quarta-feira, dezembro 30, 2015

vi, ouvi e li

2046, wong kar wai
the thin red line, terrence malick
20 000 days on earth, iain forsyth e jane pollard
the tale of princess kaguya, isao takahata
the wind rises, hayao miyazaki
the good lie, philippe falardeau
eternal sunshine of the spotless mind, michel gondry
perfect sense, david mackenzie
like someone in love, abbas kiarostami
the martian, ridley scott
monty python and the holly grail, terry gilliam e terry jones
paris je t'aime

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panda bear, panda bear meets the grim reaper
norberto lobo, fornalha
mirror people, voyager
sufjan stevens, carrie & lowell
moullinex, elsewhere
best youth, highway moon
beach house, depression cherry
benjamin clementine, at least for now
criolo, convoque seu buda
chantal acda, the sparkle in our flaws
ólafur arnalds & nils frahm, collaborative works
mogwai, central belters


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o meu amante de domingo, alexandra lucas coelho
as três vidas, joão tordo
o anjo esmeralda, don delillo
dália azul ouro negro, daniel metcalfe
que coisa são as nuvens, josé tolentino mendonça
2666, roberto bolaño
trigger warning, neil gaiman
uma gaivota com óculos, carlos pinhão
número zero, umberto eco
gente melancolicamente louca, teresa veiga
o que fazem mulheres, camilo castelo branco
flores, afonso cruz

quarta-feira, dezembro 23, 2015

Enquanto o tempo é tempo

Amanhã é véspera de Natal. Altura de estarmos com quem gosta de nós e, no meu entender, lembrar quem costumava estar e agora já está do outro lado da vida. Não esquecer aquelas pessoas que nos marcaram, que deixaram a sua marca na nossa memória, que nos "cicatrizaram" no bom sentido. Sejamos como a lava petrificada, onde as marcas ficam, onde deixam a sua beleza gravada durante séculos e séculos. E, quem sabe, amanhã ficaremos com mais algumas marcas para recordarmos daqui a algumas décadas. Nunca é tarde para aumentarmos o espaço consagrado às boas recordações, momentos de alegria que ficam para todo o sempre. Feliz Natal para todos aqueles que por aqui passarem e lerem estas palavras que nascem ainda da esperança que é renovada todos os dias, esperança que haja paz.




quarta-feira, dezembro 09, 2015

14e Arrondissement

Faça-se um exercício de extrapolação.

Substitua-se a cidade e o país. Risquemos os cães. Passa a haver boa gastronomia. Mantenha-se a independência e as caminhadas. Saliente-se ainda mais as trocas constantes de idiomas. O "mudar de vida" é realmente levado a níveis ainda mais altos. Sem expectativas, com muitos pensamentos a vaguear cá dentro. Conheça-se muitas pessoas de uma simpatia inigualável. Também há cemitérios, também há pessoas que partem para sempre. Nada de tristezas, também a busca da partilha. Muitas paisagens de perder a respiração, muitos jardins pelos quais passear. E, se calhar, também houve um momento muito parecido com aquele. Sim, vivo. Sim, apaixonado.

É mais ou menos isto.





domingo, dezembro 06, 2015

Flores

"Segundo o padre, o pai do senhor Ulme dizia que o
Dia D fora anunciado pela rádio com um verso de Verlaine.
Era a maneira de todos saberem que o Dia D estava a
chegar. A poesia até para acabar com a guerra servia, era
isto que o pai do senhor Ulme anunciava antes de começar
a dizer um poema: «A poesia serve para acabar com a
atrocidade, é uma bala na cabeça do horror, é uma pedra
atirada contra este cenário de mau gosto, este mundo
que acreditamos ser a realidade.» Obrigava toda a aldeia
a ouvir poesia, ele próprio reunia os habitantes, como
um verdadeiro pastor, juntava-os debaixo da varanda e
havia sempre mais gente a ouvir poemas do que a assistir
à missa ao domingo de manhã. Aliás, isso é algo que o
padre não consegue ainda perdoar, passados tantos anos,
nem ao pai do senhor Ulme nem aos habitantes da aldeia.
Ninguém ligava nenhuma aos poemas, é certo, mas a força
do hábito criou raízes, a força do hábito vivia no campo,
fez como fazem as árvores. Não gostando de poesia, como
é que a preferiam aos sacramentos? Não lhes perdoo."

Afonso Cruz