quinta-feira, outubro 01, 2009

Lost in new age

Acabei de me aperceber de uma verdade (que não política).

Gostava de ter um ferrari e uma conta bancária avultada, e ser um bem sucedido profissional, para passados uns anos chegar à conclusão que não era feliz nem saudável física e mentalmente, e deixar tudo para trás e vender o meu ferrari, e partir numa demanda pela minha paz espiritual, acabar perdido numa qualquer cadeia montanhosa coberta de neve, escapar às garras do abominável homem das neves, para acabar nas garras de uns quantos monges a viverem num vale perdido de uma beleza indescritível, tornar-me pupilo desses mesmos monges que parecem umas cópias uns dos outros, passar meia dúzia de anos em ensinamentos profundos, atingir um estado de comunhão com todo o universo numa manhã particularmente luminosa, escapar às garras dos monges que já não tinham nada para me ensinar, voltar ao mundo dito civilizado, espalhar a boa nova do meu estado de comunhão com o universo com todas as pessoas que me aparecessem pela frente, elaborar uma tourné de palestras onde explicaria às pessoas como podiam ser muito mais felizes se seguissem os meus ensinamentos, lançar livros em série sobre todos os passos iluminados que me levaram à minha comunhão com o universo de modo a que muitos milhões de pessoas o pudessem comprar para serem também bafejadas pela iluminação espiritual, conseguir ser portanto um monge extremamente bem sucedido, com uma conta bancária super-hiper-mega avultada, e no final do dia poder escolher entre qual dos dez ferraris estacionados à porta da minha mansão iria encetar uma nova viagem de paz espiritual até ao aeroporto em trânsito para a minha ilha particular.

Ufa, o que seria de nós sem guias espirituais que falam da verdade (que não política). E sem vulnerabilidades (que não políticas).

6 comentários:

Madalena disse...

lool

oh céus!

beijinho*

Olinda disse...

:-) que texto tão verdinho de graça.:-)

A disse...

Será que precisamos de ser "ricos" e ter ilhas e ferraris para poder largar tudo e partir em busca do Eu perdido?

Eu acho que não :) aliás, tenho a certeza ABSOLUTA! Mas essa é apenas a minha Verdade (não política) cheia de Vulnerabilidades (não políticas).

:)

Nuno Guronsan disse...

Minhas amigas,
há coisas sobre as quais é muito fácil e ser um guru conhecido, mas cada um de nós representa uma vida única, irrepetível e com alegrias e tristezas que só nós vamos conhecer. Não precisamos de nenhum livro para saber isso.

Obrigado e beijos.

Anónimo disse...

Ferraris, e outros que tais não faltavam lá no Mónaco, que por sinal achei piada, mas nada de especial...

Cada vez mais tenho a certeza que gosto de viver em Portugal e que não há nada como ser generosamente remediado (dinheiro a mais faz mal à alma).

Bjs
RF

Nuno Guronsan disse...

Gosto da ideia de ser generosamente remediado, não ter mais olhos que barriga, e ter apenas o suficiente para umas viagens e uns livros e pouco mais.

Mas um Ferrari é um Ferrari. Podias ter trazido um aqui para o amigo :))

Viver em Portugal... tem dias... como teria se fosse noutro lado qualquer...

Beijos e boas férias, RF!