sábado, janeiro 23, 2016

"Não me troquem as velas no bolo, se faz favor."

Anteontem o meu patriarca fez sessenta e sete Primaveras. Sessenta e sete. Aniversário de uma das pessoas que me fez chegar a este mundo. Aniversário da pessoa que aturou a primeira e única das minhas birras infantis (porque não deixou que houvesse mais alguma). Aniversário da pessoa que, mesmo depois de um longo dia de trabalho, ainda me ia buscar à casa da minha "segunda" mãe e regressava a casa comigo às cavalitas. Aniversário da pessoa que me ofereceu o meu primeiro livro, na forma de um saudoso Tio Patinhas (e que bonita estória é quando, tantos anos depois, ele próprio se vira para as minhas estantes e vai lendo os vários livros que preencheram a minha vida até hoje). Aniversário da pessoa que me ensinou a dar as primeiras braçadas no mar, muitas vezes contra a minha própria vontade (nada tinha na cabeça infantil). Aniversário da pessoa que (quase) sempre apoiou todas as minhas decisões, fossem elas na escola, no trabalho, em tudo o que me deixasse mais próximo daquilo que queria nos vários momentos da minha vida. Aniversário da pessoa que me ensinou o que significava honestidade, sentido de responsabilidade e profissionalismo, não por palavras, mas sempre por acções a que eu assistia e que tanto me orgulhavam deste ser humano a quem chamo Pai. Aniversário da pessoa com quem já tive tantas discussões por coisas que realmente não valiam nem a mínima variação do volume das nossas vozes (dizem aqueles que nos conhecem, que é por sermos tão parecidos em tantas coisas, não me perguntem se isto é verdade ou não). Aniversário da pessoa sem a qual não seria certamente tudo aquilo que sou hoje. E só por isto, é tão bom presenteá-lo, com prendas sim, mas também com o meu abraço, com os meus brindes, com as pequenas piadas que partilhamos e que se tornaram nossas e de mais ninguém. Que assim seja para sempre.

Parabéns, meu pai.



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