quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Ondas Sonoras - XXXVI

Porque o sol também pode surgir numa sala com mais não sei quantas almas. Porque quando damos por ela, já o nosso corpo ficou possuido por algo que não conseguimos explicar. Porque a música é mesmo a arte mais bonita que o ser humano consegue criar. Sem a presença de palavras desnecessárias para atrapalhar...


(Foto de Rita Carmo)


segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Ao sul

"Nos ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos."


Até lá, vamos tendo a oportunidade de conhecer um mundo maior, do tamanho das palmas das nossas mãos, debaixo de um sol que nos aquece a alma.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Ishikawa


Hoje tinha planeado chegar aqui e escrever um chorrilho de asneiras e insultos, sobre pessoas parvas que não percebem nada de nada, sobre analogias idiotas e desprovidas de sentido, sobre algo que me vai ocupar muito tempo em frente ao computador nos próximos tempos e que, a bem da verdade, e no seu núcleo, é perfeitamente irrelevante. Até já tinha alinhado uma série de tópicos do genéro a+b para mostrar como o dia de hoje foi para lá de perdido. Mas não o vou fazer.

Porque agora estou na dúvida se o problema não estará em mim. Será que não acabei por me tornar aquilo que eu próprio detestava no início, um mero velho do restelo? Será que os meus pares têm afinal razão, ou estavam também eles, como eu, a guardarem o seu rancor e desprezo cá para dentro? Será? Será que tenho de fazer um acto de contrição e fazer o que é esperado de mim e achar que é indubitavelmente a melhor ideia que podia acontecer a este negócio?

Já não sei o que será verdade, se o primeiro se o segundo parágrafo. De qualquer das formas, e pelo sim pelo não, vou colocar a máscara da indiferença, esquecer o dia de hoje e pensar que de facto há cabeças mais inteligentes que a minha. E bem lá atrás, fica quase a certeza que um dia gostava mesmo, mesmo de mentir com todos os dentes que tenho.

Dia de merda, basicamente.

domingo, fevereiro 15, 2009

sábado, fevereiro 14, 2009

Serviço de utilidade pública - XXIII


(Foto tirada pela Patricia)


(Acabei de descobrir que ultimamente tenho trabalhado com pessoas muito feias:)

"... help me from myself..."

Ás vezes sinto a necessidade que me salvem. Não sei bem de quê, na verdade. Mas algo dentro de mim anseia por aquele momento em que alguém me dá a mão, me dá forças e coragem para seguir em frente, e me diz exactamente as palavras que preciso de ouvir naquele preciso segundo. Provavelmente, essa pessoa não saberá que me está a salvar. Provavelmente, nem saberá o quanto a sua presença acabou de significar para o meu dia, ou mesmo para a minha semana. Podia ser apenas uma questão de solidão, mas é muito mais que isso. Podia também ser uma questão de abrir uma brecha na rotina que está sempre á espreita para me tentar, mas não, também não é só isso. É mais um abanão interior, um agitar das águas, um clarificar do que é realmente importante e do qual se torna, para mim, muito facilmente esquecível. E é por isso que esta sensação vai surgindo ocasionalmente, qual angústia que caminha ao meu lado. Mas quando sou salvo... Não haverá nenhum opiáceo que forneça a mesma sensação. Uma sensação de liberdade, de quebra de barreiras intransponíveis, de amor, de alívio, de que realmente sou alguém e, num estranho universo do qual pouco percebo, a minha vida tem razão de ser e sim, é bom estar aqui e ser assim. Isto é pouco banal, mas gostava de agradecer a todas as pessoas que já alguma vez me salvaram. É graças a vocês que... estou aqui.

post-fácio

"Die aufhebung der selbstentfremdung macht denselben weg, wie die selbstentfremdung."

Era uma coisa que já devia ter feito há mais tempo e até já havia várias justificações para o fazer. Mas depois das páginas que li hoje... Juro nunca mais ler qualquer tipo de prefácio ou introdução escrito por outra pessoa que não seja o autor do livro.

Tenho dito.

A privação de sono é fodida.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Rafeiro

Percebe-se porque é que o filme tem dividido a crítica cinematográfica e, até mesmo, o público em geral. Percebe-se porque é que há muita gente na India que não gostou da forma como o país é retratado no filme. Percebe-se porque é que o filme se arrisca a ganhar todas as nomeações que arrecadou para os Óscares. Até se percebe que o filme não poderia ter outro tipo de final que não fosse aquele mesmo. Tudo isto se percebe. Ou, como se diz várias vezes durante o filme, tudo estava destinado a ser assim.

O que não se consegue explicar muito bem, e aqui estou a falar unica e exclusivamente da minha responsabilidade, é o sorriso que trazemos connosco da sala de cinema e as ondas positivas que ficam dentro de nós, tão importante nestes tempos tão amargos que percorremos. Arrisco-me a dizer, e será o melhor elogio que consigo fazer, que se continuar a fazer filmes deste calibre, Danny Boyle arrisca-se a ser tão simplesmente o Frank Capra dos nossos tempos.

(E já agora, o Jorge Gabriel é um menino e tem de começar a ver televisão indiana a potes.)

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

A concise Chinese-English dictionary for lovers

"I think you only want the joyful part of love, and you dare not to face the difficult part of love. In China, we say, 'You can't expect both ends of a sugar cane are as sweet'. Sometimes love can be ugly. But one still has to take it and swallow it."

Xiaolu Guo

Cheki


(em sintonia com um certo Andróide Paranóide)

domingo, fevereiro 08, 2009

Domingo interrompido

Tive meio domingo muito bom. Há que dizê-lo com frontalidade. Acordar com torradinhas quentes e café acabado de fazer foi uma benesse com a qual não estava a contar. Mas isso foi só a primeira parte do pequeno-almoço. A segunda veio com a companhia dos pólos. Nada como dois dedos de conversa com o tejo em pano de fundo, e já a pensar nas actividades extra-curriculares para amanhã. Para terminar a parte boa do dia, houve tempo para degustar O manjar dos deuses, cortesia da única pessoa que o sabe fazer como deve de ser (eu ainda nem aos calcanhares lhe chego...). E depois...

Depois veio a tarde e parte da noite, que se arrastaram e arrastaram até já só haver tédio. Sim, porque a minha companhia constante foi quase sempre esta janelinha que aparece aqui em baixo, inúmeras vezes. Haja mudança...



quinta-feira, fevereiro 05, 2009

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Os discos dos outros

(Em espécie de homenagem ao Lenta Divagação, escrito pelo Sombra, do qual sinto falta e onde há um par de anos tive o prazer de participar com as minhas próprias Peças de Roupa.)

Segue o discurso na primeira pessoa do meu amigo PenaBranca, sobre os seus discos e algumas histórias à volta dos mesmos.




"Sei lá, 100 (discos) (...) uma grande porção de música portuguesa, alguma música do mundo (...) por força das muitas viagens que faço, tenho muita coisa estrangeira, mas depois também tenho muita coisa pop, e não sei quê, coisas mais, enfim, mais estranhas (...) vinil nunca tive gira-discos, ou melhor, avariou-se, nunca tivémos muitos discos, CD acho que já deixou de ser, enfim, o mp3 está a reinar mais pela portabilidade da coisa, mas ainda vou à loja comprar CDs (...) (a escolher) acho que me fico pelo CD, porque sempre fica, é algo real (...) (primeiras recordações musicais que te vierem à cabeça) as Doce, no Festival Eurovisão da Canção, por estar na Alemanha (...) certamente o Heino, aquela espécie de música, enfim, coisas horríveis que passavam em massa na televisão alemã (...) felizmente não ficaram grandes resquícios na minha memória (...) (o primeiro disco que tive) não faço ideia, eu na verdade tive discos bastante tarde (...) acho que foi um qualquer dos Madredeus, que eu comprei (...) lembro-me que foi um dos primeiros que comprei, na Feira da Ladra, quando estava na faculdade (...) o Lisboa certamente que sim, o Porto já não me lembro se comprei lá, mas foi um dos primeiros, sim (...) (cinco discos sem os quais a tua vida não seria a mesma) é pá, é pá, sei lá, tenho que me sentar em frente a eles e pensar."


"(...) Dá-me tempo para pensar, caramba (...) que raio de pergunta! (...) (os últimos discos comprados) foram os discos dos NOZ, os últimos a chegar, o L'homme le plus heureux du monde e o Tout doit disparaître, comprei na amazon (...) voltando à vaca fria (da pergunta anterior) (...) o Cinema é um deles, do Rodrigo Leão, acho que é uma coisa bastante gráfica, que me agradou bastante na altura (...) tenho este aqui também, que me faz lembrar uma viagem a Estugarda, precisamente, que é o 2RaumWohnung, Melancholisch Schön (...) Eu disse que havia música pelo mundo, isto surge a propósito de uma viagem ao Hawaii, e este é supostamente o mais conhecido cantor do Hawaii, chama-se Israel Kamakawiwo'ole, também conhecido como Iz, mas ele entretanto já bateu a bota (...)"


"O senhor Rabih Abou- Khalil, gosto deste (Em Português), bem como do Yara (...) tenho três dele (...) que levei comigo para o Japão, e gastei bastante a sonoridade da coisa (...) o Espírito da Paz, dos Madredeus, também, coisa que na altura me inspirou bastante (...) os Pink Martini, que me surpreendeu bastante, mais uma compra em claro, em branco da minha parte, sem saber o que era (...) são cinco, não é? (...) falta-me um, Sérgio Godinho, sim, claro, que era o Rivolitz, uma coisa alegre, enfim, tem de tudo um pouco (...) agora podia continuar com os outros todos, não era?"


terça-feira, fevereiro 03, 2009

Vida


"Somewhere in Des Moines or San Antonio there is a young gay person who all the sudden realizes that he or she is gay; knows that if their parents find out they will be tossed out of the house, their classmates will taunt the child, and the Anita Bryant's and John Briggs' are doing their part on TV. And that child has several options: staying in the closet, and suicide. And then one day that child might open the paper that says "Homosexual elected in San Francisco" and there are two new options: the option is to go to California, or stay in San Antonio and fight. Two days after I was elected I got a phone call and the voice was quite young. It was from Altoona, Pennsylvania. And the person said "Thanks". And you've got to elect gay people, so that thousand upon thousands like that child know that there is hope for a better world; there is hope for a better tomorrow. Without hope, not only gays, but those who are blacks, the Asians, the disabled, the seniors, the us's: without hope the us's give up. I know that you can't live on hope alone, but without it, life is not worth living. And you, and you, and you, and you have got to give them hope."
-Harvey Milk, 1978


(Grande e bonito filme, cheio de coração. Sean Penn é um enorme actor.)