Um dia especial, com as emoções à flor da pele. Um dia bonito e cheio de pequenos instantes para recordar daqui a muitos anos. Certamente que não vamos esquecer, aqueles que lá estivémos, a chuva, a paisagem, a comida, o vinho que alegremente partilhámos, os risos, as lágrimas, as canções, os olhares de ternura, a alegria de vermos a nossa matriarca cumprir mais uma Primavera da sua vida. E, mais que tudo, o seu riso e uma ou outra lágrima que derramou. Risos pelos que estavam com ela, sentados à mesa e à distância de um telefonema. Lágrimas pelos que já não estão aqui, mas que vivem para sempre nas nossas almas e à distância de uma lágrima que corre pela cara inadvertidamente. O tempo que estivémos contigo, querida e amada avó, merecia ter sido muito mais, os beijos e conversas que partilhámos mereciam ficar gravados nos nossos corações, já que a tua consciência começa lentamente a fugir-te quando menos esperas. Mas, ainda assim, foi maravilhoso festejar as tuas noventa e quatro Primaveras e, correndo o risco de estar enganado, acho mesmo que provavelmente não mudarias nada nessa longa, complicada, inesquecível vida que continuas a viver com o sorriso e o olhar de uma rapariga de espírito jovem que, por acaso, já tem três gerações de descendência. Ontem e sempre foste e és a nossa alegria, minha querida e maravilhosa avó.