terça-feira, fevereiro 13, 2007

Marvin

A vida. Qual é o seu sentido? Haverá mesmo um sentido? Ou não passará tudo de um calvário de desgraças umas atrás das outras, onde o passar dos anos apenas implica um aumento de coisas que detestamos mas que insistem em rodear-nos? Trabalho, amigos, amor, família, tempo livre. Nada disso vale a pena. O trabalho é a forma moderna de tortura. Não pode haver pior destino para sairmos de casa todos os dias. Nem me falem em satisfação profissional, isso é razão mais que suficiente para começar a consultar um psiquiatra e dar-lhe satisfação... monetária. Amigos? Poços sem fundo de problemas, isso sim. Nunca conseguimos ter um momento só para nós quando temos amigos. Eles fazem questão de se imiscuirem em todos os pormenores da nossa vida e, pelo meio, ainda conseguem espremer detalhes das suas próprias vidas. Nunca estão satisfeitos com o grau de atenção que lhes damos e nunca compensam a quantidade de problemas que acarretam com a sua simples presença. Risquem-nos todos das vossas agendas se não querem uma vida ainda mais deprimente. Se há algo que está completamente sobrevalorizado, é sem dúvida o amor. A vossa vida ainda não tem lágrimas suficientes? Ainda não vos chega de corações destroçados? Precisam mesmo de alguém colado a vocês como uma lapa? Então, sim, façam o favor de se apaixonarem. Mas depois não venham ter comigo, a rastejar, a pedirem conselhos de como lidar com a pessoa que supostamente amam. Porque o único conselho que vos vou dar é cortarem os pulsos, parece que a dor acaba mais cedo, assim como o suplício de ter de respirar. Se o trabalho é uma forma de tortura, então a família deve ser uma espécie de masmorra, onde nos juntamos com aquelas pessoas com quem temos laços de sangue, e decidimos verificar até que ponto podemos dar todos em doentes mentais sem espalhar esses laços de sangue pelas paredes todas. Haverá mesmo necessidade de ter uma família? Somos assim tão masoquistas? Não será a nossa vida suficientemente desesperada e enfadonha? Pelos vistos não, caso contrário também não teríamos tempo livre entre as mãos. Agora até há pessoas que escrevem blogues nos seus tempos livres, ou mesmo no tempo em que deviam estar a trabalhar e afinal de contas só estão a ocupar uma secretária. É patético. É um acumular de desperdício de tempo a expôr todos os miseráveis detalhes da nossa vida, para que outras patéticas almas possam analisar ao microscópio todas as palavras, todas as vírgulas, todos os pontos finais que constroem as nossas miseráveis existências. Poderá haver algo pior que a vida? Só se fôr a vida enquanto existência infindavelmente maçadora... Ou então, sigam o caminho dos golfinhos...


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3 comentários:

PenaBranca disse...

caramba, tens razao. no meio disto somos todos uns mentirosos. ja andava a pensar nisto como tema para um proximo post, mas agora sim, sublinha-se essa verdade.

A disse...

LOL

Ó Guronsan... PLEASE!!!!

Suprimir o que a vida tem de melhor em prol de teorias negativistas, de insatisfação e de frustração só deveria motivar as pessoas para algo de melhor, e não para a dissociação de tudo como a explicação lógica de que a vida na Terra consegue por vezes ser o Inferno.
Tudo bem, por vezes é. Na verdade, temos mais espinhos do que rosas, mas... como fechar os olhos ao percurso mágico que os golfinhos nos mostram? A rota maravilhosa que a vida nos mostra tem de ser algo a ser descoberto por nós. Conquistado a duras penas, mas ainda assim, compensador.
Quem não pensa assim, acho que não anda cá a fazer nada. Que salte dum prédio de cinco andares e não de vinte: talvez uma vida pior e não a morte mostre uma visão mais perfeita daquilo que se tinha antes.

(adorei o site do Marvin)

Beijos

Nuno Guronsan disse...

E eu que sempre achei o Marvin uma das melhores criações do DA, exactamente por ser moldado por emoções demasiadamente humanas, concorde-se ou não, seja-se assim ou não...