quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Coolness...

"My friend, Thomas Jefferson is an American saint because he wrote the words 'All men are created equal', words he clearly didn't believe since he allowed his own children to live in slavery. He's a rich white snob who's sick of paying taxes to the Brits. So, yeah, he writes some lovely words and aroused the rabble and they went and died for those words while he sat back and drank his wine and fucked his slave girl. This guy wants to tell me we're living in a community? Don't make me laugh. I'm living in America, and in America you're on your own. America's not a country. It's just a business. Now fuckin' pay me."



 


quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Muito, Meu Amor

   "E na parede branca estava escrito um poema. Queres
que to diga? Era mais ou menos assim:

   As pessoas são insensatas, inconstantes e egoístas.
   Ama-as, apesar de tudo.
   Se fizeres o bem serás acusado de agires por outros
motivos.
   Faz o bem, apesar de tudo.
   Se tiveres êxito ganharás falsos amigos e verdadeiros
inimigos.
   Tenta alcançá-lo, apesar de tudo.
   Todo o bem que fizeres amanhã será esquecido.
   Faz o bem, apesar de tudo.
   A honestidade e a franqueza tornam-te vulnerável.
   Sê honesto e franco, apesar de tudo.
   O que passaste anos a fazer será destruído numa só
noite.
   Constrói o que tens de construir, apesar de tudo.
   As pessoas precisam de ajuda mas atacar-te-ão se as
ajudares.
   Ajuda-as, apesar de tudo.
   Dá o melhor de ti e serás atingido nos dentes.
   Dá ao mundo o melhor de ti, apesar de tudo.

   E depois?"

Pedro Paixão

 
(a dobrar

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Sempre

Há coisas às quais voltamos vezes e vezes sem conta, e nem precisamos de explicações para o fazer. Apenas nos basta deixarmo-nos guiar pelo que está cá dentro...



 


domingo, fevereiro 17, 2013

There must be a place...

... e o Alentejo, como eles próprios disseram, é um lugar bem especial. Tal como a música e a amizade destes músicos portugueses que fazem canções a abrir caminho para o verão em pleno inverno. Foi realmente bom bater palmas, cantar com vocês e fazer ruídos estranhos enquanto o alarme tocava :)))


Em palco e em apoteose: Best Youth + We Trust + gentes de Portalegre.


quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Ali ao lado...

Pela calçada acima, segue ela mais uma vez, pequenina e curvada sobre si mesma. Nas suas roupas negras, luto que se lhe continua a agarrar, eterna lembrança daquele que perdeu para não mais voltar à sua casa. Caminha lentamente, o tempo não a preocupa há muito, deixa-se ir iluminada por um sol teimosamente primaveril sob céus ainda invernais. Os cabelos brancos, arranjados em pequenos caracóis, deixam pequenos vestígios do que em tempos foi a sua beleza, agora vergada pelos muitos anos de vida e trabalho na lavoura. Os pequenos óculos redondos de aros também pretos, por trás dos quais se escondem olhos côr de avelã, onde tantos e tantos pretendentes se perderam na sua adolescência, mesmo quando ela já sabia perfeitamente a quem pertencia o seu coração. Ao longo da sua face e das suas mãos, as rugas são sentinelas atentas à passagem do tempo, rearrumando aquilo que foi suavemente belo para um outro tipo de beleza, aquela que apenas as pessoas de uma idade avançada nos conseguem mostrar sem receios ou desculpas. Nas suas mãos leva um pacote de sementes compradas no dia anterior na última loja resistente no seu bairro. Palavras que ela mal entende, de tão económicas se tornaram, varreram todas as outras lojas e os seus proprietários, indo alguns para tão longe que até as fronteiras deste país acabaram por passar. Quando a última loja se fôr, não sabe onde irá comprar as sementes para os seus companheiros. Aqueles que agora começam a esvoaçar em direcção ao chão que a rodeia. Que descem dos céus para a saudar, a sua benfeitora, a sua única companhia humana. Quase se podia acertar o relógio da torre da igreja matriz por estes encontros vespertinos. Tanto ela, como os pombos que agora se vão chegando aos seus pés, sempre se encontram ali, no passeio à volta do jardim, todos os dias, sempre na mesma hora. E ela deixa cair as primeiras sementes que, mal aterram na calçada, servem de manjar aos seus amigos alados, num ruído misto de asas esvoaçantes e arrulhares de estômagos satisfeitos. Ela sorri. No meio das rugas um sorriso de contentamento pelos seus companheiros. Os vizinhos já a avisaram inúmeras vezes para se deixar de dar comida aos pombos. Que não é higiénico, que aqueles pássaros só trazem sujidade e doenças. Que qualquer dia chamam a gnr. Ela que se deixe disso. Ela não faz caso. Conhece alguns desde os tempos em que eram uma pequena amostra de gente e já sabe que aquela gente já vem de más raízes. Isto nos mais novos. Os vizinhos mais velhos, os da sua idade, também já deviam ter idade para ter juízo e não lhe dizerem aquelas tolices, a ela que é uma das moradoras mais antigas do bairro. Ela faz ouvidos de mercador. Não lhes liga e, para ser franca, com a idade dela, já não tem que se preocupar com ameças fúteis daquelas. Ainda gostava de ver qual era o agente da polícia com tomates para a levar por um braço. Deixá-los falar, mais dia menos dia ela já não vai ter de os aturar. E ela sabe perfeitamente que os pombos não passam o dia a rondar e a sujar o bairro, eles apenas aparecem quando ela sai para a rua, com o pacote de sementes nas suas mãos velhinhas. E durante aqueles minutos em que as sementes duram e ela se vê rodeada dos seus pequenos companheiros de penas, o sorriso toma conta de si, e a solidão é atirada para um canto, e a vida até parece suportável. Durante aqueles minutos, sente-se amada e importante e, ousa mesmo dizê-lo para si, vagamente feliz. Feliz como há anos não o é. Desde que ele a deixou, partiu primeiro para o outro lado, deixando-a entregue a uma casa vazia e a um mundo que nunca mais teve o mesmo significado. Mas os pombos compreendem a sua mágoa e, ainda que não o percebam, são as suas melhores amizades, os seus companheiros de luta, contra todos aqueles que não percebem a verdadeira amizade, o verdadeiro amor. Contra aqueles que não suportam ver quem seja mais feliz que eles próprios, por muito ínfima que essa felicidade seja. É por isso que ela todos os dias vai à loja e compra as sementes. É por isso que ela, pequenina e curvada sobre si mesma, vai ao encontro dos seus companheiros todos os dias. E assim o irá sempre fazer, até que o seu mundo acabe, até que os seus dias corram o seu curso, até que o seu corpo decida que é tempo de ir ao reencontro do seu amor. Assim ela o reza, todos os dias, antes de sair à rua.



quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Há coisas que não se explicam...

... e, para mim, a amizade é uma delas. Consegue ser mais forte que o sangue familiar, consegue ser inesperadamente arrebatadora, consegue levar-nos ao céu. E entre risos, abraços, gritos, zangas, beijos, discussões pseudo-filosóficas, diferenças de opinião, diferenças de feitios e personalidades, bem lá no centro, nos nossos corações, os afectos são a causa de existirmos e de as nossas verdadeiras amizades estarem sempre do nosso lado, felizes connosco, tristes enquanto nos dão o seu ombro para chorarmos as lágrimas que temos vergonha de chorar juntos de outras pessoas. Não há adjectivos suficientes, não há palavreado romanceado que chegue a descrever de perto esse tão estranho e reconfortante sentimento. Digo-vos mais, e estou a parafrasear uma canção de um tempo que já parece uma outra vida, não vos trocava por nada desta vida.





quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Um buraco no coração



(ou como, às vezes, fazíamos melhor em estar quietos no nosso canto...)


quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Brutalmente bom.





"Then I saw it, I saw a mom who would die for her son, a man who would kill for his wife, a boy, angry & alone, laid out in front of him the bad path. I saw it & the path was a circle, round & round. So I changed it"



terça-feira, fevereiro 05, 2013

Vida de Adulto

    "Vivemos de histórias que nos contamos. Repetimo-las
muitas vezes e pouco importa quem as conta ou quem as
viveu. Algumas são inventadas. Rimos delas, por mais trá-
gicas que sejam. Não temos pena de nós, temos pena
do mundo, o que quer que isto queira dizer. Mas o que é
que importa? O que importa é que a nossa situação é in-
suportável.
    Sentados à volta de uma mesa de café move-nos uma
fúria em esgotar o tempo com palavras. Em silêncio ex-
tinguimo-nos. É a única certeza. Sofremos por saber
como cada um precisa de ajuda urgente e somos incapa-
zes de o ajudar no que é preciso. Pelo contrário, prejudi-
camo-nos. Somos má companhia uns para os outros,
como diriam os nossos pais com razão e já sem ela.
    Nem há ninguém que nos acuda se nem a nós própri-
os nos suportamos. Sim, incansavelmente escavamos tú-
neis dentro de nós para aí nos perdermos."

Pedro Paixão

 

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

"Do mal o menos"

Já muitos me tinham falado naquele livro. Que era excelente, que eu tinha de o ler, que assim que lesse a primeira página já não o conseguiria pousar sem chegar à última das frases lá escritas. Por isso a expectativa estava criada e colocada em patamar altíssimo. Aproveitei um fim-de-semana com mais um dia para me agarrar à anunciada leitura. Sentei-me no meu banco de jardim predilecto, protegido pelos céus azuis intermináveis e aquecido pelo sol primaveril fora de estação. Li a dedicatória, "Para a Paula, que me inspira todos os dias". Depois de tantos anos, consegui achar graça à coincidência e virei a página. Capítulo um. Ao fim de alguns parágrafos, compreendi o porquê de toda a gente que eu conhecia me dizer que ia gostar do livro. A forma, o estilo, a cadência das palavras, tudo escrito num ritmo avassalador, sem barreiras nem descontos de tempo, todas aquelas páginas iam ao encontro daquilo que me agradava num livro. O autor, quase um desconhecido para mim, escrevia bem e sabia contar uma história com alma, com paixão, com tudo aquilo que um livro deve ser. Continuei a ler, as páginas sucediam-se sem eu dar conta, deixei passar a hora da refeição, continuava sentado no banco de jardim, o livro era o meu repasto naquele momento. Capítulo dez. Estranho. Havia um sentimento de familiaridade que atravessava aqueles capítulos, aquela história, algo que me perturbava mas que me instigava a continuar a ler. Até que cheguei àquele capítulo, e aí tudo se tornou horrivelmente claro. Naquele capítulo todas as peças se encaixaram e tudo fez sentido na minha cabeça. É claro que a história lhe era familiar, pois se aquela era a minha história. A história de três anos da minha vida, três anos que eu tinha enterrado no mais fundo do meu cérebro, três anos que apenas me traziam amargos de boca e dores desnecessárias ao coração. Os nomes eram outros, os sítios tinham mudado de país, as paisagens eram geograficamente as mesmas. A casa estava reproduzida ao mílimetro, as horas estavam ali, irrevogavelmente presas nas folhas daquele livro. Tudo se tinha passado daquela forma, e agora já não havia muitas dúvidas sobre quem era a Paula da dedicatória. Restava, então, mais aquela humilhação, a última lâmina a encontrar o caminho para as minhas costas. Tanto tinha lutado para deixar aquele período da minha vida perdido nas teias do passado e agora ele entrava de novo, de rompante, na minha vida, imperdoavelmente deixando-me novamente de rastos. Tentei convencer-me que ela não podia ter feito aquilo, expôr a nossa história para todo o mundo a ler, a conhecer, a devorar enquanto best-seller. Mas era inútil, o mal estava feito, nada faria o tempo voltar atrás para que pudesse impedir a publicação da minha história. Minha e da Paula. Nada restava. Levantei-me do banco de jardim e apertei o casaco, afastando de mim o vento de final de tarde que varria o jardim. Peguei no livro e, discretamente, deixei-o cair na papeleira ao lado do banco. Ficaram ainda muitos capítulos por ler. Não precisava de o fazer, sabia exactamente como a história acabava. Sabia perfeitamente quais seriam as palavras que apareceriam antes do derradeiro ponto final. Já conhecia o fim. Já tinha vivido o fim. Não o queria, de forma alguma, ler mais uma vez. Basta. Ganhaste. Só quero chegar a casa o mais depressa possível. Antes que o sol se ponha.


domingo, fevereiro 03, 2013

A Noiva Judia

     "Não te esqueças que se uma parte é ilusão a outra é
verdade. Foi mesmo ela que te amou. Mas há coisas que
se não dizem. Como estas. E, claro está que não vale a
pena pensar nisso e não se pode evitar. As coisas inúteis
são preciosas para almas sem sossego como as nossas.
É quase belo agora. A noite que caiu guarda tudo nas
suas mãos fechadas e o brilho dos teus olhos é o de uma
estrela de que não me lembrarei. Dorme agora."

Pedro Paixão