(Foto de PenaBranca)
Assim que acabou de ler aqueles parágrafos já um pouco distantes, deixou ficar-se sentado, a olhar pela janela para o sol que se escondia.O sol. Seria sempre uma boa razão para manter o optimismo, especialmente naquele cenário campestre que o acompanhava. Olhou para o passeio. Algumas pessoas aproveitavam o fim de tarde para caminhar e receber um pouco de ar mais fresco nas suas faces. Da sua cadeira pensava, pensava como o tempo é realmente bem personificado na forma da ampulheta, os grãos de areia a escoarem sempre, sem se preocuparem com o que acontece à sua volta. Assim já se tinham passado mais de cinco anos desde o debate. Desde a troca de personalidades, ainda que momentânea. Era um tempo que, mesmo com todas as nuvens negras que teve, recordava com alguma saudade. Apenas alguma. Especialmente daquele tempo em que a sua troca de correspondência fluia com mais vigor, com mais facilidade, com mais, ousava dizê-lo, tranparência. Hoje em dia, mesmo estando mais vezes juntos, o debate era mais moderado, menos extremado. Sinal dos tempos, ou sinal de uma maturidade que já não deixava muito espaço para a impulsividade e emergência de outros tempos. Quando se viajava todos os anos e se deixava tudo para trás, sem remorsos ou outras âncoras que nos agarrassem. Se calhar era isso que precisava, voltar a viajar. Já não deixar a cidade nas costas, mas sim o campo bucólico e generoso, onde toda a gente se conhece e toda a gente tem um opinião para dar. Precisa de sair, ir para um sítio onde ninguém o conheça, um local onde se possa tornar de novo um anónimo, um simples turista de passagem. Sim, era mesmo isso. Provavelmente seria uma viagem a solo, só ele, sem a estimada companhia de outros tempos. Mas não seria isso que o demoveria. Aproveitou os últimos raios de sol para abrir o velhinho atlas lá de casa, ao calhas, como sempre...
5 comentários:
que te disse o atlas?
Há umas ideias no ar, à espera de assentarem...
apanha-as antes que fujam.
Sem stress... :)))
jamais.
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