Hoje tive uma ideia que já não me passava pela cabeça há muito tempo. Desde a altura em que era adolescente e tudo me parecia urgente, com o tempo a fugir por baixo dos meus pés. É uma ideia que normalmente me assusta de tão aterradora que é. Mas hoje, sentado num banco à beira-mar, sem vento e apenas com o cheiro da maresia, tenho que confessar que essa mesma ideia me pareceu acolhedora, confortável mesmo. É daqueles coisas que passam pela nossa mente, ainda que de forma fugaz, e o sentimento dura apenas alguns segundos, mas uma vez ocorrida e especialmente a forma como me senti em relação a ela, torna tudo muito difícil de interpretar. Lembro-me até de já ter escrito, ao longo dos anos, algumas palavras relacionadas com esta ideia. Mas mesmo quando o faço, acho que acabo por o fazer de uma forma distante e nunca com uma razão suficientemente forte para o justificar. Talvez não haja mesmo justificação. Acontece e pronto. Fim. E depois? Tão aterrador como a ideia em si, é não saber o que há depois. E não afasta a ideia que é uma história que fica a meio, sem a continuação normal dos dias. E como não sabemos o que acontece ao protagonista, esse mesmo fica na angústia de saber o que acontece a todos os outros, os que seguem pela estrada principal. Resumindo, tal como a ideia me deixa um pouco fora do meu normal ser, acontece que também não a consegui afastar o suficiente e ela acabou por cruzar-se comigo. No fundo sei porque é que isto acontece. Porque tenho demasiado tempo em mãos, porque os meus receios me têm rodeado mais vezes recentemente, e também porque me falta alguém. Alguém com quem a partilha fosse total, alguém que me desse a mão e se entregasse por completo a mim, alguém a quem eu me pudesse entregar na totalidade do meu ser. No meu âmago sei que isto poderia colocar ideias idiotas fora do meu cérebro. E que acabaria por ter nas minhas mãos algo mais importante que tudo o resto, algo que me reanimasse, me fizesse saltar o coração e seguir em frente. Um dia destes...
(Novembro de 2009. Toda uma outra vida que ficou lá atrás.)
"Baby, we'll be fine..."
4 comentários:
as ideias são para concretizar.
Esta é para concretizar o mais tarde possível, amigo.
tarde? à tarde dorme-se a sesta.
Bela piada.... not.
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