segunda-feira, março 26, 2012

Fronteira

Hoje foi dia de encher o depósito do pólo em Espanha.

Eu sei, eu sei, sou uma besta anti-patriótica por não comprar cá dentro do rectângulo. Sim, eu sei, sou um sacana que apenas se interessa em poupar o vil metal, que não compreende que a diferença entre gasolina a 1,491 € do outro lado da fronteira e gasolina a 1,739 € no posto de abastecimento aqui ao pé de casa se deve aos mercados, e às taxas de juro, e ao preço do barril de petróleo, e não às supostas filhas-da-putice das empresas gasolineiras que operam cá na nossa terra. Sim, eu sei que provavelmente ainda estou a contribuir para um possível aumento do desemprego com o fecho de mais postos de gasolina, independentemente de achar que há cartéis e coisas afins neste mercado, e independentemente da bomba espanhola onde vou empregar espanhóis e portugueses, e quase que jurava que há por ali uma moça galega que adora dizer xxxxx isto e xxxx aquilo. Eu sei, eu sei, sou um cabrão incorrigível e que devia preocupar-me mais com a nossa economia, mas em meu favor digo que ainda não encho o pólo com três ou quatro jerricans de gasolina, nem encho o porta-bagagens com sete ou oito bilhas de gás. Sim, que o gás também é mais barato, vá se lá compreender. E realço a palavra ainda, de modo que podem ir preparando mais palavrões para me linchar em praça pública.

Mas, calma, tenham calma, meus caros vilipendiadores, que estas coisas não ficam sem o devido castigo. E esse, mais tarde ou mais cedo, acaba por cair em cima de quem o merece. Portanto, toma lá duas operações stop no espaço de quatro quilómetros, uma do nosso lado e outra do lado de lá. É verdade, hoje houve encontro imediato com a GNR e com a Guardia Civil, uma maravilha. Mas são tão parecidos que até podiam ser gémeos separados à nascença. Pediram-me impiedosamente os documentos, fulminando-me com os seus olhares suspeitos. Isto até me deixar rir com uns e com outros. Do lado de cá, ri-me com o senhor agente pois a foto da minha carta de condução ainda foi nos tempos da barba, de modo que tive de tirar os óculos escuros para o senhor perceber que em tempos tive mesmo aquele aspecto. Depois de quatro quilómetros, ri-me com o señor agente pois disse-lhe que nem há cinco minutos tinha sido mandado parar, ao que o senhor me respondeu com risos de "nuestros colegas portugueses tambien tengan que trabajar" ou algo do género, que eu não falo espanhol.

Portanto, este vosso pouco patriota amigo, que se dá ao desplante de conduzir vinte e poucos quilómetros para ir à bomba espanhola mais próxima, já teve o seu duro castigo e com toda a certeza que os agentes policiais, portugueses e espanhóis, estarão atentos às minhas movimentações gasolineiras. Há que andar na linha senão ainda lá sai uma carga policial sobre a minha pessoa. E eu que não sou jornalista, e sim um porco capitalista ao soldo do grande capital estrang..., quer dizer, pequeno capital nacional. Ou algo assim.


Para vosso conhecimento, já devo ter passado a fronteira tantas vezes que já nem recebo a mensagem de boas-vindas da vodafone espanhola. Uma vergonha. Não há como a nossa pátria.


2 comentários:

Ana M. disse...

Estás conivente com o sistema. Nunca me enganaste!!! :D

Nuno Guronsan disse...

Eu sei, sou um falso, um sacana!

Espera lá, que dia é hoje mesmo??

:DDDD