As pessoas andam demasiado nervosas, agitadas. Sempre com pressa, sempre com muita pouca paciência, sempre a quererem estar debaixo dos holofotes, à frente e acima de todos. Determinadas em terem o que querem, quando querem e nas condições que lhes interessam e apenas a si. Se for preciso mandar uns berros, insultar alguém, tratar alguém como se fosse menos que eles, pois que seja. Houve ali um olhar impertinente? Mostre-se os dentes, levantem-se as sobrancelhas, grite-se do mais alto que os pulmões tiverem para oferecer. De uma simples palavra dita sem qualquer tipo de má intenção, faça-se todo um filme onde a sua importante pessoa tenha sofrido o mais grave dos ultrajes e humilhe-se até à exaustão o pobre ser que está do outro lado. Mas o que é isto? Como é que chegámos a este ponto? Como é que deixámos que a nossa humanidade pudesse passar a ser definida por títulos, ou bens, ou mesmo credos políticos, religiosos, nacionalistas ou mesmo desportivos? Toda a educação vai por água abaixo só porque não mereci toda a atenção do outro. Manifestemos toda a raiva e frustração que temos dentro de nós contra o primeiro pobre diabo que nos apareça pela frente e que apenas tentou ajudar a resolver um problema que afinal era apenas um pretexto para o "combate". E depois fica o sentimento de angústia e, no pior dos casos, a incerteza que fica a morar na mente de quem apenas tentou fazer o seu trabalho o melhor que pode e sabe. Mas para lá de tudo isso, fica a tristeza. O sentimento de que é triste haverem pessoas assim a atravessarem-se pelo nosso caminho, como um tsunami com consciência, apostado em submergir tudo aquilo que nos define. Tristeza.
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