quarta-feira, agosto 20, 2008

Na terra de gelo - dia 3


Deixamos o inferno (Hella) para trás e dirigimo-nos ao mundo encantado dos glaciares. Pelo meio ainda somos brindados com uma bonita cascata mesmo à beira-mar. Vale a pena, pois somos refrescados pela água enquanto seguimos o caminho que passa quase pelo meio da cascata. Muitas fotografias e muitos sorrisos.



Seguimos viagem. Depois de uma estrada brutalmente gravilhenta através de muito terreno de lava petrificada, conseguimos chegar ao glaciar Sólheimajökull e de repente somos relembrados que estamos, de facto, num país nórdico e enquanto andamos em cima do glaciar sentimo-nos verdadeiramente pequeninos. Escalamos ainda um grande bocado, mesmo que caminhar sobre o gelo seja algo de muito estranho, quase parecendo que estamos a caminhar sobre cornflakes e que a qualquer momento podemos ficar sem o chão sob os nossos pés. O sol brilha, o suor corre pela minha testa mas continuo a ficar maravilhado com tudo o que vejo nesta terra.




Tentamos depois chegar ao promontório de Laki, que promete vistas estrondosas sobre os vários glaciares mas o caminho é algo de completamente surreal em termos de condução e o "nosso" C-Max não foi feito para estas andanças. Desistimos, almoçamos no caminho e partimos em direcção ao lago de icebergues onde o James Bond andou a estoirar uma série de Aston Martins.




No caminho, e ao longo de uma enorme recta de estrada que não deve ter menos de 20 quilómetros, tiramos fotos atrás de fotos daquilo que parece ser a maior concentração de glaciares do planeta. E de repente, após passarmos uma curva especialmente apertada, deixamos a boca cair e ficamos embasbacados a olhar para um cena que parece saída da idade do gelo. Icebergues, muitos icebergues, a flutuarem, enormes e pequenos. Uma imagem lindíssima que ainda se torna mais incrível quando vemos algumas focas a aparecerem no meio da água, curiosas e ao mesmo tempo a fugirem de nós, esses estranhos seres que caminham em apenas duas patas.



Não satisfeitos em ver os icebergues da margem, decidimos fazer um tour de barco com rodas, ou seja, vamos de anfíbio. Para resistir melhor ao frio do lago, nada melhor que uma caneca de chocolate quente... com rum. Uma delícia, os islandeses tratam-se e tratam-nos muito bem. Durante a meia hora de anfíbio, ainda somos presenteados com um bocadinho de gelo com cerca de 1.500 anos de idade. Sabe a gelo, a única diferença é que é mais cristalino e muito transparente. Acabamos a jantar numa vila piscatória onde comemos peixinho estupidamente caro, como aliás quase tudo o que se relaciona com comer e beber na Islândia.



Adiante, seguimos para Egilsstaðir, para pernoitar. Até lá, a estrada ainda nos leva por montes e vales de aspecto grandioso, mas o nevoeiro faz com que o mesmo se torne quase um caminho fantasmagórico, algo saído do universo da Terra Média, do Tolkien. Subimos e subimos até que já não há mais nada para subir. Começamos a descer a encosta em direcção ao nosso destino e, surgindo por trás de todas as nuvens, um enorme e brilhante sol brindamos com a sua luz intensa (neste momento, já passa das dez da "noite"). Ficamos hospedados nas margens do lago Lagarfljót num pequeno casebre de madeira que mais parece ter sido importado da Suissa. O sono acaba por nos vencer irremediavelmente.


3 comentários:

Patricia Dias disse...

As fotos estão de cortar a respiração. Adoro os brancos tão limpos e os verdes tão vivos :)

***

Nuno Guronsan disse...

E o solo vulcânico? Negro de arrepiar os cabelos... :)

Beijos.

Hortelã Pimenta disse...

Imagino que a paisagem de esculturas a boiarem na água deve ter de certeza um impacte na alma ....