na direcção certa.


quinta-feira, abril 04, 2013

Ontem

Um dia especial, com as emoções à flor da pele. Um dia bonito e cheio de pequenos instantes para recordar daqui a muitos anos. Certamente que não vamos esquecer, aqueles que lá estivémos, a chuva, a paisagem, a comida, o vinho que alegremente partilhámos, os risos, as lágrimas, as canções, os olhares de ternura, a alegria de vermos a nossa matriarca cumprir mais uma Primavera da sua vida. E, mais que tudo, o seu riso e uma ou outra lágrima que derramou. Risos pelos que estavam com ela, sentados à mesa e à distância de um telefonema. Lágrimas pelos que já não estão aqui, mas que vivem para sempre nas nossas almas e à distância de uma lágrima que corre pela cara inadvertidamente. O tempo que estivémos contigo, querida e amada avó, merecia ter sido muito mais, os beijos e conversas que partilhámos mereciam ficar gravados nos nossos corações, já que a tua consciência começa lentamente a fugir-te quando menos esperas. Mas, ainda assim, foi maravilhoso festejar as tuas noventa e quatro Primaveras e, correndo o risco de estar enganado, acho mesmo que provavelmente não mudarias nada nessa longa, complicada, inesquecível vida que continuas a viver com o sorriso e o olhar de uma rapariga de espírito jovem que, por acaso, já tem três gerações de descendência. Ontem e sempre foste e és a nossa alegria, minha querida e maravilhosa avó.


quinta-feira, março 28, 2013

Páscoa 2

Levantaram-se. Os dois ao mesmo tempo. Tinham trocado um último olhar cúmplice antes de o fazerem e isso tinha sido o suficiente para saberem o que se iria seguir. Levantaram-se, deram as mãos e dirigiram-se para a porta da sala, ignorando os olhares surpresos de todos os que os ficaram a ver. Todos acompanharam a sua saída com ar estupefacto e, ao mesmo tempo, invejando a sua decisão. A reunião pareceu ficar suspensa, todos sem saberem muito bem o que fazerem. Sentados à volta de uma longa disposição de mesas em semi-círculo, todos os formandos desviaram o olhar da apresentação, hipnotizados que estavam pela fuga dos seus dois colegas. Os slides da apresentação continuaram a passar enquanto o formador olhava também as duas pessoas a saírem pela porta da sala de reuniões, incapaz de dizer o que quer que fosse. Todos sem reacção. Apenas eles os dois sabiam o que tinham de fazer. Darem as mãos, saírem daquela sala e irem lá para fora, viverem a vida que sempre desejaram viver. Longe de reuniões, formações, objectivos, pressões, inimizades, tudo aquilo que agora tinham e com o qual já não conseguiam viver. Aliás, e ambos pensavam assim, a única coisa boa que aquela vida lhes tinha trazido era o conhecimento um do outro e o amor que entre eles tinha nascido. Á medida que fechavam a porta atrás de si, ouviam os comentários dos seus colegas, o que estavam eles a fazer, onde é que iam, não sabiam que estavam a um passo do despedimento, tudo falsas preocupações de pessoas que não passavam de completos desconhecidos daquilo que eles os dois realmente eram. Tanto ele como ela, ainda de mãos dadas, não conseguiam evitar um enorme sorriso enquanto ouviam o trinco da porta que se fechava atrás deles. O sorriso de quem ia começar uma nova vida ao lado de alguém que finalmente o(a) compreendia como ninguém...

quarta-feira, março 27, 2013

Páscoa

Será normal ter sonhos românticos entre pessoas que nunca conhecemos na vida, para lá de um filme passado a altas horas da noite num qualquer canal de televisão?

Talvez que seja melhor ter sonhos assim do que não sonhar de todo.

Talvez que assim seja menos solitário ou, melhor dizendo, menos acabrunhado nos meus sonhos mais estranhos, aqueles dos quais desperto de forma inesperada, tanto assim que não sei se realmente acordei, uma vez que passados minutos estou outra vez imerso neles, sem saber o porquê disso acontecer.

Talvez que seja da chuva, das nuvens escuras, ou simplesmente do tempo livre que o meu cérebro também aproveita para descansar e pregar-me estas partidas imaginárias.

Deve ser da quaresma, com toda a certeza.

Venham sonhos mais normais, asap.


segunda-feira, março 11, 2013

Beatriz

Simplesmente Beatriz. Uma Mulher com um coração, uma força, uma coragem que nos deixa à beira das lágrimas. Há poucas assim. Para ti, num dia tão especial como o teu aniversário, deixo estas poucas mas sentidas palavras. Viverás agora e sempre, mesmo quando já não estiveres aqui. Que a tua saúde seja tão grande como o amor que tenho por ti.


 


domingo, março 10, 2013

Da música portuguesa.

Seja no Coliseu dos Recreios de Lisboa a semana passada,


onde vi e ouvi um David Fonseca com uma voz e um sentido de espectáculo verdadeiramente impressionantes, com um corpo de canções que já fazem realmente parte de um período de dez anos da minha vida, com gente a rodos a cantarem a plenas pulmões as músicas tão bem tocadas por uma banda excelente,

seja no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre ontem à noite,



onde os Virgem Suta, versão a dois multi-instrumentistas, puseram o público a trautear, a cantar, a gritar, a aplaudir e finalmente a juntarem-se-lhes no palco, dizia eu a cantarem canções que tanto devem ao fado, como ao folclore, ao cantar alentejano, ao tango, a tantas e tantas coisas que irremediavelmente nos põem a bater o pé ao compasso, canções polvilhadas de letras irónicas, engraçadas, corrosivas, carregadas de um sentimento de portugalidade maravilhoso,

seja em que sítio fôr, em que língua fôr, a música portuguesa está de boa saúde e teima em contrariar mesmo os tempos mais negros que vivemos. E, falo por mim, sem música desta qualidade seriam ainda mais negros. Um grande bem hajam a todos os David Fonseca e Virgens Sutas deste país e que nunca baixem os braços.

E no próximo sábado há mais. Há mais um reencontro com um grande senhor da nossa música portuguesa e já sei que vou cantar baixinho quase todo o concerto. Até já, sr. Palma!



Sim, é isto mesmo

"A recurring dream is a dream which is experienced repeatedly over a long period.
A person who experiences post-traumatic stress disorder may have recurring dreams about the traumatic event.
The subjects of recurring dreams vary, and they often include events or settings from the dreamers' own experiences. The following examples are common:
  • The sensation of falling
  • Flying
  • Being held down or otherwise unable to move (compare sleep paralysis)
  • Nakedness in a public place
  • Being held back in school or failing a test
  • Losing teeth or the ability to speak
  • Escaping or being caught in a tornado/storm
  • Drowning, or otherwise not being able to breathe
  • Finding lost items
  • Finding new rooms in one's house
  • Unable to turn on the lights in one's house
Many of the dreams listed above, such as flying, falling sensations, or everyday activities (turning on/off lights) would be classified as hypnagogic hallucinations. Hypnagogic hallucinations are vivid sensations that occur between being awake and just falling asleep .[1]
Like any dream, recurring dreams have invited many interpretations."

(in Wikipedia)


Agora só preciso saber o que é que abrir um café poderá alguma vez ter a ver com isto....

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Coolness...

"My friend, Thomas Jefferson is an American saint because he wrote the words 'All men are created equal', words he clearly didn't believe since he allowed his own children to live in slavery. He's a rich white snob who's sick of paying taxes to the Brits. So, yeah, he writes some lovely words and aroused the rabble and they went and died for those words while he sat back and drank his wine and fucked his slave girl. This guy wants to tell me we're living in a community? Don't make me laugh. I'm living in America, and in America you're on your own. America's not a country. It's just a business. Now fuckin' pay me."



 


quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Muito, Meu Amor

   "E na parede branca estava escrito um poema. Queres
que to diga? Era mais ou menos assim:

   As pessoas são insensatas, inconstantes e egoístas.
   Ama-as, apesar de tudo.
   Se fizeres o bem serás acusado de agires por outros
motivos.
   Faz o bem, apesar de tudo.
   Se tiveres êxito ganharás falsos amigos e verdadeiros
inimigos.
   Tenta alcançá-lo, apesar de tudo.
   Todo o bem que fizeres amanhã será esquecido.
   Faz o bem, apesar de tudo.
   A honestidade e a franqueza tornam-te vulnerável.
   Sê honesto e franco, apesar de tudo.
   O que passaste anos a fazer será destruído numa só
noite.
   Constrói o que tens de construir, apesar de tudo.
   As pessoas precisam de ajuda mas atacar-te-ão se as
ajudares.
   Ajuda-as, apesar de tudo.
   Dá o melhor de ti e serás atingido nos dentes.
   Dá ao mundo o melhor de ti, apesar de tudo.

   E depois?"

Pedro Paixão

 
(a dobrar

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Sempre

Há coisas às quais voltamos vezes e vezes sem conta, e nem precisamos de explicações para o fazer. Apenas nos basta deixarmo-nos guiar pelo que está cá dentro...



 


domingo, fevereiro 17, 2013

There must be a place...

... e o Alentejo, como eles próprios disseram, é um lugar bem especial. Tal como a música e a amizade destes músicos portugueses que fazem canções a abrir caminho para o verão em pleno inverno. Foi realmente bom bater palmas, cantar com vocês e fazer ruídos estranhos enquanto o alarme tocava :)))


Em palco e em apoteose: Best Youth + We Trust + gentes de Portalegre.


quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Ali ao lado...

Pela calçada acima, segue ela mais uma vez, pequenina e curvada sobre si mesma. Nas suas roupas negras, luto que se lhe continua a agarrar, eterna lembrança daquele que perdeu para não mais voltar à sua casa. Caminha lentamente, o tempo não a preocupa há muito, deixa-se ir iluminada por um sol teimosamente primaveril sob céus ainda invernais. Os cabelos brancos, arranjados em pequenos caracóis, deixam pequenos vestígios do que em tempos foi a sua beleza, agora vergada pelos muitos anos de vida e trabalho na lavoura. Os pequenos óculos redondos de aros também pretos, por trás dos quais se escondem olhos côr de avelã, onde tantos e tantos pretendentes se perderam na sua adolescência, mesmo quando ela já sabia perfeitamente a quem pertencia o seu coração. Ao longo da sua face e das suas mãos, as rugas são sentinelas atentas à passagem do tempo, rearrumando aquilo que foi suavemente belo para um outro tipo de beleza, aquela que apenas as pessoas de uma idade avançada nos conseguem mostrar sem receios ou desculpas. Nas suas mãos leva um pacote de sementes compradas no dia anterior na última loja resistente no seu bairro. Palavras que ela mal entende, de tão económicas se tornaram, varreram todas as outras lojas e os seus proprietários, indo alguns para tão longe que até as fronteiras deste país acabaram por passar. Quando a última loja se fôr, não sabe onde irá comprar as sementes para os seus companheiros. Aqueles que agora começam a esvoaçar em direcção ao chão que a rodeia. Que descem dos céus para a saudar, a sua benfeitora, a sua única companhia humana. Quase se podia acertar o relógio da torre da igreja matriz por estes encontros vespertinos. Tanto ela, como os pombos que agora se vão chegando aos seus pés, sempre se encontram ali, no passeio à volta do jardim, todos os dias, sempre na mesma hora. E ela deixa cair as primeiras sementes que, mal aterram na calçada, servem de manjar aos seus amigos alados, num ruído misto de asas esvoaçantes e arrulhares de estômagos satisfeitos. Ela sorri. No meio das rugas um sorriso de contentamento pelos seus companheiros. Os vizinhos já a avisaram inúmeras vezes para se deixar de dar comida aos pombos. Que não é higiénico, que aqueles pássaros só trazem sujidade e doenças. Que qualquer dia chamam a gnr. Ela que se deixe disso. Ela não faz caso. Conhece alguns desde os tempos em que eram uma pequena amostra de gente e já sabe que aquela gente já vem de más raízes. Isto nos mais novos. Os vizinhos mais velhos, os da sua idade, também já deviam ter idade para ter juízo e não lhe dizerem aquelas tolices, a ela que é uma das moradoras mais antigas do bairro. Ela faz ouvidos de mercador. Não lhes liga e, para ser franca, com a idade dela, já não tem que se preocupar com ameças fúteis daquelas. Ainda gostava de ver qual era o agente da polícia com tomates para a levar por um braço. Deixá-los falar, mais dia menos dia ela já não vai ter de os aturar. E ela sabe perfeitamente que os pombos não passam o dia a rondar e a sujar o bairro, eles apenas aparecem quando ela sai para a rua, com o pacote de sementes nas suas mãos velhinhas. E durante aqueles minutos em que as sementes duram e ela se vê rodeada dos seus pequenos companheiros de penas, o sorriso toma conta de si, e a solidão é atirada para um canto, e a vida até parece suportável. Durante aqueles minutos, sente-se amada e importante e, ousa mesmo dizê-lo para si, vagamente feliz. Feliz como há anos não o é. Desde que ele a deixou, partiu primeiro para o outro lado, deixando-a entregue a uma casa vazia e a um mundo que nunca mais teve o mesmo significado. Mas os pombos compreendem a sua mágoa e, ainda que não o percebam, são as suas melhores amizades, os seus companheiros de luta, contra todos aqueles que não percebem a verdadeira amizade, o verdadeiro amor. Contra aqueles que não suportam ver quem seja mais feliz que eles próprios, por muito ínfima que essa felicidade seja. É por isso que ela todos os dias vai à loja e compra as sementes. É por isso que ela, pequenina e curvada sobre si mesma, vai ao encontro dos seus companheiros todos os dias. E assim o irá sempre fazer, até que o seu mundo acabe, até que os seus dias corram o seu curso, até que o seu corpo decida que é tempo de ir ao reencontro do seu amor. Assim ela o reza, todos os dias, antes de sair à rua.



quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Há coisas que não se explicam...

... e, para mim, a amizade é uma delas. Consegue ser mais forte que o sangue familiar, consegue ser inesperadamente arrebatadora, consegue levar-nos ao céu. E entre risos, abraços, gritos, zangas, beijos, discussões pseudo-filosóficas, diferenças de opinião, diferenças de feitios e personalidades, bem lá no centro, nos nossos corações, os afectos são a causa de existirmos e de as nossas verdadeiras amizades estarem sempre do nosso lado, felizes connosco, tristes enquanto nos dão o seu ombro para chorarmos as lágrimas que temos vergonha de chorar juntos de outras pessoas. Não há adjectivos suficientes, não há palavreado romanceado que chegue a descrever de perto esse tão estranho e reconfortante sentimento. Digo-vos mais, e estou a parafrasear uma canção de um tempo que já parece uma outra vida, não vos trocava por nada desta vida.